Educação, corpo e memória: Balé Teatro Guaíra, 52 anos
Jean Carlos Gonçalves
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-9, abr. 2023
contato entre conteúdo, material e forma
, o que se transmuta em experiência:
educação, corpo e memória começam a mobilizar um intrigante desejo de leitura.
É assim, unindo imagens, depoimentos, trajetórias, curiosidades e
perspectivas que Cristiane Wosniak apresenta ao leitor, por meio de um projeto
editorial coordenado por Simone Bönish e Jorge Schneider, uma história de luta,
desassossego e movimento; muito movimento. A autora, incontestável
especialista no tema, é doutora e mestre em Comunicação e Linguagens (UTP),
bacharela e licenciada em Dança (PUC-FTG). É docente adjunta da UNESPAR, onde
atua no Programa de Pós-Graduação em Cinema e Artes do Vídeo (PPG/CINEAV) e
é, também, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação
da UFPR - Linha de pesquisa: Linguagem, Corpo e Estética na Educação
(LiCorEs/PPGE).
A abertura da obra é feita em um bloco composto por três curtas seções:
Apresentação, Depoimentos e Introdução, nas quais o leitor é conduzido, como se
adentrasse o palco, à informações e curiosidades escritas por importantes nomes
ligados à cultura e à gestão pública do Estado do Paraná. Esta abertura funciona
como guia para o encorpado e imponente trabalho que se desenvolve na
sequência.
Em A dança teatral no Brasil: rastros históricos, a luz recai sobre um recorte
que vai desde a Belle Époque e a Semana de 22 até o surgimento da Escola de
Danças Clássicas do Teatro Guaíra, que viria a ser precursora do Corpo de Baile.
Entre os planos expressivos verbais, visuais e verbo-visuais
, destaca-se a
seriedade no tratamento dos dados históricos, testificados pela significativa
quantidade de notas explicativas, de referência e biográficas, característica que
compõe não somente este primeiro capítulo, mas toda a obra.
Aqui faço referência ao texto O problema do conteúdo, do material e da forma na criação literária, escrito
em 1924 por Mikhail Bakhtin (2014), que deixo como sugestão aos leitores interessados no tema.
Aqui faço referência aos estudos sobre as dimensões verbal, visual e verbo-visual como modos de
concepção, compreensão e análise de materialidades enunciativo-discursivas na perspectiva da Análise
Dialógica do Discurso. Aos leitores que queiram buscar maior aprofundamento nestas questões, sugiro a
leitura do artigo Olhar e Ler: verbo-visualidades em perspectiva dialógica, de Beth Brait (2013).