A vulnerabilidade como aspecto de atuação
Pedro Henrique Silva Lopes | Nitza Tenenblat
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-26, abr. 2023
Caminhos para Aplicabilidade da Vulnerabilidade na Atuação
Pensando na complexidade das variáveis elencadas acima e na definição de
Brown (2013), a Coletiva Teatro11 realiza, entre 2016 e 2022, uma série de
experimentos práticos e ações artísticas12 de atuação e tem como um de seus
objetivos responder às perguntas acima. Os experimentos incluem projetos de
iniciação científica13, ações de performance, espetáculos teatrais, ações de
palhaçaria e contação de histórias, bem como práticas docentes, que, somadas,
apontam para a seguinte proposta: olhar para as etapas do processo criativo e as
respectivas vulnerabilidades sentidas durante essas etapas como uma solução
para o desafio em questão.
Propomos cinco instâncias de estado de vulnerabilidade ao longo de um
processo artístico: V1, V2, V3, V4 e V5, cada uma atrelada a uma etapa do respectivo
processo (Lopes, 2022, p.12). Ainda que a dinâmica de atuação seja complexa,
cíclica e cheia de turbulências, a divisão linear temporal, no qual estamos inseridos,
permite aprofundamento com o acumular de experiências ao longo do tempo.
Nesse mesmo estudo propomos:
o V1 é a vulnerabilidade sentida durante a exploração do trabalho cênico
que inclui os momentos iniciais de um projeto quando os integrantes
estão, por exemplo, buscando referências, realizando explorações ou
investigando sobre a temática ; V2 é a vulnerabilidade sentida desde a
composição do trabalho cênico até a compilação final resultante da
exploração; V3 é a vulnerabilidade sentida durante a durante a pré-
A Coletiva Teatro é uma das linhas do Grupo de Pesquisa Criação em Coletivo para a Cena do Departamento
de Artes Cênicas da Universidade de Brasília. Informações sobre o grupo e sua práxis estão disponíveis no
site www.coletivateatro.unb.br ou no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq em
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7177380416036993.
Optamos, por razões já mencionadas no corpo do texto, bem como limitações de tamanho, em manter o
foco deste artigo na análise teórico-conceitual e metodológica da temática, mas os experimentos práticos
e as ações artísticas que ancoraram esta pesquisa entre 2016 e 2022 estão disponíveis no site da Coletiva
Teatro em www.coletivateatro.unb.br.
Os dois projetos de iniciação científica (PIBIC) que deram o pontapé inicial para este estudo foram: A
Vulnerabilidade como Ferramenta na Criação em Coletivo Diante da Plateia de Pedro Henrique Silva Lopes
e A Vulnerabilidade como Elemento Técnico do Ator na Criação em Coletivo de Alexandre da Silva Batista
(2017) ambos com financiamento do CNPq. No ano seguinte, Lopes (2018) aprofunda a temática com
segundo PIBIC intitulado A Vulnerabilidade como Dispositivo Técnico do Palhaço diante da Plateia, com
financiamento da FAPDF. Os dois PIBICs compõem seu trabalho de conclusão de curso denominado A
Vulnerabilidade Como Ferramenta Técnica na Coletiva Teatro e com o Palhaço Baú (2019). Em 2022, Lopes
defende sua dissertação de mestrado intitulada A Vulnerabilidade como aspecto de atuação na Coletiva
Teatro. Alguns conteúdos teórico-conceituais destes trabalhos se encontram neste artigo.