As Artes Cênicas, o contexto pandêmico, o caos, heterotopias e outros saberes
Mariane Magno Ribas
Florianópolis, v.1, n.46, p.1-32, abr. 2023
criativo via plataformas de webconferência, pois eram espaços hostis. No entanto,
como artistas da cena e em confinamento, insistimos e resistimos!
Apresento as perspectivas de duas participantes da diretriz atuação, descritas
em relatório e também comentadas com o grupo:
Os encontros práticos me apresentaram um projeto, uma pesquisa muito
mais ligada ao entendimento do corpo como um todo (com foco na
respiração, apoio e voz também, claro) e pode até ser muito falado sobre
como a percepção corporal ajuda no canto. Sabia disso na teoria, mas
sentir, ter o resultado palpável, muda tudo.
Nos primeiros encontros, eu tive mais dificuldades, ser guiada através da
tela, ser “filmada”, medo de fazer errado. Assim como dificuldades de
entender as instruções com o corpo: às vezes, tudo parece abstrato;
outras vezes, a mente entende, mas o corpo não responde. Mas quando
o próprio corpo passou a aceitar as instruções antes da mente, foi bem
mais fácil de absorver a própria teoria também (Dutra, 2021, s/p).
Prosseguimos com o desenvolvimento da prática semanal e, ao contrário do
que sentíamos nas primeiras semanas, a partir do segundo mês, o trabalho
começou a apresentar resultados técnicos muito evidentes:
Foi o período de adaptação, entre o grupo, entre a didática que estávamos
sendo apresentadas e ao meio – reuniões pelo Google Meet –
completamente atípico até então. A diferença do meu corpo no final dos
primeiros encontros era exorbitante, com o avanço e rotina, eu e meu
corpo nos apropriamos desses exercícios, das alavancas, dos vetores, dos
direcionamentos. Outro fator interessante de ser citado é a respiração,
no início ainda bastante racionalizada. A entrada de ar até o abdômen,
controlar a expiração, não eram tarefas fáceis. Sobretudo, compreender
a respiração como parte do movimento. Ao longo desse primeiro
momento, foram destacando-se algumas descobertas como: o encontro
do apoio no abdômen, uma voz potente após diversos exercícios de
aquecimento e treinamento, a interiorização dos vetores, a
tridimensionalidade do meu corpo no espaço físico (Lima, 2021, s/p).
O trabalho também avançou nas experimentações que puderam ser
utilizadas na criação de partituras corporais e vocais, matrizes, as quais, por sua
vez, foram utilizadas também como matéria-prima para outras criações, e, ainda,
como referência para estudos e possibilidade de avanços técnicos.
Luana de Oliveira Lima participou do projeto no modo remoto integralmente e no modo presencial a partir
de março de 2022. As citações em seu nome são partes do seu relatório reflexivo parcial e são autorizadas
pela autora. Material não publicado.