
Uma cena que (se)
desplaza
: experiências poéticas e políticas do Mapa Teatro
Paola Lopes Zamariola
Florianópolis, v.3, n.45, p.1-24, dez. 2022
artístico que potencie la dimensión simbólica de una circunstancia de la vida,
respetando su ritmo orgánico, su manera de relatarse y hacerse imaginario
colectivo" (Castañeda, 2014, p.125). É por meio dessa singular perspectiva poética e
política que os artistas realizam laboratórios de imaginário social, nos quais se
dedicam a
orientar y articular sensibilidades, artísticas y no artísticas, en la gestación
de una experiencia humana colectiva: un puente entre individuos y
pequeños colectivos y un grupo de artistas y profesionales de otras
disciplinas para la creación temporal de una comunidad experimental. [...]
Como un pequeño laboratorio del imaginario social: un laboratorio de
construcción y reconstrucción de imágenes y relatos (Abderhalden, 2007,
p. 79).
O termo “laboratório de imaginário social” é utilizado pelo Mapa Teatro devido
à inspiração produzida pela leitura de um dos escritos do dramaturgo alemão Heiner
Müller (1929-1995), no qual menciona o conceito desenvolvido pelo filósofo alemão
Wolfgang Heise (1925-1987), em que aborda o teatro como um laboratório de
fantasia social em potencial. A respeito dos debates ligados ao conceito de
laboratório de imaginário social, Heiner Müller declara que se a "política é a arte do
possível, a arte tem a ver com o impossível" (Müller apud Galisi, 1996, p.112). Nesse
mesmo sentido, Wolfgang Heise afirma que o impossível começa no momento em
que um "processo altamente complexo, inacabado, da vida histórica deve aparecer
em cena nas ações de um pequeno número de personagens como fragmento
isolado" (Heise apud Galisi, 1996, p. 112).
Como parte dos laboratórios de imaginários sociais já desenvolvidos, o Mapa
Teatro reconfigurou o horizonte do possível do contexto bogotano em diversas
iniciativas levadas à cabo, como é o caso do espetáculo
Horacio
(1993), criado ao
longo de aproximadamente um ano com um grupo de internos do
La Picota
, uma
das penitenciárias de segurança máxima de Bogotá. O projeto, desenvolvido em um
momento de intensas disputas relacionadas ao narcotráfico na Colômbia, se inspira
na obra de Heiner Müller para, coletivamente, criar "figuras temporales - fugitivas -
en el espacio que tensaba entre teatralidad y performatividad. Disparaban
sonidos/sentidos con sus voces, y producían, con sus gestos, imágenes de un acto
poético/político" (Abderhalden, 2018, p. 434).