Sonoridades em espaços cênicos alternativos – experiências de gestão do Espaço PÉ DiReitO
Pedro Martins; César Lignelli
Florianópolis, v.3, n.45, p.1-36, dez. 2022
Para os fins deste artigo, considerar-se-á que, de modo geral, e com variáveis
terminológicas, as sonoridades da cena envolvem palavra (falada ou cantada),
música de cena, sonoplastia e a organização dessas instâncias em um
tempo/espaço específico no âmbito de 360º (Lignelli, 2014).
No entanto, cabe salientar que, em espaços cênicos haver elementos como
trilha sonora, paisagem sonora, música, sonoplastia, ambientação sonora, efeitos
sonoros e tantos outros, por vezes entendidos como sinônimos, fazem menção a
sonoridades específicas da cena.
A fim de situar terminologicamente na leitura, consideraremos sonoplastia
como:
[…] todo o som de origem referencial (n
o caracterizado como palavra
nem como m
sica) que se encontre no uso habitual em um dado
contexto, produzido para e/ou na cena teatral, que al
m de sua fun
o
referencial, pode exercer fun
es dram
ticas e discursivas, onde se
incluem ainda sons n
o pr
-estabelecidos como algumas manifesta
es
da plateia (tosses, interjei
es, risadas), dos atores (queda de objetos de
cena, trocas de figurinos), fen
menos naturais (ventos, chuvas e trov
es)
e demais sons externos ao local (buzinas, passeatas, shows) que podem
afetar a cena (Lignelli, 2014, p.147).
E música de cena como:
[…] composições organizadas a partir de sons advindos de qualquer fonte
que afetem o sistema nervoso humano, incluindo palavra e sons
referenciais desde que estes se encontrem deslocados de seu uso
habitual em um dado contexto. É imprescindível que ocorra em tempo e
espaço específico e exerça na circunstância funções gerais de reforço
e/ou contraponto e suas variáveis discursivas na cena (Lignelli, 2014,
p.145).
Em 10 anos de existência do Espaço PÉ DiReitO, essa atenção ao diálogo entre
as sonoridades do espaço e da obra tenderam a ser provocadas por seu gestor e
não pelos contratantes, ocupantes, ou mesmo pelo público. Foi observado que
essa temática vem sendo basicamente suprimida do diálogo. É possível, que pela
expectativa criada ao alugar um teatro independente localizado na periferia, ou
mesmo por uma perspectiva dos artistas e do público em superar essas
intervenções sonoras, por se tratar de uma produção em um espaço cênico
alternativo.
Quando houve demandas especializadas acerca das sonoridades das obras,