Urgência da pesquisa em educação e linguagens: investigar o corpo sob o prisma da(s) arte(s)
Cristiane Wosniak
Florianópolis, v.2, n.44, p.1-14, set. 2022
conceito teórico, mas como uma existência verificável tanto na obra literária
quanto nas diferentes encenações adaptadas para diferentes contextos e tempos
de pré-pandemia e pandemia de Covid-19. Encerram-se as reflexões analíticas,
delineadas ao longo de 41 páginas, colocando-se em evidência o caráter do “duplo”
em relação à sustentação das categorias eleitas como chaves para o percurso da
ADD: a “presença” e a “ausência”. É o
duplo
que permeia, o tempo todo, as ideias
e sínteses dos elementos disparadores da análise: vida e morte, corpo presente e
corpo virtual, imagem e reflexo especular, palco/cena e palco/tela,
mise-en-
scène
/montagem e edição, corpo e câmera. Trata-se, sem dúvida, de um trabalho
exemplar e rigoroso que explora, em minúcias, uma trajetória singular de corpos
espelhados nas dobras da arte e da vida.
“Para uma filosofia do corpo em movimento” é o ensaio de autoria de Dick
McCaw. O autor é atualmente Professor Sênior do Departamento de Drama, Teatro
e Dança da Royal Holloway, Universidade de Londres. É pesquisador, na
modalidade colaborador estrangeiro do Grupo de Pesquisa Labelit – Laboratório
de estudos em educação, linguagens e teatralidades da UFPR. Em 1980, foi
cofundador, com Carl Heap, do reconhecido grupo de teatro The Medieval Players,
em Londres, e foi diretor artístico do
International Workshop Festival
, entre os
anos de 1993 até 2001.
McCaw tem como intento discutir a originalidade e as possibilidades dos
primórdios da filosofia de Bakhtin, fazendo-a dialogar com estudiosos e autores
de variados campos do pensamento, tais como psicologia, antropologia, filosofia e
sociologia, campos estes que, segundo o autor, notadamente ecoam o
pensamento bakhtiniano. O texto, que contém 25 páginas e se divide em duas
partes, cada uma delas com cinco seções argumentativas, apresenta
considerações clássicas do pensamento bakhtiniano no que se refere à relação
entre o corpo/eu (contemplador) e o corpo/outro (contemplado), o que observa e
o que é, por sua vez, observado. A parte I, Modos de perceber o espaço –
geométrico ou ecológico?, traz uma interrogação e uma intensa e complexa
discussão acerca do corpo, das palavras encarnado e encarnação, concluindo-se
que o corpo pode assumir uma expressão concreta advinda de meras ideias
abstratas. Para refletir sobre movimento, sentidos, (auto)percepção, corpo sujeito