Uma crônica do encontro: Entrevista com Barbara Heliodora em 2007
Entrevista concedida à Andrea Carvalho Stark
Florianópolis, v.2, n.44, p.1-20, set. 2022
porque tem que sair rápido para montar a do espetáculo seguinte. Figurinos
divinos de Kalma Murtinho, dirigido pelo Peralta, com atuações maravilhosas
de Herson Capri, Edwin Luisi, Jacqueline Lawrence, Lafayette Galvão... Uma
comédia inteligente, todo mundo dá o tempo para o público aproveitar a
piada, e não pode ficar mais em cartaz porque o teatro já alugou a pauta para
outro espetáculo! Ninguém consegue fazer carreira. Esse espetáculo vai sair
de cartaz para dar lugar a Deus sabe o quê! É uma vergonha essa correria,
tudo virou supermercado.
Ensino de teatro
Professora aposentada da UNIRIO, Barbara Heliodora acompanhou e trabalhou na
implantação do ensino universitário na área das Artes Cênicas em nível de
graduação e pós-graduação.
E confessa que se sente arrependida devido aos
rumos que tomou o ensino de teatro na universidade
.
Fui professora de história do teatro e de crítica. Dei aula de interpretação
também nos tempos do conservatório. Mas confesso que desde que eu saí
da UNIRIO, nunca mais voltei, porque tenho a pior impressão das pessoas que
estão ensinando interpretação lá. Me arrependi muito de ter lutado, eu acho
que deveria ter ficado em conservatório. Hoje em dia todo mundo tem que
ter titulação. Há gente ensinando sem nunca ter pisado num palco. O
Ministério da Educação se recusa a compreender que o ensino das artes tem
que ser diferente do ensino das ciências exatas. Nos Estados Unidos, que é o
paraíso do PhD, na área de Artes ninguém precisa ter mais do que mestrado!
Se você faz um mestrado em violino, o que você vai fazer de doutoramento
em violino? Se o interesse é áreas como Musicologia, História e Teoria do
Teatro, tudo bem. Quando eu comecei a reformar o conservatório, chamei o
Gianni Rato, Henrique Oscar, uma porção de gente de teatro para dar aula.
Maria Clara Machado já era de lá. Foi época de alunos como Marco Nanini e
Trata-se da montagem da peça
Um marido ideal
(An ideal husband), de Oscar Wilde, com tradução de Miguel
Falabella, direção de Victor Garcia Peralta, e com elenco formado por Herson Capri, Jacqueline Lawrence,
Lafayette Galvão, Edwin Luisi, Silvia Pfeiffer, Bianca Byngton e Larissa Bracher, que estreou no Teatro Leblon
(Rio de Janeiro) em 12 de janeiro de 2007. Cf.
Jornal do Brasil
(RJ), Caderno B, 4 jan. 2007, p. B3.