Improvisação como lugar de descoberta e reinvenção em tempos de pandemia
Marcílio de Souza Vieira
Florianópolis, v.2, n.44, p.1-12, set. 2022
Passado um tempo, 20 anos depois eu vi e reconheci que o que eu procurava, era
esta linguagem da Improvisação em dança. Só em 1996 me dei a autoridade para
me nomear de Improvisadora, e desde então segui desse jeito assim.
Vamos falar de Improvisação, pandemia e projetos voltados para a tela em tempos
de pandemia. Quais foram os desafios com a improvisação para a tela em tempos
de pandemia?
Nenhum. A improvisação é uma linguagem adaptável, sem receita. E você está se
reinventando com o que tem e acontecendo e nunca parando de aprender e
reaprender um pouco mais. Em arte nada está pronto.
Como era sua metodologia de trabalho com esses desafios da improvisação para
a tela, uma vez que a sua prática se dá/dava no aqui-agora, no corpo presente?
Não gosto muito desta palavra metodologia, acho-a estranha para trabalhar no
espaço da arte, um método. Meus
modus operandis
estão na pauta do desejo, do
humano, do vir a ser, da curiosidade. O improvisador seria bom não fixar em nada
que conte com a previsibilidade de alguma coisa e sim ir juntos com todos que ali
estão. Observar o apetite, a curiosidade, a disponibilidade e o desejo, aguçar a
potência que cada ser tem em si, o desejo de deixar descobrir. A autonomia de si,
como proa desse fazer infinito.
Você abriu um espaço de dança em Casa Branca-MG, onde promove ações para
a comunidade artística e interessados, com trabalhos focados na arte/dança
contemporânea, envolvendo profissionais da cena viva. Nesse espaço você
convida artistas de várias partes do mundo para ministrar
workshops
e também
os ministra. Soube que recentemente foi convidada a ministrar oficinas de
dança/improvisação para o projeto Decanto de Dança do SESC Paraty/RJ e que
houve uma ação dessas presencial. Com o advento da pandemia, esse projeto se
adaptou a modalidade remota. Fale sobre esse projeto e como se deu a passagem
do presencial para o remoto?
O Decanto, o qual você fez parte, é um Projeto pensado e elaborado por Maira
Jeannyse, pensado para a cidade de Paraty, com o intuito de criar um campo do
sensível, priorizando o campo da dança, em que o conhecimento está no mover.
Certamente era para acontecer na presença e fui convidada pelo Sesc Paraty