Corporeidade e teatro de animação na escola: esconder ou mostrar
Jailson Araújo Carvalho
Florianópolis, v.1, n.43, p.1-18, abr. 2022
corporificação.
Assim, no Ensino Fundamental, o estudante em sala de aula pode se enxergar
como uma parte de um todo, para que os elementos composicionais de cena
sejam apresentados e compartilhados para quem for assistir. Esse corpo é uma
parte cujos caminhos corpóreos estão atrelados à relação que se dá com o objeto
animado. Nesse sentido, é preciso ter em mente que
entender o corpo como um território possível de criação de topografias
internas e externas, de conexões, desconexões, caminhos, meridianos,
constelações, totalidades, vazios, cicatrizes, acumulações, ossos
quebrados, articulações, centros de força, traumas, fortalezas, dores,
etecetera, pode ser uma estratégia fértil no desenvolvimento de
processos de criação (Cunha, 2016, p.230-231).
Tal processo, conforme Cunha (2016), necessita percorrer por um corpo que
se coloca à disposição das artes da cena. Quando pensamos nesse estado de
alerta com o Teatro de Animação, é possível ter em mente que o ato de animar
um objeto ocorrerá no momento da partilha do sensível e do imaginário.
Também vale destacar que essa partilha acontece após um vasto processo
de experimentação com a animação e que, antes da animação propriamente dita,
faz-se necessário todo o treinamento corpóreo para que o
ator/estudante/animador se doe e que, por meio de seu corpo, ocorra a magia, e
a ideia de ânima – vida – seja percebida pela plateia.
A corporeidade na ação de animar um boneco, uma sombra ou um objeto
leva a pensar no que será partilhado. Nesse percurso, o corpo aprende sobre si,
sobre suas potencialidades, sobre seus pontos frágeis. Dessa forma, Perlbart
(2008, p.1) conclui que:
vamos aprendendo a selecionar o que convém com o nosso corpo, o que
não convém, o que com ele se compõe, o que tende a decompô-lo, o
que aumenta sua força de existir, o que a diminui, o que aumenta sua
potência de agir, o que a diminui, e, por conseguinte, o que resulta em
alegria, ou tristeza. Vamos aprendendo a selecionar nossos encontros, e
a compor, é uma grande arte.
No Ensino Fundamental, ao transpor a ideia corpórea para a sala de aula, é