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Atravessamentos sensíveis da obra
Corpo
e(n)cena: ensaios urgentes
Andrio Robert Lecheta
Para citar esta Resenha:
LECHETA, Andrio Robert. Atravessamentos sensíveis da
obra
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 1,
n. 43, abr. 2022.
DOI: http:/dx.doi.org/10.5965/1414573101432022e0801
A Urdimento esta licenciada com: Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY 4.0)
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Andrio Robert Lecheta
Florianópolis, v.1, n.43, p.1-10, abr. 2022
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Resenha da obra
GONÇALVES, Jean Carlos; AZEVEDO, Sonia Machado de; FERRACINI, Renato (Org.).
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
. São Paulo: Hucitec, 2020, 236p.
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Florianópolis, v.1, n.43, p.1-10, abr. 2022
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Atravessamentos sensíveis da obra
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
1
Andrio Robert Lecheta
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Resumo
Resenha do livro
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
, obra organizada por Jean Carlos
Gonçalves, Sônia Machado de Azevedo e Renato Ferracini. Esta coletânea integra a
Coleção LiCorEs: Linguagem, Corpo e Estética, apresentando 8 ensaios e um
posfácio que se debruçam, através de olhares múltiplos, sobre as urgências e as
relações do corpo e da cena na contemporaneidade.
Palavras-chaves
: Corpo. Cena. Diálogo.
Sensitive crossings of the work
Body and(n) scene: urgent rehearsals
Abstract
Review of the book
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
, work organized by Jean Carlos
Gonçalves, Sônia Machado de Azevedo and Renato Ferracini. This collection is part
of the LiCorEs: Language, Body and Aesthetics Collection, featuring 8 essays and an
afterword that focus, through multiple perspectives, on the urgencies and
relationships of the body and scene in contemporary times.
Keywords
: Body. Scene. Dialogue.
Sensibles cruces de la obra
Cuerpo y (n) escena: ensayos urgentes
Resumen
Reseña del libro
Corpo e(n) cena: ensaios urgentes
, obra organizada por Jean Carlos
Gonçalves, Sônia Machado de Azevedo y Renato Ferracini. Esta colección forma
parte de LiCorEs: Colección Lenguaje, Cuerpo y Estética, con 8 ensayos y un epílogo
que se centran, a través de múltiples perspectivas, en las urgencias y relaciones del
cuerpo y la escena en la época contemporánea.
Palabras clave
: Cuerpo. Escena. Diálogo.
1
Revisão ortográfica e gramatical da resenha foi realizada por Matheus Gonsalves das Neves - Letras -
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
2
Doutorando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Mestre em Educação pela UFPR. andrio.robert@yahoo.com.br
http://lattes.cnpq.br/9873353789561196 https://orcid.org/0000-0002-2697-5645
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Organizado por Jean Carlos Gonçalves, Sônia Machado de Azevedo e Renato
Ferracini, o livro
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
nos apresenta olhares plurais
acerca das relações entre corpo e cena. Com 8 ensaios e um posfácio, a obra
convida o leitor a mergulhar em um emaranhado de sentidos a partir de vozes que
se entrelaçam em tentativas de abarcar as urgências do tempo em que vivemos.
Estes textos são tentativas, assim como as que acontecem nos ensaios de
dança ou de peças teatrais: correm-se riscos poéticos. E neles, o risco é visto
como potência para a reflexão.
Os diversos olhares em diálogo partem de 11 autores que trazem para a obra
os seus arcabouços teóricos, processos de formação e inquietações. Corpos de
localizações diversas que pensam e pesquisam corpo, se construindo também
enquanto corpo a partir de suas próprias investigações. Um fazer de si mesmo em
plena contemplação de um outro diante de si.
No texto de introdução realizado pelos organizadores: “Corpo e(n) cena: o que
é, mesmo, urgente?”, se destaca o atravessamento cronotópico de produção da
obra: a pandemia de Covid-19. Faz-se necessário assinalar esse momento, pois,
como a obra se debruça sobre uma noção de urgência, em um contexto
pandêmico e de
lockdown
, os sentidos de urgência foram revirados. Isso fez com
que a própria obra, em processo de construção nesse contexto, tivesse que se
perguntar novamente: “O que é, mesmo, urgente?”.
Apesar de alguns textos terem sido produzidos no início da pandemia e
outros em um período anterior, o seu impacto é inevitável nos corpos que leem
tal obra e encontram, até mesmo nos textos produzidos antes, relações possíveis
com o momento pandêmico. Assim como outros sentidos serão produzidos pelos
corpos que lerão esse livro em um período em que a Covid-19 será apenas uma
lembrança distante. Se a discussão é sobre corpo, importa para as reflexões da
obra o corpo do leitor.
Assume-se que, apesar das discussões centrais não serem sobre os dilemas
da quarentena, o tom das reflexões carrega nuances de desesperança e
melancolia. Afinal, não possibilidade de corpos que pesquisam e escrevem
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sobre corpos anularem suas posições, sensações, percepções e emoções durante
uma escrita que solicita uma sensibilidade desafiadora.
Através de um convite para a um processo de afetar-se, o primeiro ensaio
“Pele, poro, ou rios de sangue desaguando em doces corações em meio à
ventania. Somos. O começo de tudo ou o viver como poesia”, assinado por Sônia
Machado de Azevedo, imerge o corpo do leitor em uma introdutória poética
autoficcional, apresentando a infância da autora como o tempo de um corpo em
que tudo, brincadeiras, mergulhos no rio e quedas do cipó, era dança. Sua escrita
científica-afetiva se atenta à urgência dos corpos em retornarem ao processo de
sentir a vida pulsante em suas veias, se emocionarem e se perceberem vivos.
Humanidade.
Este ensaio aponta as complexidades da convivência humana rasgada e
enrijecida pelas redes sociais e pela violência, mas se propõe a pensar um “corpo
mundo”, “corpo-muitos” ou “corpo imensidão”, rascunhando silhuetas de um lugar
em que todo corpo é possível de criar a si, fazer-se e, talvez, a partir das
experiências das artes da cena, se desembrutecer. A escrita nesse capítulo traz
Laban para a conversa e desenha uma cartografia sensível que constrói uma
travessia afetiva para se pensar a pluralidade dos corpos no mundo, na vida e na
arte.
A partir de uma abordagem histórica do contexto político brasileiro, Luciana
Mizutani e Renato Ferracini, no ensaio seguinte, “Arte de guerrilha”, pensam os
corpos coletivizados poeticamente enquanto armas revolucionárias. uma
intencional construção de relação entre o contexto político atual e o da ditadura
militar, escancarando as similaridades através de obras artísticas produzidas em
cada momento. Aponta-se que “a arte de guerrilha faz referência historicamente
a algumas obras de alguns artistas durante a ditadura militar brasileira, contudo,
são reconhecíveis estruturas análogas na contemporaneidade” (Mizutani; Ferracini,
2020, p.64). O ensaio conta com análises políticas e afetivas da obra
Girl with
ballon
, de Banksy, e dos espetáculos Esparro do Coletivo Dz6,
Chicos, Chicos
da
Escuela Metropolitana, de Arte Dramática Isidro Casanova, e Internas, da
Universidad del Salvador. Espetáculos apresentados no FITUB Festival
Internacional de Teatro Universitário de Blumenau em 2016. As reflexões aqui
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produzem combustível de esperança, alinhando as 4 análises a uma construção
de corpos, que, através de processos de resistência na arte, podem sonhar com
possibilidades de fuga e de existência através de formas ainda por serem
inventadas. Nesse ensaio se ouvem os ecos dos corpos desumanizados, que
através da cena e da arte experimentam um processo de (re)humanização.
Em “CORPOS em Atuação: experiências inventadas em uma trajetória de
existir”, Narciso Telles escancara que o seu ensaio está sendo produzido em
contexto de isolamento social. Ele traz uma noção de corpo-carne e um corpo em
atuação enquanto acontecimento, considerando que para escrever sobre essas
experiências corporais, principalmente acerca da atuação, se faz necessário
assumir que algo escapará. Uma perspectiva de efemeridade radical que habita o
lugar do indizível na tentativa de escrita sobre um corpo em ação. Telles também
ensaia sobre um corpo-documento, partindo de trabalhos que refletem sobre a
ditadura militar, para pensar a construção de corpos em atuação a partir “das
camadas de relatos documentais presentes em cena: da atuação, dos objetos e
do material textual, instaurando um acontecimento cênico no qual o tempo
histórico e o tempo presente encontram-se articulados” (Telles, 2020, p.99). Aqui
também se escancara a vulnerabilidade e o risco no processo criativo do ator.
Outros dois ensaios apresentam uma relação temática ainda mais próxima
entre si: “A aula de teatro em espaços de privação de liberdade – reflexões sobre
o corpo de docentes e aprendizes”, de Vicente Concilio, e “O corpo no cárcere:
experiências com o teatro e o budismo na floresta amazônica”, de Annie Martins
e Vanja Poty Sandes Gomes Menezes. Na obra, esses textos não estão em
sequência, mas essa aproximação se realiza aqui para reflexões acerca de suas
abordagens. Nas duas perspectivas se refletem os complexos e paradoxais
sentidos de uma experiência de liberdade em contextos institucionais de cárcere.
No primeiro ensaio, do Concílio, se vê uma experiência mais conflituosa com
e entre esses corpos disciplinados que experimentam processos de coerção,
manipulação e controle. Mas também uma atenção ao corpo docente que,
adentrando aos espaços prisionais para a realização das oficinas de teatro, sofre
os efeitos desse ambiente, produzindo estranhamentos e processos internos de
conflito no sujeito, além dos institucionais. No segundo ensaio, de Martins e
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Menezes, a localização geográfica dos corpos em experiência teatral conduz o
corpo do leitor para o interior de uma prisão dentro da Floresta Amazônica. O
recorte de gênero, sendo as mulheres, também produz ainda mais faíscas nas
reflexões devido aos processos de dominação que se atravessam a partir disso.
Nesse texto, os sentidos de liberdade e a percepção de cárcere se
aprofundam. Pois, assim como a experiência teatral, que nesse ambiente é
compreendida como um dispositivo humanizador em um espaço desumanizante,
o impacto de corpos amazônicos sendo impedidos de estabelecer relações
afetivas com a mata intensifica ainda mais as marcas institucionais de corpos em
situação de privação de liberdade.
Cristiane Wosniak ensaia nessa obra, em “Corpo, dança e memória sob a
perspectiva da linguagem audiovisual”, um corpo dançante no contexto do
documentário biográfico contemporâneo. Partindo de duas obras sobre Célia
Gouvêa:
Figuras da Dança
(2011) e
Buracos no Céu
(2012), sua abordagem constrói
reflexões sobre o corpo e(m) dança, pensando o “artista da dança/corpo real e
referente atravessado continuamente pela ficção cinematográfica” (Wosniak,
2020, p.140). A partir disso, delineiam-se tentativas de refletir esse corpo que
“encarna sua história ao dançá-la” (Wosniak, 2020, p.144), se desdobrando em
entendimentos sobre a noção de filme-performance, através de um discurso
documental em que o corpo habita as fronteiras entre a narrativa biográfica e a
ficção.
No ensaio seguinte, “Corpos aos pedaços: estética dos cacos corporais”,
Gabriele Fregoneis traz novamente para o corpo do leitor a experiência do indizível.
Ao se deparar com o trabalho de Romeo Castelucci como espectadora, o corpo
de Fregoneis é revirado do avesso. Isso repercute em sua escrita enquanto corpo
violentado pela visceralidade de um teatro imagético que traz à cena “um corpo
aberto, inacabado, metamorfoseado... um corpo com orifícios que defecam,
vomita, escarram, urinam, um corpo que se assemelha ao grotesco de Bakhtin”
(Fregoneis, 2020, p.158).
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Fregonois fala sobre o seu corpo a partir de outros corpos, assumindo os
desafios de encontrar formas de representificação do que foi vivenciado através
das peças que assistiu. Ela assume e ensaia uma escrita como um bisturi,
produtora de cortes e rasgos que atravessam o corpo do leitor no momento em
que ele entra em contato com os seus relatos e suas reflexões sobre os “corpos-
figuras” de Castelucci. uma experiência intensa e desconcertante entre o
corpo-espectador de Fregonois e os corpos-em-cena. E, a partir disso, emerge no
texto uma tentativa de transferir fragmentos dessa vivência para o corpo do leitor.
Uma complexidade no campo das artes da cena que, nesse ensaio, obtém
sucesso.
Como último ensaio dos 8 propostos, Angelene Lazzareti oferece uma escrita
sobre “Entre-corpos em acontecimento”. Neste capítulo, o corpo é concebido
através da noção de entre. A partir da perspectiva teórica de Jean-Luc Nancy,
Lazzareti compreende o corpo como aquilo que se pode ver (órgãos, músculos,
ossos e etc.), aquilo que não se pode ver (pensamentos, sentimentos e sensações)
e também o que está no seu campo perceptivo próximo. Portanto, “o corpo pode
ser pensado, assim, como um pedaço do espaço do mundo, que compreende as
suas camadas visíveis, invisíveis e as camadas referentes ao seu entorno”
(Lazaretti, 2020, p.195).
Há, no embasamento dessa reflexão, uma noção de que não é possível falar
de um corpo isolado, mas de corpos em relação uns com os outros. Refletindo
que a existência de um corpo se dá no espaço que há entre mim (um corpo) e o
outro (outro corpo). O entre. Essa reflexão arremata as discussões que foram
construídas afetivamente a partir de olhares sobre a potência dos corpos, as
possibilidades de resistência e fuga, as várias cenas possíveis e a urgência de
compreendermos radicalmente a nossa necessidade do outro para existirmos e
resistirmos enquanto humanos.
O posfácio “O corpo que pesquisa corpo [Além do Rio Azul]”, de Jean Carlos
Gonçalves, um dos organizadores da obra, mostra a latência e o desejo pela
presença do outro em nosso corpo e em nossa escrita. Ao mesmo tempo em que
uma recusa por outras vozes teóricas no texto, se propondo a construir uma
narrativa sem citar autores, vê-se a presença de outros corpos a partir do seu
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corpo que necessita deste outro. Um corpo que narra cenas enquanto encena a
vida e constrói a si mesmo no ato de existir.
Recorre-se neste posfácio ao corpo-família dos filhos e da companheira, ao
corpo-afeto de Sônia, a primeira leitora do texto, ao corpo-teórico de Marília
Amorim e Bakhtin, ao corpo-jornal de Maju Coutinho com as notícias da vacina, ao
corpo-artista de Tony Ramos em
live,
ao corpo-livro através da obra Há poder em
suas palavras, de Do Gosset, e ao corpo-música da canção
Além do Rio Azul
, que
servia de trilha sonora para o autor embalar o soninho do seu filho em um contexto
pandêmico.
Cenas cotidianas no palco da vida, atravessadas pela linha tênue entre
realidade e ficção na qual os nossos corpos foram enfiados durante meses. Cenas
nas janelinhas virtuais, nas câmeras ligadas, desligadas,
online
e
offline
.
Corpo. Corpo. Corpo. Em pleno isolamento, havia o tempo todo em cena, e
sempre haverá a presença, a necessidade e a urgência do corpo. Do meu e do
outro.
Referências
FREGONEIS, Gabriela. Corpos aos pedaços: estética dos cacos corporais. In:
GONÇALVES, Jean Carlos; AZEVEDO, Sônia Machado de; FERRACINI, Renato (org.).
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
. São Paulo: Hucitec Editora. 2020, p.155-170.
LAZARRETI, Angelene. Entre-corpos em acontecimento. In: GONÇALVES, Jean
Carlos; AZEVEDO, Sônia Machado de; FERRACINI, Renato (org.).
Corpo e(n)cena:
ensaios urgentes
. São Paulo: Hucitec Editora. 2020, p.193-214.
MIZUTANI, Luciana; FERRRACINI Renato. Arte de guerrilha. In: GONÇALVES, Jean
Carlos; AZEVEDO, Sônia Machado de; FERRACINI, Renato (org.).
Corpo e(n)cena:
ensaios urgentes
. São Paulo: Hucitec Editora. 2020, p.55-84.
TELLES, Narciso. CORPOS em Atuação: experiências inventadas em uma trajetória
de existir. In: GONÇALVES, Jean Carlos; AZEVEDO, Sônia Machado de; FERRACINI,
Renato (org.). Corpo e(n)cena: ensaios urgentes. São Paulo: Hucitec Editora. 2020,
p.85-111.
WOSNIAK, Cristiane. Corpo, dança e memória sob a perspectiva da linguagem
Atravessamentos sensíveis da obra Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
Andrio Robert Lecheta
Florianópolis, v.1, n.43, p.1-10, abr. 2022
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audiovisual. In: GONÇALVES, Jean Carlos; AZEVEDO, Sônia Machado de; FERRACINI,
Renato (org.).
Corpo e(n)cena: ensaios urgentes
. São Paulo: Hucitec Editora. 2020,
p.137-154.
Recebido em: 05/01/2022
Aprovado em: 30/01/2022
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