Conversas de
Warung- Kopi luwak
com Ni Luh Putu Sutarini
Entrevista concedida a Igor de Almeida Amanajás
Florianópolis, v.1, n.43, p.1-18, abr. 2022
dança
legong
do estilo de Peliatan, que vem dela há 60 anos atrás. Ela ensinava
em Peliatan. Meu sangue é artístico, vem da minha avó, mãe do meu pai, que era
uma ótima dançarina. Em algumas performances ela se apresentava junto com
Sang Ayu Muklen, elas eram amigas.
Você sempre quis ser uma dançarina ou foi algo que partiu dos seus pais?
Quando eu era criança, uns 3 anos de idade, eu ia com meu pai aos ensaios no
banjar
, meu pai conta que quando o
gamelan
começava a tocar eu corria para o
palco. Então meus pais pensaram “minha filha vai ser uma dançarina”. Eu ia nos
ensaios e ficava me divertindo. Aos 6 anos a comunidade do
banjar
fez uma
seleção das meninas para saber quem gostaria de começar a aprender a dança.
Não fui empurrada pelos meus pais, foi algo que eu quis. Eles [
banjar
] convidaram
Ayu Muklen para dar aulas particulares para 3 meninas – eu, Wayang Suastini e
Wayang Cantri.
Vocês tinham aula com ela todos os dias?
Quase todos os dias por 2 horas quando voltávamos da escola. Escola naquela
época era diferente de hoje. Agora o estudante está sempre muito ocupado,
trabalhos extras disso e daquilo, mas antes só estudávamos na escola, não
tínhamos extra de nada, o nosso extra eram as aulas de dança com Ayu Muklen.
Por quanto tempo você foi aluna de Muklen?
Até começarmos a apresentar, talvez dois anos. Dois anos estudando muito.
Legong
talvez seja uma das mais conhecidas danças femininas balinesas. Criada como uma dança de corte
para os antigos reis de Bali, hoje em dia é apresentada em templos e demais celebrações como oferenda
aos deuses hindus balineses e antepassados. Existem algumas variações da dança que se distinguem
basicamente pela região (Denpasar, Gianyar, Tabanan) ou de acordo com o mestre.
Banjar
é a menor unidade coletiva da sociedade balinesa onde as famílias daquele “bairro” se reúnem através
de um representante (geralmente o homem mais velho da família) para discutirem assuntos do interesse
geral como aniversários dos templos do vilarejo, arrecadação de dinheiro para as festividades, casamentos,
cremações, calendário de celebrações e organização dos afazeres individuais e coletivos dos cidadãos
daquela localidade.
Gamelan
é a palavra usada para designar apenas um instrumento metalofônico balinês usado em todas as
artes performativas como também o coletivo da orquestra de metalofones, flautas e tambores.