O Pensamento Olavista sobre a Nova Ordem Internacional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180315392023e0201

Palavras-chave:

Extrema Direita, Tradicionalismo, Nova Ordem Mundial, Geopolítica

Resumo

Olavo de Carvalho foi um dos principais representantes da extrema-direita no Brasil, possuindo diversos seguidores e tendo influenciado membros do governo de Jair Bolsonaro (1919-1922), Utilizando como meios de divulgação de suas ideias as redes sociais, a mídia tradicional e os cursos de Filosofia ministrados por ele. O ideólogo construiu uma narrativa de base conspiracionista acerca da Nova Ordem Mundial, apontando para três grupos chamados de “globalistas” – a Rússia e a China; as elites financeiras do Ocidente; e o grupo A Fraternidade Islâmica -, que atuariam de forma conjunta, embora com projetos de dominação diferentes, contra a civilização judaico-cristã e a “verdadeira nação americana”, a grande representante dos valores ocidentais. O artigo objetiva analisar de forma crítica a narrativa olavista, realizando também uma discussão conceitual sobre os termos Extrema Direita e Tradicionalismo, de forma a contribuir para a compreensão da natureza do pensamento de Carvalho. Levando-se em conta que o autor residia nos EUA, o trabalho defende também que o seu discurso expressa uma visão de mundo pequeno-burguesa e representativa das insatisfações de uma camada média branca e cristã da sociedade norte-americana, que vem perdendo oportunidades de inserção econômica em decorrência de problemas existentes na economia americana, no contexto da concorrência interimperialista com o bloco russo-chinês. Assim sendo, é imprescindível apontar a correlação da narrativa olavista sobre a Nova Ordem Mundial com as disputas no campo da geopolítica atual, que colocam EUA em oposição à Rússia e à China na configuração da ordem internacional.

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Publicado

2023-08-31

Como Citar

CRUZ, Natalia dos Reis. O Pensamento Olavista sobre a Nova Ordem Internacional. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 15, n. 39, p. e0201, 2023. DOI: 10.5965/2175180315392023e0201. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180315392023e0201. Acesso em: 9 maio. 2024.