“Memórias invisíveis”: a produção de um documentário sobre o Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180313332021e0114

Resumo

Este artigo traz alguns sentidos produzidos na experiência de pesquisa e de produção de um documentário a respeito das memórias do território onde se fundou o Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider (1923-1942), primeira instituição psiquiátrica de Joinville/SC. A edificação do Abrigo de Alienados foi realizada, na segunda década do século XX, aos fundos do território de um cemitério e distante do contato com o centro urbano. Após seu fechamento, sua estrutura física foi utilizada como Presídio Político (1942-1945) e, mais tarde, como moradia de famílias de policiais militares (1950-1970), até ser demolida, por volta de 1970, para fins de ampliação do cemitério. Neste artigo, narra-se a elaboração do roteiro e o processo de gravação do documentário “Memórias Invisíveis”, constituído por entrevistas com testemunhas da existência do casarão e intervenções estético-artísticas (performances e projeções de imagens) operadas no território atual onde existiu a edificação, a saber, o cemitério municipal. O artigo traz como resultados reflexões sobre a relação ética para com os vestígios das vidas que tiveram passagem na instituição psiquiátrica e aponta também para a importância política de estratégias de tensionamento de memórias invisibilizadas ligadas à história da loucura.

Palavras-chave: História da loucura; loucura; memória; Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariana Zabot Pasqualotto, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Andrea V. Zanella, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutora em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Referências

ABREU, Regina. Colecionando museus como ruínas: percursos e experiências de memória no contexto de ações patrimoniais. Ilha Revista de Antropologia, Florianópolis, v. 14, n. 1, p. 17-35, jan./jun. 2012.

ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. São Paulo: Unicamp, 2011.

BACHTOLD, Nelsina. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 24 set. 2019.

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. 5. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 8. ed. rev. São Paulo: Brasiliense, 2012. 271p. (Obras escolhidas, v. 1).

BORGES, Viviane T. Um “depósito de gente”: as marcas do sofrimento e as transformações no antigo Hospital Colônia Sant’Ana e na assistência psiquiátrica em Santa Catarina, 1970-1996. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, p.1531-1549, n. 4, out./dez. 2013.

BUTLER, Judith. Vida precária. Contemporânea - Revista de Sociologia da UFSCar, São Carlos: Departamento e Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, n. 1, p. 13-33, 2011. Disponível em: http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/18. Acesso em: 23 out. 2020.

CHOCANTE E CONSTRANGEDOR! Jornal “O Estado”, Florianópolis, p.6, 25 jul. 1936. Disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/. Acesso em: 19 mar. 2019.

COSTA, Luiz. A.; FONSECA, Tania M. G. A construção da civilidade: urbanismo, arquitetura e loucura na Porto Alegre de fins do século XIX e início do XX. Arquitextos (São Paulo. Online), São Paulo, v. 101, p. 7, 2008. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.101/105. Acesso em: 5 mar. 2019.

CUNHA, Dilney. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 30 ago. 2019.

D1. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 14 set. 2020.

D2. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 14 set. 2020.

DERRIDA, Jaques. Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Tradução Claudia de Moraes Rego, Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: UFMG, 2011.

DOCUMENTAR. In: DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa. Lisboa: Priberam Informática, 2021. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/chave. Acesso em: 8 fev. 2021.

FERREIRA, Silvestre. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 20 ago. 2019.

FONSECA, Tania Mara Galli et al. Microfascismos em nós: práticas de exceção no contemporâneo. Psicol. clin., Rio de Janeiro , v. 20, n. 2, p. 31-45, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652008000200003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 06 nov. 2020.

FONSECA, Tania M. G. Túmulo e palavra: o “After life” para prolongar um último toque com a ponta dos dedos. In: FONSECA, Tania M. G. (org.). Imagens do fora: um arquivo da loucura. Porto Alegre: Sulina, 2018. p. 257.

FONTOURA, Arselle. Aqui "Jaz" um Hospital. In: GUEDES, Sandra P. L de Camargo. Histórias de (i)migrantes: o cotidiano de uma cidade. Joinville: Editora Univille, 2005. p. 77-103.

FOUCAULT, Michael. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 2007.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

IDENIR. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 20 ago. 2019.

JOINVILLE. Relatório da Superintendência Municipal de 1922, redigido pelo superintendente Marinho de Souza Lobo. Joinville: [s.n.], 1922.

MARILU. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 20 ago. 2019.

MARISA. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 20 ago. 2019.

MUENSTER, Lucas. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 5 set. 2019.

PASQUALOTTO, Mariana Zabot; ZANELLA, Andréa Vieira; FONSECA, Tânia Galli. Se tudo ficasse quieto conseguiríamos escutar o rio?: uma intervenção urbana sobre memórias da cidade. Urdimento, Florianópolis, v. 2, n. 38, ago./set. 2020. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/16675. Acesso em: 22 nov. 2020.

PASQUALOTTO, Mariana Zabot. Cidade, memória e infâmia: vestígios da clausura em Joinville/SC. 2016. 127 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2016. Disponível em: http://www.bu.ufsc.br/teses/PPSI0683-D.pdf. Acesso em: 22 nov. 2020.

RONI. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 20 ago. 2019.

SELMA. Entrevista cedida à Mariana Zabot Pasqualotto, Joinville (SC), 20 ago. 2019.

WADI, Yonissa M. Palácio para guardar doidos: uma história das lutas pela construção do hospital de alienados e da psiquiatria no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2002.

ZANELLA, Andrea V. Sobre Arquivos, Testemunhos e Restos.... In: FONSECA, Tania M. Galli; FILHO, Carlos Antonio; RESENDE, Mario Ferreira (orgs.). Testemunhos da infâmia: rumores do arquivo. Porto Alegre: Sulina, 2014. p. 119-130.

ZANELLA, Andrea. Entre Galerias e Museus: diálogos metodológicos no encontro da Arte com a Ciência e a Vida. São Carlos: Pedro & João Editores, 2017. 268p.

Downloads

Publicado

2021-08-02

Como Citar

PASQUALOTTO, Mariana Zabot; ZANELLA, Andrea V. “Memórias invisíveis”: a produção de um documentário sobre o Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 13, n. 33, p. e0114, 2021. DOI: 10.5965/2175180313332021e0114. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180313332021e0114. Acesso em: 5 nov. 2024.

Edição

Seção

Seção Temática: Loucura e Tempo Presente