Reinhart Koselleck e a análise das metáforas: sobre as possibilidades para além do conceitual

Autores

  • André da Silva Ramos Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180311262019431

Resumo

Este artigo explora – em diálogo com estudos recentes no âmbito da teoria da história e história intelectual, especialmente seguindo as perspectivas de Hans Ulrich Gumbrecht e Elías Palti –, os limites da história dos conceitos (Begriffsgeschichte) e a possibilidade da sua dinamização frente à abertura para a análise das metáforas. Pretendo compreender a especificidade da importância conferida por Reinhart Koselleck à análise das “metáforas espaciais” em seu projeto intelectual, diferenciando as perspectivas do autor das de Hans Blumenberg. Evidencio como Koselleck articulou a importância das metáforas em face à centralidade conferida à sua teoria da modernização. Por fim, a intenção será matizar a relevância das contribuições de Koselleck para os estudos historiográficos perante a necessidade da abertura para desafios que não se limitem ao conceitual, como colocado em destaque pela bibliografia especializada contemporânea.

Palavras-chave: História dos Conceitos. Teoria da Modernização. Teoria da Não Conceitualidade. Linguagem. Metáforas. 

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Biografia do Autor

André da Silva Ramos, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Doutorando em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Pesquisador integrante do Núcleo de História da Historiografia e Modernidade (NEHM) e membro da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH). Pesquisou no mestrado a modernização da experiência processada na cultura histórica britânica e luso-brasileira, tendo como eixo interlocutor os escritos do historiador britânico Robert Southey, sob a orientação do Professor Valdei Lopes de Araujo. Atualmente, pesquisa no doutorado as tensões entre experiência da história e linguagem a partir da obra de Machado de Assis, novamente sob a orientação do Professor Valdei Lopes de Araujo. Realizou estágio de pesquisa em Lisboa, durante os meses de outubro e novembro de 2012, contando com o auxílio financeiro da Cátedra Jaime Cortesão/USP - Instituto Camões e supervisão do Professor Sérgio Campos Matos da Universidade de Lisboa. Realizou o doutorado sanduíche em Stanford University, sob a orientação do Professor Hans Ulrich Gumbrecht, contando com o financiamento da Fulbright/Capes. Também foi pesquisador visitante no Center for Humanities da Wesleyan University, sendo orientado pelo Professor Ethan Kleinberg. Lecionou na condição de Professor Substituto cursos nas áreas de História da Historiografia Brasileira, Teoria da História e História da Historiografia no Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), durante o ano letivo de 2013. Posteriormente, no ano letivo de 2014, lecionou na mesma instituiçao, na condição de doutorando vinculado ao PPGHIS-UFOP, ofertando disciplinas facultativas nas áreas de Teoria da História e História da Historiografia. Também possui experiência com ensino à distância, tendo atuado entre os anos de 2014 e 2015 como tutor do curso de Pós-Graduação Especialização em Práticas Pedagógicas, ofertado pelo CEAD-UFOP.

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Publicado

2019-04-15

Como Citar

RAMOS, André da Silva. Reinhart Koselleck e a análise das metáforas: sobre as possibilidades para além do conceitual. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 11, n. 26, p. 431–455, 2019. DOI: 10.5965/2175180311262019431. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180311262019431. Acesso em: 22 dez. 2024.