A poética do espaço: a escrita e a produção da paisagem dos verdes carnaubais assuenses (1950 - 1970)

Autores

  • Roberg Januário Santos Universidade Federal de Campina Grande image/svg+xml
  • Lucilvana Ferreira Barros Universidade Federal de Campina Grande image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180305092013102

Palavras-chave:

escrita, espaço, Assú

Resumo

Discute-se neste artigo a produção da paisagem dos verdes carnaubais assuenses mediante a escrita de escritores e poetas locais. Problematizam-se aqui os jogos de interesse e as possibilidades identitárias contidas na elaboração dessa paisagem da cidade do Assú, localizada no sertão do Rio Grande do Norte. Trata-se, portanto, de um estudo que pretende contribuir para o conhecimento das relações entre escrita, espaço e paisagem no âmbito do saber histórico. Parte-se do referencial teórico da análise do discurso de Foucault, que projeta a linguagem como pragmática, promotora de ações, responsável, inclusive, pela construção de objetos de saber e poder, aplicada aqui a paisagens. O método seguido é o arqueológico também de Foucault, pela oportunidade que oferece de tratar as escritas neste trabalho analisadas como enunciados e, por conseguinte, como acontecimentos discursivos. A conclusão preliminar é que os carnaubais serviram a escritores e poetas como ponto de apego para inventarem uma identidade assuense, uma identidade fabricada para (de)marcar um espaço, o “Assú dos verdes carnaubais”, uma construção interessada, pois os feitores desse espaço/paisagem objetivaram fornecer funcionalidade simbólica aos carnaubais, já que a matriz econômica deles advinda parecia se esvair. Além do mais, seu alçamento à condição de símbolo local traduz a iniciativa de apropriação de um “bem vegetal” em proveito de uma cidade.

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Biografia do Autor

Roberg Januário Santos, Universidade Federal de Campina Grande

Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Pela mesma IES, atuou em atividades de monitoria, pesquisa, extensão e ensino em nível de graduação, atuando na condição de professor substituto. Foi professor da rede básica de ensino ( Educandário Nossa Senhora da Vitórias - Ensino Fundamental e Médio). Pela UFCG exerceu a função de bolsista - Reuni, desenvolvendo atividades docentes na disciplina História Medieval Ocidental.

Lucilvana Ferreira Barros, Universidade Federal de Campina Grande

Mestre em História pelo programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Campina Grande(UFCG), Graduada em História pela Universidade Estadual da Paraíba, Campus III (UEPB), foi bolsista de Iniciação Cientifica, PIBIC/UEPB- 2009-2010, e bolsista de Monitoria da disciplina Introdução ao Estudo da História- 2008-2009. Atualmente participa do grupo de Estudos Culturais - UFCG. Tem experiência na área de Ensino de História, nos níveis fundamental, médio e superior, atuando como Docente assistida na disciplina História do Brasil III (REUNI/UFCG) .

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Publicado

2013-05-29

Como Citar

SANTOS, Roberg Januário; BARROS, Lucilvana Ferreira. A poética do espaço: a escrita e a produção da paisagem dos verdes carnaubais assuenses (1950 - 1970). Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 102–133, 2013. DOI: 10.5965/2175180305092013102. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180305092013102. Acesso em: 28 mar. 2024.