Das escritas escolares às escritas de si: análise de cadernos diários de alunas da Educação de Jovens e Adultos - Florianópolis - 2008
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180305092013086Palavras-chave:
Educação de Jovens e Adultos, EJA, história da cultura escrita, história da educação, cultura escolar, cotidianoResumo
O principal objetivo deste artigo é analisar dois cadernos de escrita diária de estudantes de um núcleo de Educação de Jovens e Adultos do município de Florianópolis no ano de 2008. Neste município, a EJA propõe uma metodologia de ensino baseada em projetos de pesquisa que partem do interesse e da realidade dos estudantes. Os cadernos aqui analisados são instrumentos de avaliação do curso, suportes de relatos elaborados diariamente por estudantes e respondidos por professores, que estabelecem, assim, diálogos através da escrita. Podemos, através deles, refletir sobre como esses instrumentos avaliativos deixam de ser suporte de uma escrita estritamente escolar e passam a ser suportes de uma escrita pessoal, constituinte de identidades e subjetividades, fontes privilegiadas para compreender dois dos principais campos historiográficos relacionados: a História da Cultura Escrita e a História da Educação. No âmbito da História da Cultura Escrita, grande importância se tem dado às escritas cotidianas ou “ordinárias”, que começaram a ser estudadas somente a partir da última década e são fontes privilegiadas para o conhecimento do cotidiano e dos fazeres de pessoas comuns. Numa posição complementar, pode-se pensar a História da Educação também a partir dessas fontes. Neste âmbito, os cadernos expressam a vida cotidiana em salas de aula, as práticas educativas que não constam em documentos oficiais ou livros e manuais didáticos, mas que demonstram como os processos educativos são apreendidos pela ótica do estudante, dando pistas para compreender determinada cultura escolar.Downloads
Referências
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