Acordes D`Além-Mar - Memórias das Bandas Filarmônicas Portuguesas nas Américas no Século XX
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180309222017008Resumo
As bandas filarmônicas são das manifestações culturais mais significativas na vida social portuguesa, sobretudo, nas regiões centro e norte do país (Granjo, 2005). Observa-se que, no contexto do associativismo migrante, o elo de memória com a tradição e os costumes portugueses é estabelecido nas celebrações e instituições criadas pelos migrantes que constituem lugares de memória (Nora, 1993) nos quais as representações simbólicas e ritualizações portuguesas são materializadas, dentre elas, as bandas filarmônicas, objeto deste estudo de doutoramento com foco na cidade do Rio de Janeiro. Investigamos a atividade filarmônica de migrantes portugueses inicialmente naquela cidade e, em numa perspectiva sincrônica, o fizemos em escala planetária nos séculos XX e XXI. Desenvolvemos extensa revisão de literatura sobre migração portuguesa, pesquisa em periódicos locais e na Internet e contatamos músicos e dirigentes associativos no Rio de Janeiro, Estados Unidos, Canadá e Venezuela. Neste artigo, discutimos a distribuição das bandas filarmônicas portuguesas em atividade na diáspora da migração portuguesa nas Américas articulando-a aos fluxos migratórios que lhes deram origem. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, existem atualmente duas bandas filarmônicas portuguesasem atividade – a Banda Portugal e a Banda Irmãos Pepino, fundadas, respectivamente, em 1921 e 1958. Todavia, a pesquisa realizada nos periódicos locais revelou que diversos grupos congêneres foram criados e encerraram suas atividades nesta cidade como a Banda do Centro Musical da Colônia Portuguesa (1920-1930), a Banda Lusitana (1923-1998) e a Banda União Portuguesa (1924-1929).
Palavras-chave: Bandas Filarmônicas. Portugal. Migração. Américas. Memória.
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