Influência de Fatores Cognitivos no Julgamento de
Utilidade e na Aceitação do Sistema de Informação de
Custos
Filipy Furtado Sell
Doutor em Contabilidade
Universidade Federal do Pará, UFPA, Brasil
filipysell@ufpa.br
http://lattes.cnpq.br/7867452877557402
https://orcid.org/0000-0003-4335-4055
Vinícius Costa da Silva Zonatto
Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil
viniciuszonatto@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/1916486402947867
https://orcid.org/0000-0003-0823-6774
Disponibilidade: https://doi.org/10.5965/2764747112232023069
Data de Submissão: 06 de abril de 2023
Data de Aprovação: 30 de junho de 2023
Edição: v. 12, n. 23, p. 069-095, dez. 2023
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Influência de Fatores Cognitivos no Julgamento de Utilidade e na Aceitação do Sistema
de Informação de Custos (SIC)
Resumo
Objetivo: Diante do contexto de adequações no setor público à administração pública
gerencial, esta pesquisa visa investigar a influência de fatores cognitivos perante o julgamento
de utilidade e a aceitação do sistema de informação de custos (SIC) aplicado ao setor público.
Método: Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, realizada a partir de survey single entity,
com abordagem quantitativa dos dados. A entidade escolhida para análise foi a Secretaria da
Fazenda do estado do Rio Grande do Sul em virtude do avançar do estado na implantação do
SIC. Para análise dos dados coletados, utilizou-se a path analysis. Percebeu-se no caso
analisado que os fatores cognitivos influenciam o julgamento de utilidade e a aceitação do novo
SIC. Resultado: Existe consonância cognitiva da maioria dos indivíduos com o SIC, mitigando
a resistência à implantação do novo sistema. Contribuições: Adiciona-se à literatura aplicada
as perspectivas cognitivas na implantação de sistemas de controles gerenciais no setor público,
principalmente no SIC, e a variável aceitação dos servidores diante de novos sistemas de
controles gerenciais. Além do avanço na literatura, esta pesquisa pode contribuir com gestores
e servidores públicos para compreensão de que a consonância entre os fatores cognitivos pode
mitigar processos de resistência à mudança e atuar na organização como auxiliador na
implantação de novos sistemas de controle gerencial.
Palavras-chave: Fatores cognitivos. Julgamento de utilidade. Aceitação. Sistema de
informação de custos.
Influence of Cognitive Factors on the Usefulness Judgment and Acceptance of the Cost
Information System (CIS)
Abstract
Objective: Given the context of adaptations in the public sector to managerial public
administration, this research aims to investigate the influence of cognitive factors on the
judgment of utility and acceptance of the cost information system applied to the public sector.
Method: This research is characterized as descriptive, carried out from a single entity survey,
with a quantitative approach to the data. The entity chosen for analysis was the Treasury
Department of the state of Rio Grande do Sul (RS) due to the progress made by the state in the
implementation of the Cost Information System (CIS). For analysis of the collected data, path
analysis was used. It was noticed in the analyzed case that the cognitive factors influence the
judgment of utility and the acceptance of the new Cost Information System. Result: Exist
consonance of most individuals with the Cost Information System, mitigating resistance to the
implementation of the new system. Contributions: It is added to the literature applied are
cognitive perspectives in the implementation of management control systems in the public
sector, mainly in the SIC, the variable acceptance of servers in front of new management
control systems. In addition to advancing the literature, this research can contribute to managers
and civil servants to understand that the consonance between cognitive factors can mitigate
processes of resistance to change and act in the organization as a helper in the implementation
of new management control systems.
Keywords: Cognitive factors. Usefulness judgment. Acceptance. Cost information system.
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Influencia de los Factores Cognitivos en el Juicio de Utilidad y Aceptación del Sistema
de Información de Costos (SIC)
Resumen
Objetivo: Dado el contexto de adaptaciones en el sector público a la gestión pública
gerencial, esta investigación tiene como objetivo investigar la influencia de los factores
cognitivos en el juicio de utilidad y aceptación del sistema de información de costos aplicado
al sector público. Método: Esta investigación se caracteriza por ser descriptiva, realizada a
partir de una encuesta de una sola entidad, con un enfoque cuantitativo de los datos. La entidad
escogida para el análisis fue la Secretaría de Hacienda del estado de Rio Grande do Sul (RS)
debido a los avances del estado en la implantación del Sistema de Información de Costos (SIC).
Para el análisis de los datos recopilados, se utilizó el análisis de ruta. Se notó en el caso
analizado que los factores cognitivos influyen en el juicio de utilidad y en la aceptación del
nuevo Sistema de Información de Costos. Resultado: Hay consonancia cognitiva de la mayoría
de los individuos con el Sistema de Información de Costos, mitigando la resistencia a la
implementación del nuevo sistema. Aportes: Se suma a la literatura aplicada a las perspectivas
cognitivas en la implementación de sistemas de control de gestión en el sector público,
principalmente en el SIC, la variable aceptación de servidores frente a nuevos sistemas de
control de gestión. Además de avanzar en la literatura, esta investigación puede contribuir a
que los gerentes y funcionarios comprendan que la consonancia entre los factores cognitivos
puede mitigar procesos de resistencia al cambio y actuar en la organización como coadyuvante
en la implementación de nuevos sistemas de control de gestión.
Palabras clave: Factores cognitivos. Juicio de utilidad. Aceptación. Sistema de información
de costos.
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Introdução
As mudanças para adequação à administração pública gerencial tendem a motivar
resistências pelas alterações no comportamento dos indivíduos, pois esses podem considerar as
alterações de operacionalização na organização como desenho de autodepreciação ou
depreciação ao departamento em que está inserido (Rezende, 2002). As novas ações,
independentemente de quão persuasivas sejam, mesmo que consagradas na organização,
podem ser rejeitadas pelos indivíduos (Luthans & Kreitner, 1991; Latham & Locke, 1991).
Reestruturações encaram disputas de propensões de indivíduos que visam a otimização das
entidades governamentais para maior eficiência na aplicação dos recursos públicos e maior
transparência nos atos da administração pública em detrimento de indivíduos que colhem frutos
da ineficiência do sistema público (Rezende, 2012).
Van de Walle e Hammershmid (2011) observam que concepções da nova administração
pública gerencial são divergentes das políticas públicas, da prestação dos serviços e das
respostas às necessidades dos cidadãos apregoadas na administração pública, sendo que, para
mitigar essa disfunção é necessária uma mudança no papel dos profissionais ligados ao setor
público. A aceitação e o uso de instrumentos de controle gerencial são necessários para a
qualificação dos processos de gestão do ente público.
O uso do sistema de informação de custos (SIC) tem sido destacado como um elemento
que pode contribuir para a melhor gestão dos recursos públicos (Machado & Holanda, 2010;
Rezende et al., 2010) por disponibilizar informações que contribuem para o controle e análise
dos gastos públicos (Bjornemak, 2000; Verbeeten, 2011), visando eliminar gastos ou realocar
recursos para melhorar os serviços prestados à população. A falta de um sistema específico de
informação de custos pode fazer com que os gestores não percebam o desperdício de recursos
na alocação ineficiente de esforços nas políticas públicas.
Apesar de tais aspectos, o que se observa é uma dificuldade de aceitação da mudança e
sua efetiva adoção em todas as esferas de governo. Capobiango et al. (2013) salientam que as
mudanças propostas pela nova administração pública gerencial se figuram como resistências à
mudança dos indivíduos, motivado pelo medo dos novos sistemas e rotinas de trabalho. Dessa
forma, alterações de hábitos e costumes são fundamentais para o entendimento das informações
produzidas pelos sistemas de controles gerenciais (Rezende et al., 2010). Uma vez que se
compreenda adequadamente os potenciais benefícios de sua adoção, espera-se que esses
sistemas possam ser mais facilmente adotados, aceitos, utilizados e posteriormente
institucionalizados nos processos de gestão dos órgãos públicos.
Nesse contexto, depreende-se que a falta de conhecimentos e as crenças dos indivíduos
podem influenciar suas escolhas e percepções quanto ao julgamento de utilidade dos sistemas
de informação de custos (Jermias, 2001) e, posteriormente, sua aceitação. As dificuldades no
julgamento de utilidade desse sistema estão relacionadas à inércia dos indivíduos em aceitarem
as mudanças propostas pela organização para implantação do SIC, bem como pelo estado de
dissonância cognitiva. Esse estado ocorre quando os indivíduos possuem suas crenças e/ou
atitudes divergentes dos objetivos da organização, razão pela qual tendem a apresentar um
comportamento de resistência às mudanças (Jermias, 2001).
A mudança de crenças faz-se necessária para que se promova uma consonância
cognitiva (Birnberg et al., 2007; Festinger & Carlsmith, 1959), pois se indivíduos decidem agir
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em desconformidade com suas crenças, mas em conformidade com os preceitos da nova
administração pública, poderá haver um conflito cognitivo, que resultará em questionamentos
sobre as ações a serem desenvolvidas, sua necessidade, pertinência e adequação. As cognições
referem-se a qualquer conhecimento, opinião, ou convicção sobre o meio ambiente, sobre nós
próprios ou nosso comportamento (Festinger, 1975, p. 13).
Quando esse conflito ocorre, torna-se necessário o desenvolvimento de ações,
convergindo esforços para que se possa reduzir ou eliminar o estado cognitivo dissonante de
um indivíduo (Festinger & Carlsmith, 1959; Konow; 2000), a fim de reduzir ou até mesmo
eliminar (sempre que possível) as fontes de inércia (Jermias, 2001). Nesse caso, se um
indivíduo não alterar suas crenças aceitando a mudança, este tende a não encampar com
efetividade a implantação e viabilização dos preceitos adotados sob a perspectiva da
administração pública gerencial.
A esse respeito, Chabrak e Craig (2013) asseguram que indivíduos se expõem a
modificar sua cognição para absorver ou agregar novos fatos, tendo em vista sua preservação
ética e moral, desviando ou escolhendo elementos adequados para viabilizar a alteração
comportamental, reorganizando os desejos, crenças, opiniões, atitudes ou conhecimentos
técnicos e práticos para a obtenção de um novo estado consonante. Contudo, isso não ocorre
de igual forma entre as pessoas, sendo que alguns indivíduos podem ter maior dificuldade em
assimilar e aceitar mudanças.
Nesse aspecto, Jermias (2001) encontrou evidências sugerindo a influência do
comprometimento organizacional, confirmação e feedback no julgamento de utilidade de
sistemas contábeis gerenciais. Esta pesquisa constatou que os indivíduos comprometidos com
um determinado SIC, mesmo recebendo um feedback negativo sobre sua escolha, recusaram-
se a mudar de sistema. Foi destacado ainda em seu experimento que indivíduos entendem que
seu julgamento deve ser em direção de suas ações, mesmo que inconscientemente os
julgamentos sejam contrários à ação pretendida ou às crenças prévias.
Diante do exposto, depreende-se que é necessário um estado de consonância cognitiva
entre as crenças e atitudes dos indivíduos com a organização concernente a implantação do SIC
para que se possa promover um julgamento adequado de sua utilidade, bem como sua aceitação.
Da mesma forma, espera-se que os indivíduos que tenham conhecimentos relacionados a
temática custos, percebam que a informação de custos qualificará a gestão dos recursos
públicos. Nesse caso, espera-se ainda que estes indivíduos apresentem um comportamento
disposto a alterar os procedimentos operacionais para viabilizar a implantação do novo SIC,
reduzindo as fontes de inércia e resistência a mudança.
Uma vez que tais relações não foram investigadas no contexto da adoção de SIC no
setor público, busca-se nesta pesquisa investigar a influência de fatores cognitivos diante do
julgamento de utilidade e a aceitação do sistema de informação de custos aplicado ao
setor público.
A investigação do indivíduo no julgamento de utilidade do novo SIC aplicado ao setor
público, torna-se evidente devido à necessidade de mudança de paradigmas para o
entendimento e utilização do novo sistema de custos (Rezende et al., 2010). Holanda (2011)
reforça orientando que um esforço necessário é a mudança da cultura da utilização da
informação de custos para qualificar o processo decisório, sendo que, apesar do empenho da
União quanto ao fomento da matéria, espera-se que estados e municípios abracem esse desafio.
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Destaca-se ainda como contribuição, evidências empíricas relacionadas à nova
administração pública gerencial, evidenciando a reforma da gestão pública de forma robusta e
confiável (Van de Walle & Hammershmid, 2011), bem como a demonstração de necessidades
de alterações de comportamentos dos indivíduos envolvidos no processo de mudança (Kuipers
et al., 2013).
Quanto à contribuição social e prática, Stone e Cooper (2001) determinam que a
literatura deve avançar em novas direções apontadas no resgate literário oferecendo insights
sobre o comportamento social humano nas organizações públicas. Assim, esta pesquisa poderá
encontrar evidências que indiquem potenciais fontes de resistências em relação à mudança ou
à implantação do SIC no setor público.
A Influência de Fatores Cognitivos sobre o Comportamento Humano
No processo de implantação ou alteração de um Sistema de Controle Gerencial (SCG),
aqui entendido como um sistema formal composto por instrumentos que possibilitam manter
ou alterar padrões de atividades (Chenhall, 2003), é necessário superar algumas dificuldades e
resistências para que se tenha efetividade na implantação. Assim, se o comportamento
individual não estiver favorável ou estiver crédulo com os novos procedimentos e objetivos,
vale-se como fonte de resistência à mudança (Bell, 2010; Festinger, 1975; Jermias, 2001;
Resende et al., 2010), pois alterações nas organizações estão atreladas aos indivíduos (Piderit,
2000). Existem diferentes elementos que podem gerar fontes de resistência à mudança. Para a
realização desta pesquisa, aborda-se a definição de cinco fatores que podem influenciar o
comportamento do indivíduo, quais sejam: crenças, conhecimentos, comprometimento,
feedback e inércia.
Para Festinger (1975), a crença está embutida no conceito de cognição, na qual deve-se
observar como valores, conhecimentos e atitudes acerca de determinado assunto, definidas
como corretas ou erradas (ou simplesmente melhores ou piores) e adquiridas por meio de
experiências passadas ou de observações do ambiente em que se está inserido. Nesse sentido,
as crenças evidenciam a percepção do indivíduo sobre os acontecimentos diários, tendo base
experiências passadas, percepções coletivas e perspectivas futuras, sendo posicionado neste
trabalho sobre perspectivas do indivíduo quanto à implantação do SIC, bem como as
informações disponibilizadas.
Alinhado com a proposta de Festinger (1975), o termo conhecimento é parte integrante
do conceito de cognição, definido na psicologia social. Nesta pesquisa, o termo conhecimento
é posicionado como a expertise do indivíduo quanto à experiência, perícia, métodos de
aplicação e utilização das informações disponibilizadas do SIC. Nesse compasso, observando
o estudo de Jermias (2001), o conhecimento recebido pelo indivíduo pode demandar atenção
do sujeito quando estiver em situações que exijam seu posicionamento perante a mudança,
nesse caso a alteração de um SIC.
O comprometimento organizacional demonstra a determinação do indivíduo com
algum fato ou percepção ligadas à organização. De acordo com Meyer e Allen (1997),
comprometimento organizacional é um compromisso psicológico do sujeito com a
7
organização. Nesta pesquisa, o comprometimento está diretamente atrelado à fidelidade e
aplicação de esforços diante da alteração/escolha de um determinado sistema de informação de
custos, sendo que esse comprometimento organizacional fará com que indivíduos se tornem
insensíveis aos benefícios presentes no sistema rejeitado (Festinger, 1975; Harmon-Jones et
al., 2009; Jermias, 2001).
O feedback é caracterizado pelo retorno informacional perante as decisões tomadas
pelos indivíduos. Acredita-se que os indivíduos após escolherem uma determinada alternativa
em detrimento de outra procurará e dará importância ao feedback positivo (reações que
aprovam sua conduta) e rejeitará o feedback negativo (reações que desaprovam sua conduta
(Festinger, 1975; Jermias, 2001).
A inércia é conceituada pela divergência do indivíduo em aceitar novas propostas
contrárias às suas crenças e seus conhecimentos, projetando pouco esforço e comprometimento
com o contemporâneo, preferindo procedimentos já absorvidos em dinâmicas anteriores. Esse
conceito está alinhado com Festinger (1975), visto que predizer que indivíduos rejeitam
alternativas que estiverem em desacordo com sua cognição; e com Jermias (2001) ao evidenciar
que após uma escolha definida sobre um determinado SIC, indivíduos tornam-se inertes à
mudança, resistindo a troca de sistemas.
Julgamento de Utilidade e Aceitação da mudança no SIC
Historicamente o orçamento público brasileiro apresenta forte influência na forma de
contabilização e na estrutura das demonstrações contábeis aplicadas ao setor público. Após as
reformas propostas para uma nova administração pública gerencial e em paralelo a
harmonização das normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público, observou-
se uma mudança para contabilização direcionada ao patrimônio e levando em consideração as
premissas do regime de competência.
De acordo com Pigatto, Holanda, Moreira & Carvalho (2010), o regime que não seja o
de competência, ou seja, o regime de caixa ou financeiro, desvirtua o resultado apurado dos
custos das atividades governamentais. Desse modo, recomenda-se a aplicação do regime de
competência para efetivação correta dos custos governamentais, bem como para implantação
do SIC conforme um instrumento de SCG (Cardoso et al., 2011; Conselho Federal de
Contabilidade, 2011; Machado & Holanda, 2010; Pigatto et al., 2010). Nesse sentido, observa-
se a necessidade de alteração na base da apuração de custos, migrando de informações
orçamentárias para informações advindas de todos os subsistemas informacionais das entidades
que compõe o setor público (Conselho Federal de Contabilidade, 2011).
Cabe destacar que, na administração pública, sobrevém tradicionalmente a rigorosa
submissão aos ditames da gestão orçamentária (Schick, 1998). Desse modo, a gestão
orçamentária prioriza as normas estabelecidas em relação às propostas de maior flexibilidade
na geração e obtenção informacional; busca de resultados efetivos para a sociedade; eficiência
na aplicação dos recursos públicos ofertadas pela nova administração pública gerencial (Luque
et al., 2008), assim, o processo para migrar às novas bases de informações será gradual
(Cardoso et al., 2011), tendo em vista a necessidade de alterações cognitivas e de tarefas
organizacionais para absorver os novos conceitos procedimentos.
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Mesmo a tradição enraizada pelos ditames orçamentários não está livre de problemas
no controle de custos pelo orçamento, conforme destacado por Luque et al., (2008), quais
sejam:
(i) Inércia orçamentária, sendo tratada como a tendência de aplicação de recursos
em ações desfocada das necessidades reais da sociedade e de setores
ineficientes para atender grupos de interesses;
(ii) Falta de flexibilidade em caráter operacional e administrativos;
(iii) Falta de métricas que verifiquem se os resultados operacionais refletem
eficiências na prestação do serviço público à sociedade.
A reformulação do sistema orçamentário foi contemplada no estudo de Shick (1998),
demonstrando que em países na fase de desenvolvimento e que foi implantado percepções de
eficiência e eficácia na prestação dos serviços públicos, houve um distanciamento de domínios
concentrados no orçamento em busca de maior flexibilidade funcional aos gestores públicos,
em que a maior flexibilização orçamentária para os gestores pode ser viabilizada com a
implantação de sistemas de controles eficientes e confiáveis. Dentre os controles estabelecidos,
observa-se a presença indispensável do SIC (Luque et al., 2008).
Nesse sentido, para que ocorra a implantação do SIC é necessário que os usuários
compreendam a relevância informacional gerada pelo novo sistema de custo, a mudança de
percepção para a implantação do SIC é estimulada pelo julgamento de utilidade compreendido
pelos gestores, tendo em vista o início da implantação ser motivado por coerção externa
(Cardoso et al., 2011), visto que a informação da gestão de custos fornece dados importantes
para o debate das políticas públicas e aplicação eficiente dos recursos públicos (Parker &
Gould, 1999; Verbeeten, 2011).
Outro fator que estimula a implantação do SIC é, conforme Cardoso, Aquino e Bitti
(2011) a perspectiva de usabilidade dos dados disponibilizados pelo sistema para controles
gerenciais e para auxiliar no processo decisório. Observa-se ainda, de acordo com Cardoso,
Aquino e Bitti (2011, p. 1568) que a literatura contábil evidencia quatro características que
potencialmente tornam o sistema atrativo para utilização, quais sejam: (i) a frequência de
divulgação, (ii) o nível de detalhamento, (iii) a classificação do comportamento dos custos e
(iv) a análise de variações.
A utilização das informações geradas pelo sistema de custos está ligada à utilidade dos
relatórios de custos pelos gestores, visando, conforme Cardoso, Aquino e Bitti (2011),
gerenciar e mensurar desempenho de programas e auxiliar na elaboração do orçamento. Os
autores orientam que independentemente da posição organizacional que o gestor público
estiver alocado, esse estará sob encargos de responsabilidade quanto à alocação e utilização
eficiente dos recursos públicos.
Tendo em vista as necessidades informacionais, o SIC contemplará gradualmente os
anseios dos gestores, possibilitando a gestão eficiente dos recursos públicos, a gestão com foco
em resultado, comparabilidade entre organizações e setores organizacionais e a efetividade
social na prestação dos serviços públicos (Cardoso et al., 2011; Machado & Holanda, 2010;
Pigatto et al., 2010; Rezende, Cunha & Bevilacqua, 2010; Rezende, Cunha & Cardoso, 2010),
além auxiliar o planejamento eficiente das políticas públicas (Verbeeten, 2011).
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Nesse contexto de julgamento de utilidade de um novo SCG, nota-se a necessidade da
aceitação, por tarde do indivíduo, a utilização da implantação da nova ferramenta. Bjornenak
(1997) ressalta que para aceitação de um novo sistema de custos é necessário a persuasão das
organizações perante os indivíduos para que se tenha efetividade na aceitação da alteração
proposta, trilhando um caminho de conscientização, demonstrações das funcionalidades do
sistema e planejamento de implantação. O autor ainda destaca que esse processo de aceitação
da mudança pode ser difundido na organização através de uma consultoria, fato observado na
implantação do sistema de custos no setor público e na adequação às normas internacionais.
No setor público, observa-se que o processo de adoção de novas técnicas contábeis de
gestão vem ocorrendo, porém, de maneira ainda lenta. Conforme Perera, McKinnon e Harrison
(2003), tal implantação ocorre na seguinte sequência: primeiramente advém de uma decisão
política e normativa, em que se determina a adoção da nova técnica contábil; em seguida, torna-
se necessária a aceitação do indivíduo da nova técnica exigida. Desse modo, a implantação do
novo SIC no Brasil tem sido recomendada em determinações legais. Logo, para que sua adoção
ocorra de maneira efetiva, é necessário a adequação das crenças dos indivíduos que atuam nesse
setor, de modo que tenham iniciativa em promover tal mudança.
Lapsley e Wright (2004) reforçam que as normas emitidas pelo governo apresentam
forte influência na implantação de novas técnicas aplicadas à contabilidade pública. Os
motivadores para implantação de um novo SIC, que trará benefícios no controle dos gastos
públicos, partirão de determinações legais. Mas, apenas determinações legais não serão
suficientes para implantação. Kavanagh e Ashkanasy (2006) observam que os gestores são
partes fundamentais no processo de implantação de mudança de um sistema de controle
gerencial. Os autores determinam que o sucesso da alteração de SCG está relacionado ao ritmo
da mudança e com a direção que a cultura da organização é orientada.
Assim, a comunicação entre os gestores e os demais indivíduos da organização deve ser
frequente e transparente e, caso não exista uniformidade na percepção da cultura organizacional
com as crenças dos gestores e indivíduos, não haverá sucesso na implantação do novo sistema
de informação de custos. Desse modo, os indivíduos resistentes à mudança terão dificuldades
em aceitar o novo SIC.
Destaca-se evidências na literatura dedicada ao SIC no setor público aspectos que
dificultam sua implantação, quais sejam: a não implantação de procedimentos patrimoniais,
como a depreciação e vinculação dos produtos do estoque com a referida entrada (Fontes et al.,
2020); a insipiência de experiências com o SIC e a não cultura de custos no setor público
(Alonso, 2022); baixo estímulo dos servidores para adoção de novas práticas gerenciais (Pessoa
& Callado, 2023); o uso do SIC depende da decisão dos gestores em adotar o sistema e utilizá-
lo na tomada de decisão (Soares et al., 2020); a falta de profissionais de Tecnologia da
Informação (TI) com expertise na área de negócios e tempo dos servidores para dedicarem-se
à implantação do SIC (Silva et al., 2022).
Em linha, percebe-se que o SIC ainda está em implementação em entidades
governamentais, apesar do reconhecimento de sua importância para maior eficiência,
economicidade e transparência de vários dispositivos legais que exigem seu uso (Brandão,
2022). Assim, demonstra-se a contemporaneidade desta pesquisa e a relevância de observar
fatores cognitivos relacionado ao SIC para apresentar evidências que auxiliem gestores e
servidores na sua implantação.
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Observa-se que a falta de aceitação e a resistência à mudança tornam o processo de
alteração do SIC cognitivamente árduo, dificultoso e desgastante (Nor-Aziah & Scapens,
2007). Desse modo, perante a dificuldade encontrada, estes autores orientam que se deve
persistir na aplicação do processo mudança para o novo SIC, observando as rotinas já
implantadas e verificando a necessidade de alteração de novas rotinas, hábitos e costumes para
viabilizar mudanças operacionais necessárias.
Com base no exposto, espera-se que:
H1: Fatores cognitivos estão associados ao julgamento de utilidade do novo sistema
de informação de custos.
H2: Fatores cognitivos estão associados a aceitação do novo sistema de informação
de custos.
Para a avaliação de tais relacionamentos, com base no estudo desenvolvido por Jermias
(2001), foram selecionados alguns fatores que podem influenciar tal relação. Adicionalmente,
incluiu-se a variável aceitação da mudança como um elemento importante de análise não
avaliado anteriormente no estudo desenvolvido por este autor. Desse modo, para que se possa
testar individualmente cada uma das relações apresentadas nessas hipóteses gerais de pesquisa
(H1 e H2), foram estabelecidas sete sub-hipóteses para se testar relações entre fatores
cognitivos e o julgamento de utilidade do sistema (H1) e oito relacionadas aos fatores
cognitivos e a aceitação do sistema de informação de custos (H2), como observa-se na Tabela
1.
Tabela 1 Relações testadas na segunda e terceira hipóteses da pesquisa
Hipótese Geral
Relações investigadas
Relação
Esperada
H1: Fatores
cognitivos estão
associados ao
julgamento de
utilidade do novo
sistema de
informação de
custos.
H1a: As crenças prévias dos indivíduos estão
positivamente associadas ao julgamento de utilidade
do novo sistema de informação de custos.
Positiva
H1b: A escolha do novo sistema de informação de
custos está positivamente associada ao julgamento de
utilidade do novo sistema de informação de custos.
Positiva
H1c: A dissonância cognitiva está negativamente
associada ao julgamento de utilidade do novo sistema
de informação de custos.
Negativa
H1d: O comprometimento organizacional está
positivamente associado ao julgamento de utilidade do
novo sistema de informação de custos.
Positiva
H1e: A confirmação da escolha do novo sistema de
informação de custos está positivamente associada ao
julgamento de utilidade do novo sistema de
informação de custos.
Positiva
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H1f: O feedback está positivamente associado ao
julgamento de utilidade do novo sistema de
informação de custos.
Positiva
H1g: A inércia está negativamente associada ao
julgamento de utilidade do novo sistema de
informação de custos.
Negativa
H2: Fatores
cognitivos estão
associados a
aceitação do novo
sistema de
informação de
custos.
H2a: As crenças prévias dos indivíduos estão
positivamente associadas a aceitação do novo sistema
de informação de custos.
Positiva
H2b: A escolha do novo sistema de informação de
custos está positivamente associada a aceitação do
novo sistema de informação de custos.
Positiva
H2c: A dissonância cognitiva está negativamente
associada a aceitação do novo sistema de informação
de custos.
Negativa
H2d: O comprometimento organizacional está
positivamente associado a aceitação do novo sistema
de informação de custos.
Positiva
H2e: A confirmação da escolha do novo sistema de
informação de custos está positivamente associada a
aceitação do novo sistema de informação de custos.
Positiva
H2f: O feedback está positivamente associado a
aceitação do novo sistema de informação de custos.
Positiva
H2g: A inércia está negativamente associada a
aceitação do novo sistema de informação de custos.
Negativa
H2h: O julgamento de utilidade do novo sistema de
informação de custos está positivamente associado a
aceitação do novo sistema de informação de custos.
Positiva
Parte-se da premissa de que a implantação do novo SIC altera o ambiente cujo indivíduo
está inserido, tendo em vista a reestruturação das organizações para absorver os novos SIC,
bem como de gerenciamento das prestações de serviços e de prestação de contas (Broadbent &
Guthrie, 2008). Desse modo, é necessário alterar o elemento cognitivo ambiental dissonante
para consonante, a fim de alcançar a redução ou eliminação da dissonância cognitiva
experimentada.
Observa-se que essa forma de reduzir a dissonância é extremamente complexa, visto
que o indivíduo terá que apresentar um elevado grau de controle do meio em que está inserido
(Festinger, 1975). Assim, para entrar em consonância com o ambiente, o modo que demandará
menos esforços para o indivíduo é mudar seu comportamento de desacordo com o ambiente
para um comportamento consonante com o ambiente (Festinger, 1975).
A mudança de comportamento é sobremodo resistente à mudança, visto que se o
indivíduo possui uma linha de comportamento é extremamente difícil alterar para novas formas
de conduta (Harmon-Jones, 2012). Caso o indivíduo consiga alterar seu comportamento
12
consonante o ambiente, assim, o indivíduo ainda poderá estar em dissonância, caso seu
comportamento esteja em desacordo com suas cognições (Harmon-Jones et al., 2009). Nesse
contexto, espera-se que os fatores cognitivos estejam associados ao julgamento de utilidade e
aceitação do novo sistema de informação de custos.
Aspectos Metodológicos
Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, realizada a partir de survey single entity,
com abordagem quantitativa dos dados. A entidade escolhida para análise foi a Secretaria da
Fazenda do estado do Rio Grande do Sul (RS) em virtude do avançar do estado na implantação
do SIC, conforme informação repassada pelo Grupo Técnico de Padronização de
Procedimentos Contábeis (GTCON) e o Grupo Técnico de Padronização de Relatórios e
Demonstrativos Fiscais (GTREL) vinculados a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
As normatizações no RS partem da área de Contadoria e Auditoria Geral do estado do
Rio Grande do Sul (CAGE), assim, definiu-se como população da pesquisa os servidores
dispostos nos cargos de Contador, Auditor do estado e Auditor-Fiscal do Estado, vinculados a
Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz/RS). Visando identificar potenciais
servidores respondentes que tenham acesso ao SIC utilizado pelo estado (Custos/RS), chegou-
se a uma população de 179 servidores potenciais respondentes. Dos 179 potenciais
respondentes, não foi possível o contato com 23 deles por estarem de férias, licença, auditoria
externa, aposentados ou não trabalharem mais na Sefaz/RS.
Os dados foram coletados de forma presencial e por ligação telefônica. Em ambos os
casos era questionado se o entrevistado tinha interesse em participar da pesquisa, após isso, era
lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e, depois, era feito as perguntas
das variáveis da pesquisa. As respostas dos participantes foram marcadas nos questionários
impressos.
Assim, dos 156 respondentes que se conseguiu o contato, obteve-se 83 questionários
respondidos. Com base nos questionários respondidos, obteve-se uma taxa de resposta de
46,36% da amostra da pesquisa e 53,20% dos contatos efetivados.
Os dados foram coletados com base no constructo da pesquisa, apresentado na Tabela
2, via questionário com escala tipo Likert de sete pontos.
Tabela 2 Constructo da pesquisa
Bloco
Variáveis
Indicadores
Nº Ques.
Apênd.
A
01
Conheciment
o sobre
Gestão de
Custos
Responsabilidade formal de gerenciamento de
custos
CGC_01
Experiência na gestão de custos
CGC_02
Gerenciamento de custos comparando os gastos
realizados contra o orçado
CGC_03
Gerenciamento de custos para metas
CGC_04
Estilo de gerenciamento de custos
CGC_05
13
Avaliação dos resultados e dos custos envolvidos
CGC_06
02
Crenças
sobre
Informação
de Custos
Importância das informações: para a gestão pública
CRIC_01
para a alocação de recursos
CRIC_02
para identificação da necessidade de recursos
para a continuidade dos serviços
CRIC_03
para a avaliação do desempenho
CRIC_04
para a avaliação da eficiência dos serviços
prestados
CRIC_05
para ações mais adequadas no planejamento,
avaliação e controle
CRIC_06
para melhor previsão orçamentária
CRIC_07
para a redução de gastos
CRIC_08
03
Escolha do
Sistema de
Informação
de Custos
Informações adicionais para gestão
ESC_01
Melhor planejamento as ações governamentais
ESC_02
Melhor avaliação do desempenho e resultado das
ações governamentais
ESC_03
Identificação de ineficiências
ESC_04
Informações muito mais importantes para a gestão
pública
ESC_05
Permite avaliação detalhada dos custos dos serviços
prestados e planos de governo
ESC_06
04
Dissonância
Cognitiva
Não fornece informações mais precisas
DC_01
Não qualifica o processo decisório
DC_02
Não é necessário para a gestão
DC_03
Não terá sucesso na implantação
DC_04
05
Comprometi-
mento
Organizacion
al
Disposição para ajudar a organização
COM_01
Falo bem desta organização
COM_02
Aceite de qualquer atribuição para permanecer na
organização
COM_03
Valores pessoais semelhantes com os da
organização
COM_04
Orgulho de trabalhar nesta organização
COM_05
A organização me motiva
COM_06
Satisfação por trabalhar nesta organização em
detrimento de outra
COM_07
Melhor organização para trabalhar
COM_08
Preocupação com o destino da organização
COM_09
06
Confirmação
Capaz de fornecer informações de custos que
qualificam a gestão
CON_01
Informações mais adequadas
CON_02
14
Informações mais úteis
CON_03
Informações mais precisas
CON_04
07
Julgamento
de Utilidade
do Sistema
de
Informação
de Custos
Utiliza vários fatores para alocar custos
JUT_01
Informações coletada de outros sistemas
JUT_02
Melhor alocação dos custos aos
serviços/planos/ações de governo
JUT_03
Informações de custos mais precisas
JUT_04
Auxilio no processo decisório
JUT_05
Melhor avaliação dos resultados
JUT_06
08
Feedback
Desenvolvimento de atividades
FEE_01
Registros contábeis
FEE_02
Relatórios gerenciais
FEE_03
Previsão orçamentária
FEE_04
Desempenho no trabalho
FEE_05
09
Inércia
Insatisfação com as informações de custos
INE_01
Insucesso na disponibilização de informações de
custos
INE_02
Não melhora a geração de informações de custos
INE_03
Interesse em mudar a escolha do sistema de
informação de custos
INE_04
Resistência ao uso do sistema de informação de
custos
INE_05
10
Aceitação do
Sistema de
Informação
de Custos
Aceitação da mudança para o novo sistema de
informação de custos
ACT_01
Redefinição de tarefas para a geração de dados
ACT_02
Alteração de rotinas de contabilização para a
geração de dados
ACT_03
Tempo de estudos para se adequar ao novo sistema
ACT_04
Alteração de procedimentos já implantados e
consolidados
ACT_05
Para análise dos dados coletados, utilizou-se a path analysis (Análise de Caminhos). A
aplicação desta técnica de análise multivariada apresenta-se como confirmatória, determinando
a validade do modelo teórico diante dos dados reais obtidos, determinando relações de causa e
efeito entre variáveis (MARÔCO, 2011).
A Influência de Fatores Cognitivos Sobre o Julgamento de Utilidade do Sistema de
Informação de Custos
15
Neste tópico, avalia-se a influência de fatores cognitivos sobre o julgamento de
utilidade do sistema de informação de custos, conforme modelo teórico de análise desenvolvido
por Jermias (2001). Tendo como base a análise de caminhos, será evidenciada as relações
encontradas no modelo teórico de análise de Jermias (2001), demonstrando-se as relações
teóricas validadas ou refutadas no contexto do setor público brasileiro, a partir dos dados
coletados. Destaca-se que a validade interna do constructo foi avaliada pelo Alfa de Crombach,
sendo que todas as variáveis apresentaram valores maiores que o aceitável (0,7), conforme Hair
Jr, Black, Badin, Anderson e Tatham (2009).
Ressalta-se que Jermias (2001) elaborou um experimento com 82 estudantes do
primeiro ano do curso de ciências contábeis, tendo como resultado os seguintes achados: o
julgamento de utilidade do sistema de custos foi influenciado pelo comprometimento com o
sistema de custos previamente escolhido; os indivíduos comprometidos com um determinado
sistema de custos, mesmo recebendo um feedback negativo sobre sua escolha, recusaram-se a
mudar de sistema; e a confirmação de que indivíduos entendem que seu julgamento deve ser
em direção de suas ações, mesmo que inconscientemente os julgamentos sejam contrários à
ação pretendida.
Na Tabela 3 são apresentados os coeficientes encontrados na análise de caminhos para
a influência de fatores cognitivos no julgamento de utilidade.
Tabela 3 Resultados da análise de trajetórias da primeira hipótese desta pesquisa
Variáveis
dependentes
Variável
Independente
β-
standard
t-
statistic
P-
value
Erro
Padrão
F
Sig
Anova
ESC
CRIC
0,153
1,392
0,168
0,023
6,309
1,937
0,168
DC
ESC
-0,561
-6,092
0,000
0,314
4,384
37,117
0,000
COM
DC
-0,118
-1,074
0,286
0,014
6,835
1,154
0,286
CON
COM
0,172
1,573
0,120
0,030
4,123
2,475
0,120
JUT
COM
0,756
10,397
0,000
0,572
4,385
108,096
0,000
FEE
ESC
0,731
9,643
0,000
0,534
3,375
92,988
0,000
INE
FEE
-0,569
-5,856
0,000
0,353
3,364
21,842
0,000
COM
-0,059
-0,608
0,545
INE
FEE
-0,592
-6,607
0,000
0,350
3,351
43,654
0,000
JUT
CRIC
0,065
1,083
0,282
0,741
3,546
30,595
0,000
ESC
-0,038
-0,372
0,711
DC
0,026
0,318
0,752
COM
-0,009
-0,139
0,889
COM
0,471
5,481
0,000
FEE
0,524
5,581
0,000
INE
-0,003
-0,027
0,979
JUT
COM
0,461
6,462
0,000
0,735
3,469
111,025
0,000
FEE
0,501
7,027
0,000
Fonte: elaborado pelos autores (2022).
16
Destaca-se nos resultados explicitados na Tabela 1, que a maior influência da variável
independente na dependente advém da influência combinada das variáveis crenças, escolha,
dissonância cognitiva, comprometimento, confirmação, feedback e inércia no julgamento de
utilidade, demonstrando R² de 0,741. Cabe ressaltar que das sete variáveis que influenciam o
julgamento de utilidade, apenas duas variáveis (CON e FEE) têm significância estatística (p-
value = 0,000).
A segunda maior influência na dependente é a Confirmação no Julgamento de
Utilidade, influenciando 57,2%. A Figura 1 sintetiza a visualização das relações obtidas pela
análise de caminhos das variáveis observadas neste modelo.
Figura 1 Análise de Caminhos do Julgamento de Utilidade do Sistema de Informação
de Custos
* Significância ao nível de 1%.
Observa-se nos resultados apresentados na Figura 1, os caminhos significativos e não
significativos das relações determinadas para a análise da influência de fatores cognitivos no
julgamento de utilidade do sistema de informação de custos implementado no estado do Rio
Grande do Sul. Nota-se que a escolha do sistema de custos explica 56,1% da dissonância
cognitiva, sendo influenciada negativamente (R² = 0,314). Do mesmo modo, a escolha explica
73,1% da influência positiva associada ao Feedback (R² = 0,534). Por sua vez, o Feedback
Crenças sobre
Sistema de
Informação de
Custos
Escolha do Sistema
de Informação de
Custos
Dissonância
Cognitiva
Comprometimento
Organizacional
Confirmação
Feedback
Inércia
Julgamento de
Utilidade do
Sistema de
Custos
0,065
0,153
0,731*
0,026
-0,038
-0,009
0,756*
-0,059
-0,561*
-0,118
0,172
-0,592*
0,524*
-0,003
17
explica 52,4% do julgamento de utilidade, sendo influenciado positivamente (R² = 0,741), e
também elucida em 59,2% da influência negativa associada a Inércia (R² = 0,350).
Neste caso, o Feedback explica 59,2% da influência negativa na Inércia (R² = 0,350).
Por fim, a Confirmação elucida 75,6% do Julgamento de Utilidade, sendo uma influência
positiva (R² = 0,572). A Figura 2 apresenta o modelo final purificado, com a exclusão das
relações observadas que não alcançaram significância estatística.
Figura 2 Análise de Caminhos do Julgamento de Utilidade do Sistema de Informação
de Custos (Modelo Purificado)
* Significância ao nível de 1%.
Diante do exposto, pode-se afirmar que o julgamento de utilidade dos servidores sobre
o novo sistema de informação de custos é influenciado diretamente pelo feedback e pela
confirmação do sistema de custos escolhido, o achado diverge em partes nos achados
encontrados por Jermias (2001). Quanto as convergências ao modelo teórico de análise
proposto por Jermias (2001), observa-se uma relação direta da confirmação no julgamento de
utilidade; a influência direta entre a Escolha do Sistema de Custos na Dissonância Cognitiva e
no Feedback; e a relação direta entre o Feedback e a Inércia.
quanto às divergências, observa-se uma relação direta do Feedback no Julgamento
de Utilidade. Os achados encontrados no modelo de análise testado por Jermias (2001), o autor
não encontrou relação direta ou indireta do Feedback com o Julgamento de Utilidade; também
não identificou relação entre a Dissonância Cognitiva e o Comprometimento Organizacional;
assim como entre o Comprometimento Organizacional e a Confirmação; e o Comprometimento
Organizacional com a Inércia.
Escolha do Sistema
de Informação de
Custos
Dissonância
Cognitiva
Confirmação
Feedback
Inércia
Julgamento de
Utilidade do
Sistema de
Custos
0,731*
0,756*
-0,561*
-0,592*
0,524*
18
Diante das relações evidenciadas pela análise de caminhos, tem-se que indivíduos da
amostra investigada nesta pesquisa, ao perceberem o novo SIC, comparativamente ao sistema
anterior, é superior na disponibilização de informações adicionais para a gestão, na gestão dos
gastos públicos e por permitir melhor avaliação dos gastos públicos (Escolha do Sistema de
Informação de Custos), também percebem que o novo SIC é capaz de fornecer informações
mais precisas, qualificando o processo decisório (Dissonância Cognitiva). Deste modo,
observa-se uma relação de consonância entre a Escolha do Sistema de Custos com a
Dissonância, o que contribui para que a maioria destes indivíduos reduzam a resistência à
mudança (FESTINGER, 1957; Harmon-Jones, 2012).
Nota-se que indivíduos que escolhem o novo SIC percebem maior facilidade no
desenvolvimento de suas atividades operacionais, na produção de relatórios gerenciais e na
avaliação do seu desempenho (Feedback). Deste modo, percebem também maior utilidade no
novo Sistema de Informação de Custos adotado pelo Estado, por permitir melhor alocação dos
recursos públicos e melhor avaliação dos gastos realizados (Julgamento de Utilidade). Essas
relações corroboram com os apontamentos destacados nos estudos de Machado e Holanda
(2010), Rezende, Cunha e Cardoso (2010) e Verbeeten (2011), por determinarem que o novo
SIC possibilitará a gestão eficiente dos recursos públicos, a gestão com foco em resultado, a
comparabilidade de informações entre organizações e setores organizacionais, bem como a
efetividade social na prestação dos serviços públicos.
A relação entre a Escolha do novo SIC, o Feedback e a Inércia demonstram que
indivíduos, ao indicarem que o novo SIC disponibiliza novas informações e facilita o
desenvolvimento de suas atividades, estariam satisfeitos com as informações disponibilizadas
pelo novo SIC e que não trocariam este sistema pelo antigo. Portanto, observa-se que
consonância cognitiva entre as variáveis Escolha do Sistema de Informação de Custos,
Feedback e Inércia mitiga o aparecimento de fatores de resistência a mudança.
Assim, considerando que a maioria dos indivíduos participantes da pesquisa estão em
estado de consonância cognitiva, nesses casos, não deverá haver geração de fontes de inércia,
o que impactará positivamente o processo de utilização e disseminação da cultura de custos no
estado do Rio Grande do Sul. Contudo, há de se observar que alguns indivíduos apresentaram
situação oposta o que deve ser observado pelos gestores responsáveis pelo processo de
implantação do sistema de informação de custos, de modo que se possa desenvolver ações no
intuito de alterar tal estado para uma condição de consonância, eliminando eventuais fontes de
inércia.
No próximo tópico evidencia-se a análise de caminhos para a influência de fatores
cognitivos sobre a aceitação do sistema de informação de custos.
A Influência de Fatores Cognitivos Sobre a Aceitação do Sistema de Informação de
Custos
Evidencia-se neste tópico a análise de caminhos para a influência de fatores cognitivos
sobre a aceitação do sistema de informação de custos. A variável aceitação do sistema de
informação foi adicionada às relações testadas no modelo proposto por Jermias (2001), devido
à verificação na literatura pertinente à administração e contabilidade pública, da necessidade
do indivíduo aceitar as mudanças de hábitos e costumes enraizados nas atividades operacionais
19
para que se possa promover uma mudança bem-sucedida (Rezende et al., 2010; Machado &
Holanda, 2010; Van de Walle & Hammershmid, 2011).
Na Tabela 4 são apresentados os coeficientes obtidos para a análise das relações
investigadas nesta etapa da pesquisa.
Tabela 4 Resultados da análise de trajetórias da segunda hipótese da pesquisa
Variáveis
dependentes
Variável
Independente
β-
standard
t-
statistic
P-
value
Erro
Padrão
F
Sig
Anova
ACT
CRIC
-0,055
-0,777
0,439
0,646
3,224
16,877
0,000
ESC
0,450
3,701
0,000
DC
-0,100
-1,026
0,308
COM
0,032
0,421
0,675
CON
0,273
2,280
0,026
JUT
-0,349
-2,567
0,012
FEE
0,336
2,555
0,013
INE
-0,071
-0,612
0,542
ACT
ESC
0,534
4,875
0,000
0,631
3,208
33,279
0,000
CON
0,319
2,836
0,006
JUT
-0,368
-2,749
0,007
FEE
0,343
2,735
0,008
Observa-se na Tabela 2 que as variáveis independentes (CRIC, ESC, DC, COM, CON,
JUT, FEE e INE) utilizadas por Jermias (2001), influenciam em 64,6% (R²) a variável
dependente aceitação (ACT). Das oito variáveis propostas, nota-se que apenas quatro
apresentam relação com uma influência estatisticamente significativa (ESC, CON, JUT e FEE).
Os resultados da análise de caminhos de todas as relações do modelo teórico de Jermias (2001),
adicionado a variável aceitação, são apresentados na Figura 3.
20
Figura 3 Análise de caminhos da Aceitação do Sistema de Informação de Custos
* Significância ao nível de 1%.
Percebe-se na Figura 3 que as únicas variáveis com influência significativas na
Aceitação são a Escolha do Sistema de Informação de Custos, a Confirmação, o Julgamento
de Utilidade e o Feedback. Diante desse achado, em um modelo purificado, verificou-se a
influência exclusiva dessas quatro variáveis independentes, na variável dependente ACT,
resultado que sugere um coeficiente de explicação para o modelo de 63,1% (R²) de influência,
com significância estatística de 1%. Tais relações são apresentadas na Figura 4.
Confirmação
Crenças sobre
Sistema de
Informação de
Custos
Escolha do Sistema
de Informação de
Custos
Dissonância
Cognitiva
Comprometimento
Organizacional
Feedback
Inércia
Aceitação do
Sistema de
Informação de
Custos
-0,055
0,153
0,731
-0,100
0,450*
0,032
0,756*
-0,569*
-0,561*
-0,118
0,172
-0,592*
0,336*
-0,071
Julgamento de
Utilidade do Sistema
de Custos
21
Figura 4 Análise de caminhos da Aceitação do Sistema de Informação de Custos
(Modelo Purificado)
* Significância ao nível de 1%.
A relação disposta na Figura 10 demonstra que a Aceitação do Sistema de Informação
de Custos é explicada em 45,0% pela Escolha do Sistema de Informação de Custos, em 33,6%
pelo Feedback, em 34,9% pelo Julgamento de Utilidade e em 27,3% pela Confirmação.
Observa-se, também, uma relação direta e positiva entre as variáveis Escolha, Feedback e
Confirmação na Aceitação e uma relação direta e negativa entre o Julgamento de Utilidade e
Aceitação do SIC.
As relações evidenciadas pela análise de caminhos demonstram, na amostra pesquisada,
indícios de indivíduos que escolhem o novo SIC em detrimento do sistema anterior, sobretudo,
por perceberem informações mais úteis e precisas para a gestão dos recursos públicos e
qualificação do processo decisório e que julgam o novo SIC como facilitador no desempenho
de suas atividades de trabalho, razão pela qual aceitam as alterações de rotinas e a redefinição
de tarefas propostas para viabilizar a implantação do novo SIC.
Observando estas relações, nota-se divergências das verificações do resgate literário,
pois na amostra pesquisada, não necessidade de alteração dos hábitos e costumes dos
servidores para implantação do SIC (Machado & Holanda, 2010; Rezende et al., 2010; Van de
Walle & Hammershmid, 2011). Uma vez que o processo de implantação desse sistema ocorre
um determinado tempo na instituição, é possível que tenha ocorrido tal mudança, razão
pela qual, nesse momento, os indivíduos participantes do estudo possam ter respondido que
não mais necessidade de alterações de hábitos e costumes para a continuidade de
implantação do novo sistema.
Ao se verificar a relação negativa entre o Julgamento de Utilidade e a Aceitação do
sistema, nota-se que necessidade da alteração de hábitos e costumes para a utilização das
informações disponibilizadas pelo novo SIC. Esses resultados são convergentes ao relatado
pelos entrevistados na etapa exploratória da pesquisa. Desse modo, corroboram com as
Escolha do Sistema
de Informação de
Custos
Confirmação
Feedback
Julgamento de
Utilidade do
Sistema de
Custos
0,450*
-0,349*
0,273*
0,336*
Aceitação do
Sistema de
Informação de
Custos
22
evidências encontradas na literatura revisitada (Parker & Gould, 1999; Rezende et al., 2010).
Assim, percebe-se a necessidade de mudança debitos e costumes dos envolvidos na geração
das informações, bem como na utilização das informações geradas para a tomada de decisão
(Parker & Gould, 1999; Rezende et al., 2010).
Além da divergência na literatura destacada, observa-se na relação negativa entre o
Julgamento de Utilidade e Aceitação do novo SIC, pois os indivíduos determinam como útil as
informações geradas pelo novo SIC, mas ainda não são capazes de aceitar a mudança de tarefas,
rotinas e procedimentos para a implantação e utilização do novo SIC. O contrário também é
verdadeiro, uma vez que alguns indivíduos aceitam mudanças de hábitos e rotinas, mas não
julgam útil as informações de custos.
Nestes casos, para que seja reduzida a dissonância, é necessário que o indivíduo altere
suas cognições ou altere a percepção da ação (Bell, 2010). Assim, é necessário que os
indivíduos tenham consonância entre o julgamento de utilidade do sistema de informação de
custos e a aceitação de procedimento e rotinas para a total implantação e utilização. Deste
modo, reduzindo a dissonância cognitiva, tende-se a reduzir a resistência à mudança, pois
alterações nas organizações estão atreladas as dimensões cognitivas dos indivíduos (Piderit,
2000). Ressalta-se, também, que o sistema de informação de custos no estado do Rio Grande
do Sul está em fase de implantação fornecendo indícios que os indivíduos podem não entender
como útil, as informações de custos geradas pelo SIC, pois detêm dúvidas em relação a sua
efetiva utilidade devido a fase de implantação, assim, destaca-se a necessidade do
desenvolvimento de novos estudos relacionados a esta temática.
Considerações Finais
O artigo analisou a influência de fatores cognitivos frente ao julgamento de utilidade e
a aceitação do sistema de informação de custos aplicado ao setor público. Percebeu-se no caso
analisado que os fatores cognitivos influenciam o julgamento de utilidade e a aceitação do novo
SIC. O resultado depreende um estado de consonância cognitiva da maioria dos indivíduos
com o SIC.
Adiciona-se à literatura aplicada a perspectivas cognitivas na implantação de sistemas
de controles gerenciais no setor público, principalmente no SIC, a variável aceitação dos
servidores frente a novos sistemas de controles gerenciais. Cabe destacar que, nos dados
analisados, o julgamento de utilidade tem relação inversa a aceitação do SIC.
Essa relação inversa pode ser aprofundada em estudos futuros, no intuito de analisar,
por exemplo, qual a motivação dos servidores entenderem que o SIC, analisado na perspectiva
da nova administração gerencial, possibilita a melhor apuração dos custos, melhor avaliação
dos resultados, disponibiliza informações de custos mais precisas auxiliando na tomada de
decisão para alocação de recursos, mas não estão dispostos alterar tarefas, rotinas,
procedimentos e dispenderem tempo de estudo para esse sistema de controle gerencial.
Outra perspectiva de estudos futuros é a verificar os fatores cognitivos em estados, ou
municípios, com menor processo de implantação do SIC. No caso analisado, a consonância
cognitiva pode ter se dado pelo processo avançado, em relação a outros estados, da implantação
23
do SIC. Assim, uma relação que pode ser verificada em estudos futuros é se o nível de
implantação do SIC influencia na consonância cognitiva para o julgamento de utilidade e
aceitação, visto que, espera-se que processos de mudança gerem movimentos direcionados a
dissonância cognitiva e, consequentemente, resistência à mudança.
Além do avanço na literatura essa pesquisa pode contribuir com gestores e servidores
públicos para compreensão que a consonância entre os fatores cognitivos pode mitigar
processos de resistência à mudança e atuar na organização como auxiliador na implantação de
novos sistemas de controle gerencial.
Por fim, apresenta-se como limitação de pesquisa a não observância da influência da
determinação legal da apuração de custos e do SIC no Julgamento de Utilidade e na Aceitação,
a adaptação e tradução do instrumento de pesquisa utilizado e os dados coletados por meio
telefônico, pois a compreensão ou vieses de respostas podem afetar os resultados obtidos.
Referências
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