A (re)produção do espaço popular sob a lógica socioespacial fragmentária: o caso de Presidente Prudente-SP

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/19847246242023e0302

Palavras-chave:

(re)produção do espaço, espaço popular , fragmentação socioespacial, política habitacional, Presidente Prudente

Resumo

Aborda-se, neste artigo, a (re)produção do espaço popular sob a lógica socioespacial fragmentária, que se sobrepõe e ressignifica a anterior lógica dual centro-periférica. Foca-se na questão da habitação popular no Brasil para além da materialização de bairros-dormitório nas periferias urbanas, vislumbrando-se ampliar e atualizar a compreensão sobre a proliferação de condomínios fechados verticais. Enfatiza-se, na análise, o caso de Presidente Prudente, cidade média localizada no estado de São Paulo. A pesquisa, em que se apoia este artigo, embasou-se em extensa revisão bibliográfica e em entrevistas com moradores de condomínios verticais populares, financiados pelo Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). Tais entrevistas compõem um conjunto maior de registros produzidos por uma pesquisa mais ampla sobre o processo de fragmentação socioespacial, por este motivo, efetuou-se, aqui, um recorte que pudesse embasar notadamente a análise sobre a (re)produção do espaço popular prudentino, identificando a valorização da tipologia de condomínios fechados, enquanto empreendimento habitacional para as faixas de renda do PMCMV, e as mudanças relacionadas às práticas cotidianas dos citadinos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gustavo Nagib , Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo - USP. Pós-doutorando na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP.

Katia Atsumi Nakayama, Universidade Federal de Mato Grosso

Doutora em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR. Pós-doutoranda na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP. Professora da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT.

Referências

AZEVEDO, S. O desempenho do poder público na área habitacional: breve retrospecto. In: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit habitacional no Brasil. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1995. p. 291-311.

ARRRETCHE, M.; CORDEIRO, B. S.; FUSARO, E.; DIAS, L.C.; BITTAR, M. Capacidades administrativas dos municípios brasileiros para a política habitacional. Brasília: Ministério das Cidades, 2012.

BALBIM, R; KRAUSE, C.; LIMA NETO, V. C. Minha Casa Minha Vida, nosso crescimento: onde fica a política habitacional? Rio de janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2013.

BONDUKI, N. G. Origens da habitação social no Brasil. Análise Social, Lisboa, v. 29, n. 127, p. 711-732, 1994.

BONDUKI, N. G. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, Lei do Inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.

BONDUKI, N. G. Política habitacional e inclusão social no Brasil: revisão histórica e novas perspectivas no governo Lula. Arq.Urb., São Paulo, v. 1, p. 70-104, 2019.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Minha Casa, Minha Vida: habitação urbana: recursos FGTS. [S.l.], 2023. Disponível em: https://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/urbana/Paginas/default.aspx. Acesso em: 19 mar. 2023.

CALDEIRA, T. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34: Edusp, 2000.

CALIXTO, M. J. M. S. Da Lógica centro-periferia à lógica socioespacial fragmentária em uma cidade média. Mercator, Fortaleza, v. 20, p. 1-18, 2021.

CARDOSO, A. L.; ARAGÃO, T. A. Do fim do BNH ao Programa Minha Casa Minha Vida: 25 anos da política habitacional no Brasil. In: CARDOSO, A. L. (org.). O programa Minha Casa Minha Vida e seus efeitos territoriais. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013. p. 16-65.

CARLOS, A. F. A. Diferenciação socioespacial. Cidades, Chapecó, v. 4, n. 6, p. 45-60, 2007.

CASTELLS, M. A questão urbana. São Paulo: Paz & Terra, 2020.

CHETRY, M. Os conceitos da metrópole latino-americana contemporânea. Revista Eletrônica de Estudos Urbanos e Regionais (e-metropolis), Rio de Janeiro, n. 16, ano 5, p. 61-67, 2014. Disponível em: http://emetropolis.net/artigo/125?name=os-conceitos-da-metropole-latino-americana-contemporanea-o-exemplo-da-fragmentacao-socioespacial. Acesso em: 30 ago. 2023.

CORRÊA, B. R. A atuação da MRV Engenharia S/A no espaço urbano brasileiro: o caso de Presidente Prudente-SP e Ribeirão Preto-SP. Revista Geografia em Atos, Presidente Prudente, v. 6, n. 2, p. 27-44, 2022.

CORRÊA, R. L. Diferenciação sócio-espacial, escala e práticas espaciais. Cidades, Chapecó, v. 4, n. 6, p. 62-72, 2007.

CYMBALISTA, R.; MOREIRA, T. Política habitacional no Brasil: a história e os atores de uma narrativa incompleta. In: ALBUQUERQUE, M. C. (org.). Participação popular em políticas públicas: espaço de construção da democracia brasileira. São Paulo: Instituto Pólis, 2006. p. 31-48.

DAL POZZO, C. F. Fragmentação socioespacial: práticas espaciais do consumo segmentado em Ribeirão Preto e Presidente Prudente. Revista da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE), [s.l.], v.11, n.16, p. 279-324, 2015.

GÓES, E. M.; SPOSITO, M. E. B. Práticas espaciais, cotidiano e espaço público: o consumo como eixo da análise do calçadão de Presidente Prudente-SP. Revista da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE), [s.l.], v. 12, n. 19, p. 39-65, 2016.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População: Presidente Prudente. [Rio de Janeiro: IBGE], 2010. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/presidente-prudente/panorama. Acesso em: 19 mar. 2023.

LEFEBVRE, H. La production de l’espace. Paris: Anthropos, 2000.

MARICATO, E. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias: planejamento urbano no Brasil. In: ARANTES, O.; VAINER, C.; MARICATO, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 121-192.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Secretaria Especial de Fazenda. Secretaria de avaliação, planejamento, energia e loteria. Relatório de Avaliação. Brasília: [ME], 2020. Disponível em: https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/noticias/2021/04/cgu-divulga-prestacao-de-contas-do-presidente-da-republica-de-2020/relatorio-de-avaliacao-pmcmv.pdf. Acesso em: 19 mar. 2023.

NAGIB, G. Agricultura urbana como ativismo na cidade de São Paulo. São Paulo: Annablume, 2018.

NAKAYAMA, K. A. Permanências anunciadas e hegemonias das permanências: políticas e projetos de habitação de interesse social em Curitiba. 2021. Tese (Doutorado em Gestão Urbana) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2021.

NASCIMENTO NETO, P., MOREIRA, T. A., SCHUSSEL, Z. G. L. Conceitos divergentes para políticas convergentes: Descompassos entre a política nacional de habitação e o programa Minha Casa, Minha Vida. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, Presidente Prudente, v. 14, n. 1, p. 85-98, 2012.

NAVEZ-BOUCHANINE, F. Émergence d’une notion : quelques repères historiques. In: NAVEZ-BOUCHANINE, F. (dir.). La fragmentation en question: des villes entre fragmentation spatiale et fragmentation sociale? Paris: L’Harmattan, 2002. p. 19-44.

PRÉVÔT SCHAPIRA, M.-F. Fragmentación espacial y social: conceptos y realidades. Perfiles Latinoamericanos, Cidade do México, v. 9, n. 19, p. 33-56, 2001.

ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015.

ROLNIK, R.; PEREIRA, L. S.; MOREIRA, F.A.; ROYER, L. O.; IACOVINI, R.F.G.; NISIDA, V. C. O programa Minha Casa Minha Vida nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas: aspectos socioespaciais e segregação. Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 17, n. 33, p. 127-154, 2015.

RUFINO, B. A disseminação da forma condomínio no Programa Minha Casa Minha Vida (PMVMC): privatização da urbanização para os mais pobres? Revista de Geografía Espacios, Santiago, v. 8, n. 18, p. 241-265, 2019.

SALGUEIRO, T. Lisboa, periferia e centralidades. Oeiras: Celta, 2001.

SANTOS, F. C. A. S. O espaço–tempo das políticas habitacionais em Presidente Prudente/SP. 2020. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2020.

SPOSITO, E. S. Produção e apropriação da renda fundiária urbana em Presidente Prudente. 1990. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1990.

SPOSITO, E. S.; SPOSITO, M. E. B. Fragmentação socioespacial. Mercator, Fortaleza, v. 19, p. 1-13, 2020.

SPOSITO, M. E. B. O chão em Presidente Prudente: a lógica da expansão territorial urbana. 1983. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1983.

SPOSITO, M. E. B. Segregação socioespacial e centralidade urbana. In: VASCONCELLOS, P. A.; CORRÊA, R. L.; PINTAUDI, S. M. (org.). A cidade contemporânea: segregação espacial. São Paulo: Contexto, 2013. v. 1. p. 61-93.

SPOSITO, M. E. B. Diferenças e desigualdades em cidades médias no Brasil: da segregação à fragmentação socioespacial. Latin America Studies Association Congress Papers, Boston, v. 1, p. 1-25, 2019.

SPOSITO, M. E. B.; GÓES, E. M. Espaços fechados e cidades: insegurança urbana e fragmentação socioespacial. São Paulo: UNESP, 2013.

VILLAÇA, F. Espaço intraurbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

WACQUANT, L. Territorial stigmatization in the age of advanced marginality. Thesis Eleven, [s.l.], n. 91, p. 66-77, 2007.

Downloads

Publicado

2023-10-17

Como Citar

NAGIB , Gustavo; NAKAYAMA, Katia Atsumi. A (re)produção do espaço popular sob a lógica socioespacial fragmentária: o caso de Presidente Prudente-SP. PerCursos, Florianópolis, v. 24, p. e0302, 2023. DOI: 10.5965/19847246242023e0302. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/23437. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê “Questão Urbana, os sujeitos dos territórios populares e a luta pelo direito à cidade”