Do samba de roda ao rap: trânsitos musicais e marcadores sociais das diferenças em contextos de resistência de mulheres negras em Cachoeira/BA

Autores

  • Francimária Ribeiro Gomes Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.5965/2525530404012019049

Palavras-chave:

Mulheres negras, Música, Feminismos, Comunicação popular

Resumo

O artigo apresenta os contextos em torno dos processos de protagonismo de mulheres negras ligadas ao samba de roda e ao rap em Cachoeira, Recôncavo da Bahia. Marcadas por suas condições de gênero, raça/etnia e classe social, as interlocutoras têm suas trajetórias analisadas a partir do desenvolvimento da cidade desde o aporte teórico dos estudos da etnomusicologia, dos feminismos e dos estudos culturais. A metodologia é traçada a partir de um estudo etnográfico de caráter qualitativo, que tem como foco um estudo empírico baseado no diálogo da autora com as interlocutoras. Ela se sustenta a partir de uma pesquisa bibliográfica da história de Cachoeira, com o objetivo de traçar a importância das mulheres negras para o desenvolvimento da cidade, tendo o samba de roda como formador da identidade cultural diaspórica do Recôncavo. Por meio da Análise Crítica do Discurso das letras de músicas é possível perceber os gêneros musicais em questão como elementos ligados à cultura popular em diferenciados aspectos geracionais e que podem se tornar potências de ação comunicacional por meio da produção de discursos contra-hegemônicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francimária Ribeiro Gomes, Universidade Federal da Bahia

Jornalista e Comunicadora Popular. Mestra em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo pelo PPGNEIM/UFBa. Pesquisadora e Performer da Feminária Musical: grupo de estudos e experimentos sonoros. É docente temporária do Departamento de Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia.

Referências

BERTULIO, Dora Lúcia de Lima. Racismo, violência e direitos humanos: considerações sobre a discriminação de raça e gênero na sociedade brasileira. 2001.

BAIRROS, Luíza. Nossos Feminismos Revisitados. In: Dossiê Mulheres Negras – Matilde Ribeiro (org). Revista Estudos Feministas, Florianópolis/SC, CFH/CCE/UFSC, v.3 n. 3, 1995.

BARBOSA, Magnair Santos. Cachoeira: ponto de confluência do Recôncavo Baiano. In: Festa da Boa Morte. Cadernos do IPAC,2. – Salvador: Fundação Pedro Calmon; 2010.

CARDOSO, Cláudia Pons. Outras falas: feminismos na perspectiva de mulheres negras brasileiras. Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Salvador, 2012. Tese (Doutorado). 383f.

CHAUÍ, Marilena. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. Editora Brasiliense. 6a reimpressão. São Paulo – SP. 1996.

COLLINS, Patricia Hill. Rasgos distintivos del pensamiento feminista negro. Em: Jabardo, Mercedes (Org.). Feminismos Negros: una antologia. Madrid, Traficante de Suenos, 2012.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, 2000, pp. 171-188.

DINIZ, Flávia Cachineski. Capoeira Angola: identidade e trânsito musical. Dissertação de Mestrado em Etnomusicologia. Universidade Federal da Bahia. Salvador: UFBA/Escola de Música, 2011. 247f.

DÖRING, Katharina. Samba de Roda: visibilidade, consumo cultural e estética musical. Revista do Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural – UNEB. Pontos de Interrogação, v.3, n.2, jul./dez. 2013. p.147-174

DÖRING, Katharina. Cantador de chula: o samba antigo do recôncavo baiano. 1. ed. - Salvador, BA : Pinaúna, 2016.

EVARISTO, Conceição. Histórias de leves enganos e parecenças. Rio de Janeiro: Malê, 2016.

FANON, Frantz. Pele negra mascaras brancas. Trad. Renato da Silveira, Salvador, Edufba, 2008.

FINNEGAN, Ruth. ¿Por qué estudiar la música? Reflexiones de una antropóloga desde el campo. Revista Transcultural de Música, n.6, junio, 2002. Sociedad de Etnomusicología Barcelona, España.

FREIRE, Rebeca Sobral. Hip Hop feminista?: convenções de gênero e feminismos no movimento hip hop soteropolitano. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Bahia. Salvador, UFBA/PPGNEIM 2011. 171f.

GIACOMINI, Sonia Maria. Mulher e escrava: uma introdução histórica ao estudo da mulher negra no Brasil. 2.ed. – Curitiba: Appris, 2013.

GIROY, Paul. O Atlântico Negro - Modernidade e Dupla Consciência. São Paulo/Rio de Janeiro. Editora 34/UCAM, 2001.

GOMES, Francimária R; ROSA, Laila. Os processos de protagonismo de mulheres negras no Recôncavo da Bahia: o samba de roda como mediador das relações cotidianas. In: Anais do V Seminário PPGCS/UFRB. Cachoeira, dez. 2015.

GOMES, Francimária Ribeiro. Trânsitos musicais e comunicação popular: experiências de protagonismo de mulheres negras em Cachoeira, BA. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal da Bahia. Salvador, UFBA/PPGEIM 2017. 159f.

GOMES, Rodrigo Cantos Savelli. A Casa do Samba, o Samba da Rua: relações de gênero, arte e tradição no samba carioca. In Estudos de gênero, corpo e música: abordagens metodológicas. 354-379p. Goiânia/Porto Alegre. ANPPOM, 2013.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje. ANPOCS, 1984, p. 223-244.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, Nº. 92/93 (jan./jun.). 1988b, p. 69-82.

GUERREIRO, Goli. Terceira diáspora. Culturas negras no mundo atlântico. Salvador: Corrupio, 2010.

GRAEFF, Nina. Os ritmos da roda: tradição e transformação do samba de roda. Salvador: EDUFBA, 2015.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

HALL, Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Organização de Liv Sovick. Traduação de Adelaine La Guardia Resende... [et al]. 1ª Ed atualizada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

IPHAN. Dossiê de registro do Samba de Roda do Recôncavo Baiano. 2006.

LÜHNING, Angela; ROSA, Laila. Música e cultura no Brasil. Da invisibilidade e “inaubilidade” à percepção dos sujeitos musicais. In Cultura: múltiplas leituras. Paulo César Alves (org.). Bauru, SP: EDUSC; Salvador: EDUFBA, 2010.

MARQUES, Francisca. Samba de Roda em Cachoeira, Bahia: uma abordagem etnomusicológica. 270f. Dissertação de Mestrado, Escola de Música – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2003.

MARQUES, Francisca. Festa da Boa Morte e Glória: ritual, música e performance. 318f. Tese de Doutorado, Departamento de Antropologia Social -Universidade de São Paulo, 2008.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações. Comunicação, cultura e hegemonia. 6ª ed. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2009.

MISOCZKY, Maria Ceci. Análise crítica do discurso: uma apresentação. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional. Volume 3, Número 2, mai./ago. 2005.

MOREIRA, Talitha Couto. Música, materialidade e relações de gênero: categorias transbordantes. 177f. Dissertação de Mestrado, Escola de Música – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2012.

MOREIRA, Talitha Couto. Música, materialidade e relações de gênero: categorias transbordantes. In Estudos de gênero, corpo e música: abordagens metodológicas. 354-379p. Goiânia/Porto Alegre. ANPPOM, 2013.

NICHOLSON, Linda L. Hacia un método para comprender el genero. In ESCANDÓN, C.R. (org). Género e História. México: Instituto Mora/UAM. 1992.

NASCIMENTO, Luiz Cláudio Dias do. Bitedô: onde moram os nagôs: redes de sociabilidades africanas na formação do candomblé jêje-nagôno recôncavo baiano. Rio de Janeiro, CEAP, 2010.

NEPOMUCENO, Bebel. Protagonismo ignorado. In PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (Org.). Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012.

OLIVEIRA, Roberto Camargos de. Rap e política: percepções da vida social brasileira. 1.ed. São Paulo: Boitempo, 2015.

QUEIROZ, Clécia. A Estrela Dalva do samba de Cachoeira. In As bambas do samba: mulher e poder na roda. Marilda Santana, organização. Salvador,: EDUFBA, 2016.

PERUZZO, Cicilia M.K. Conceitos de comunicação popular, alternativa e comunitária revisitados. Reelaborações no setor. Palabra Clave. Volumen 11. Número 2. Deciembre 2008.

ROCHA, Décio; DEUSDARA, Bruno. Análise de Conteúdo e Análise do Discurso: aproximações e afastamentos na (re)construção de uma trajetória. Alea, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 305-322, Dezembro. 2005.

RODRIGUES, Maria Natália Matias. Jovens mulheres rappers: reflexões sobre gênero e geração no movimento hip hop. Dissertação de Mestrado em Psicologia. Universidade Federal de Pernambuco. UFPE, 2013. 160f.

SANTOS, Renata Conceição dos. Cantos de Trabalho: rupturas e permanências no Recôncavo sul da Bahia. Anais do III Encontro Estadual de História: Poder, cultura e diversidade. Associação Nacional de História – Seção Bahia, Caetité: UNEB, 2007.

SANTOS, Fernanda da C. dos. Documentação do Samba de Roda Suerdieck. Monografia (Graduação) – Centro de Artes, Humanidades e Letras, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cachoeira, 2010. 100f.

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Jorge Zahar ED; ED UFRJ, 2001.

SANTANA, Sandro. Música e ancestralidade na Quixabeira. EDUFBA, Salvador. 2012.

SEEGER, Anthony. Etnografia da música. Tradução Giovanni Cirino. Cadernos de Campo, São Paulo, n.17, p.1-248, 2008.

SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: Identidade e diferença. Organizado por Tomaz Tadeu da Silva. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2000 p. 73102

SOUSA, Mauro Wilton de. Recepção mediática: linguagem de pertencimento. Novos Olhares, Departamento de Cinema, Rádio e TV, Universidade de São Paulo, Brasil, nº 3, 1999, p.12-30

WERNECK, Jurema Pinto. Nossos passos vêm de longe! Movimento de mulheres negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. Revista da ABPN, v. 1, n. 1, p. 1-11, mar./jun. 2010a.

Downloads

Publicado

2019-09-11

Como Citar

GOMES, Francimária Ribeiro. Do samba de roda ao rap: trânsitos musicais e marcadores sociais das diferenças em contextos de resistência de mulheres negras em Cachoeira/BA. Orfeu, Florianópolis, v. 4, n. 1, p. 49–81, 2019. DOI: 10.5965/2525530404012019049. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/orfeu/article/view/1059652525530404012019049. Acesso em: 21 nov. 2024.