E-ISSN 1982-615x
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 257-309, jul/dez. 2024
Dossiê - A revolução da cultura digital no jornalismo de
moda: futuros possíveis
V.17, N.43 — 2024
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1982615x171432024257
Moda e Semiótica: uma análise de capas
da revista Vogue Brasil em tempos de
pandemia
Marcelino Gomes dos Santos
Mestre, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte / marcelinogomes_outlook.
com
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8864-5126 / http://lattes.cnpq.br/3365036460718914
Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Doutor, Universidade Federal do Rio Grande do Norte / durvalaljr@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4153-9240 / http://lattes.cnpq.br/7585947992338412
Juan dos Santos Silva
Mestre , Universidade Federal do Rio Grande do Norte / juanfflorencio@gmail.com
Orcid: http://orcid.org/0000-0002-9075-3071 / http://lattes.cnpq.br/6766208302114505
Poincyana Sonaly Bessa de Holanda
Mestre, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN / poincyanabessa@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0003-5115-6734 / http://lattes.cnpq.br/6608911419730120
Enviado: 16/01/2024 // Aceito: 10/05/2024
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Moda e Semiótica: uma análise de capas da
revista Vogue Brasil em tempos de pandemia
RESUMO
Este artigo trata de uma análise semiótica das capas da revista Vogue Brasil,
lançadas no primeiro ano da pandemia da Covid-19. Objetiva-se, neste
caminho, analisar os sentidos produzidos pelas capas da referida revista de
moda em 2020, recorte temporal em que o mundo testemunhou os efeitos
mais nocivos da pandemia. Para realizar a análise semiótica das capas
recorreu-se aos suportes digitais online. A partir das fontes encontradas,
procedeu-se com uma análise semiótica das capas, estabelecendo relações
entre os sentidos produzidos por elas e sua ligação com o “espírito dos
tempos”, isto é, com o contexto histórico em que foram produzidas. Como
fundamentação teórica, as análises semióticas respaldam-se nos estudos
de Lúcia Santaella (1983; 2010) sobre Semiótica; em estudos de Joly
(2012) e Kossoy (2019) sobre imagem e produção de sentidos, além
de outras pesquisas que tomaram as capas de revistas como objetos de
análise, como o trabalho de Holanda (2017). Os resultados da pesquisa
apontam para uma postura discreta e sutil da Vogue Brasil ao tratar da
pandemia da Covid-19, ao mobilizar elementos semióticos em suas capas
que fazem referência direta a essa questão de saúde pública mundial,
ainda que o foco da referida revista não seja assuntos dessa natureza.
Palavras-chave: Moda; Semiótica; Vogue Brasil.
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Fashion and Semiotics: an analysis of Vogue
Brasil magazine covers in times of pandemic
ABSTRACT
This article deals with a semiotic analysis of the covers of Vogue Brasil
magazine, launched in the rst year of the Covid-19 pandemic. The aim
of this path is to analyze the meanings produced by the covers of the
aforementioned fashion magazine in 2020, a time frame in which the
world witnessed the most harmful eects of the pandemic. To carry out
the semiotic analysis of the covers, online digital media was used. Based
on the sources found, a semiotic analysis of the covers was carried out,
establishing relationships between the meanings produced by them and
their connection with the “spirit of the times”, that is, with the historical
context in which they were produced. As a theoretical foundation, semiotic
analyzes are supported by the studies of Lúcia Santaella (1983; 2010)
on Semiotics; in studies by Joly (2012) and Kossoy (2019) on image and
production of meaning, in addition to other research that took magazine
covers as objects of analysis, such as the work of Holanda (2017). The
research results point to a discreet and subtle stance taken by Vogue Brasil
when dealing with the Covid-19 pandemic, by mobilizing semiotic elements
on its covers that make direct reference to this global public health issue,
even though the focus of that magazine is not be matters of this nature.
Keywords: Fashion; Semiotics; Vogue Brasil.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Moda y Semiótica: un análisis de portadas de
la revista Vogue Brasil en tiempos de pandemia
RESUMEN
Este artículo aborda un análisis semiótico de las portadas de la revista
Vogue Brasil, lanzada en el primer año de la pandemia de Covid-19. El
objetivo de este camino es analizar los signicados que produjeron las
portadas de la citada revista de moda en 2020, un período en el que el
mundo fue testigo de los efectos más nocivos de la pandemia. Para realizar
el análisis semiótico de las portadas se utilizaron medios digitales online.
A partir de las fuentes encontradas se realizó un análisis semiótico de las
portadas, estableciendo relaciones entre los signicados producidos por
las mismas y su conexión con el “espíritu de la época”, es decir, con el
contexto histórico en el que fueron producidas. Como fundamento teórico,
los análisis semióticos se sustentan en los estudios de Lúcia Santaella
(1983; 2010) sobre Semiótica; en estudios de Joly (2012) y Kossoy (2019)
sobre imagen y producción de signicado, además de otras investigaciones
que tomaron como objeto de análisis portadas de revistas, como el trabajo
de Holanda (2017). Los resultados de la investigación apuntan a una
postura discreta y sutil adoptada por Vogue Brasil frente a la pandemia
de Covid-19, al movilizar en sus portadas elementos semióticos que hacen
referencia directa a este problema de salud pública global, aunque el foco
de esa revista no sea ser asuntos de esta naturaleza.
Palabras-clave: Moda; Semiótica; Vogue Brasil.
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1. INTRODUÇÃO
Entre o m do ano de 2019 e, de modo mais acentuado, ao
longo do ano de 2020 até o presente, a pandemia do SARS-CoV-2
desencadeou milhares de mortes no mundo; sobretudo, devido aos
sintomas da doença causada pelo referido vírus, a Covid-19, e a
inexistência de uma vacina para combatê-la no início do período
pandêmico - e que seria desenvolvida tempos depois.
Além dos grandes impactos causados em áreas importantes
para a vida humana, como a Saúde Pública, a Educação, o Trabalho,
entre outras, a pandemia trouxe implicações negativas no que diz
respeito às atividades empreendidas por indústrias de diversos
segmentos, que tiveram suas dinâmicas de organização e produção
modicadas, no sentido de se adaptarem às novas condições impostas
pela emergência do novo vírus.
Nesse contexto, a Indústria da Moda, a exemplo de muitas
outras esferas que compõem a nossa sociedade, sofreu impactos
signicativos em sua dinâmica de produção, devido às consequências
desencadeadas pela pandemia. Ainda assim, os meios de comunicação
especializados em moda continuaram a produzir campanhas
publicitárias, capas de revistas, desles, coleções de moda, mesmo
que de formas distintas do que se fazia antes do período pandêmico.
Um exemplo de atividade desenvolvida nessa esfera que não
parou durante a pandemia foi a produção discursiva das revistas de
moda, as quais continuaram a gerar conteúdo (sobretudo, digital)
em um período de isolamento social e diculdades de se realizar
trabalhos presenciais, por causa dos riscos de contágio com o vírus
causador da Covid-19. Mensalmente, as revistas de moda publicaram
novas edições, de forma ininterrupta, como as renomadas Vogue,
Elle, L’Ociel e Harper’s Bazaar, por exemplo.
De modo geral, na sociedade, os veículos de comunicação
midiática tiveram um papel importante no que diz respeito à
veiculação de informações sobre a pandemia, além da relevância em
termos de comunicação social, produção de saberes e comunicação
de mensagens para cidadãos do mundo inteiro.
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No viés da discussão sobre os discursos da moda e a produção
de sentidos em tempos pandêmicos, este artigo trata de uma análise
semiótica de capas da revista Vogue Brasil lançadas durante o
primeiro ano da pandemia da Covid-19, com vistas ao exame dos
sentidos produzidos pelas capas sobre a pandemia, cujo início foi
decretado pela Organização Mundial da Saúde OMS, ocialmente,
em 11 de março de 2020, tendo o seu m decretado pela mesma
agência mundial de saúde somente em 05 de maio de 2023.
Deste modo, a escolha do recorte temporal foi realizada de
forma intencional, uma vez que este artigo trata, também, do diálogo
entre um veículo de informação de moda prestigiado com a sociedade
em um momento crítico, como os primeiros anos da pandemia da
Covid-19, que vieram recongurar as dinâmicas de se fazer e falar
sobre moda no tempo presente.
Diante da impossibilidade de analisar no presente artigo
todas as capas produzidas pela Vogue Brasil durante a pandemia,
selecionamos 7 capas, lançadas entre janeiro e junho de 2020, que
fazem referência direta à pandemia da Covid-19, para analisar e
discutir à luz dos pressupostos teóricos da Semiótica.
2. SEMIÓTICA, SIGNOS E SENTIDOS
No sentido da análise das capas da revista Vogue Brasil, partimos
da compreensão de que “texto, na tradição semiótica, não se limita
à conguração linguística, articulada pela língua natural” (Machado,
2010, p. 05); ou seja, em uma perspectiva semiótica, os textos são
considerados plurais, como gestos, sons, imagens, cores, texturas,
entre outros.
Logo, as capas de revista se apresentam como materialidades
que nos permitem gestos de leitura e interpretação semiótica, uma
vez que se constituem de textos verbais e não-verbais, permeados
de signos. As capas das revistas de moda apresentam elementos
linguísticos e imagéticos que, juntos, produzem sentidos que são
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disseminados na sociedade. Sobre este aspecto, Lucia Santaella
explica que:
Quando dizemos linguagem, queremos nos
referir a uma gama incrivelmente intrincada
de formas sociais de comunicação e de signi-
cação que inclui a linguagem verbal articula-
da, mas absorve também, inclusive, a lingua-
gem dos surdos-mudos, o sistema codicado
da moda, da culinária e tantos outros. Enm:
todos os sistemas de produção de sentido aos
quais o desenvolvimento dos meios de repro-
dução de linguagem propicia hoje uma enor-
me difusão (Santaella, 1983, p. 02).
Consideramos que existem diversas linguagens e todas
elas produzem sentidos, sendo o signicado e o signicante “na
terminologia saussuriana, os componentes do signo” (Barthes,
1999, p. 39). No universo da moda, as signicações estão, também,
alinhavadas à história e à cultura, não podendo se dissociar delas
para fazer sentido. Conforme nos explica Santaella (2010, p. 226),
mensagens são signos; sendo assim, há uma relação indissolúvel
entre a comunicação e a semiótica.
Podemos compreender que os signos presentes nas capas da
revista Vogue Brasil constituem mensagens que são comunicadas
ao público que tem acesso a essas revistas, que leem os elementos
verbais e não-verbais presentes em suas capas. Conforme salienta
Dimbleby (1990, p. 90), a nossa leitura, isto é, o “nosso julgamento
é baseado nesses signos e em nossa habilidade em percebê-los e
sobre eles formar um juízo [...] baseado em nosso conhecimento e
experiência anterior”.
A cada mês, uma nova edição da revista Vogue Brasil é lançada.
Sobre a presença de imagens nas capas das revistas de moda, Joly
(2012, p. 48) nos explica que elas constituem “uma linguagem
especíca e heterogênea” e que essa linguagem “distingue-se do
mundo real a que, por meio de signos particulares dele, propõe uma
representação escolhida e necessariamente orientada”. Ainda sobre
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o aspecto da imagem como produtora de sentidos, Joly destaca que:
Qualquer imagem é representação [...] se es-
sas representações são compreendidas por
outras pessoas além das que a as fabricam, é
porque existe entre elas um mínimo de con-
venção sociocultural, em outras palavras, elas
devem boa parcela de sua signicação a seu
aspecto de símbolo, segundo a denição de
Peirce. A teoria semiótica permite-nos captar
não apenas a complexidade, mas também
a força da comunicação pela imagem (Joly,
2012, p. 40).
Logo, nossas análises e discussões encontram respaldo nas
premissas da Semiótica, uma vez que ela “tem por objetivo o exame
dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como
fenômeno de produção de signicação e de sentido” (Santaella,
1983, p. 19). Além disso, consideramos a história como elemento
importante no processo de signicação, uma vez que, “sem conhecer
a história de um sistema de signos e do contexto sociocultural em
que ele se situa, não se pode detectar as marcas que o contexto
deixa na mensagem” (Santaella, 2010, p. 06).
Importante destacar que as capas de revista constituem
um gênero discursivo, composto por elementos signicantes muito
particulares e característicos, cujos elementos constituintes devem
ser levados em consideração no momento de sua análise. Sobre este
aspecto, conforme nos explica Holanda:
Na perspectiva bakhtiniana, todos os
enunciados possuem formas relativamente
estáveis, de modo que o gênero discursivo
possui três elementos fundamentais, a
saber: conteúdo temático, estilo e construção
composicional. Esses elementos situam os
gêneros em cada esfera social. Diante dessa
realidade, consideramos a capa de revista
como gênero, pois ela elenca características
que lhe são típicas (Holanda, 2017, p. 62).
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A autora destaca elementos que são importantes na
constituição das capas de revista enquanto gêneros discursivos,
sendo um dos mais importantes o título, “conhecido no ambiente
jornalístico por manchete” (Holanda, 2017, p. 63). Além disso,
a pesquisadora chama nossa atenção para o subtítulo, “cuja
função é propagar informações e completar o projeto de dizer
do título”. (Holanda, 2017, p. 64). Outro elemento constituinte
de suma importância seria a imagem, muito comum no gênero
discursivo capa de revista. De acordo com a pesquisadora:
Ela é uma ilustração que compõe a construção
visual, seja em função de uma expressão
individual do autor. seja de um grupo comercial.
Sem dúvida, trata-se de um elemento que
propaga sentido e orienta sua signicação,
pois ao ser articulado com a manchete, possui
uma natureza polissêmica diante da imagem
preestabelecida na capa. Isso só é possível
a partir do momento em que a fotograa
passa por um tratamento técnico/criativo,
em função de uma determinada nalidade/
intencionalidade (Holanda, 2017, p. 64).
Sobre a presença de imagens em capas de revista como a Vogue
Brasil, é importante destacar que sua leitura precisa ser relacionada
ao contexto histórico, uma vez que, conforme nos aponta Kossoy
(2009, p. 21), “quaisquer que sejam os conteúdos das imagens
devemos considerá-las sempre como fontes históricas de abrangência
multidisciplinar”.
Além dos elementos referidos anteriormente, o processo de
constituição da capa traz outro elemento fundamental, “pois sem
ela caria inviável a criação de um produto e/ou serviço, no caso,
a marca da empresa” (Holanda, 2017, p. 65). No caso da revista
em análise, trata-se da marca Vogue, cujas capas apresentam
“uma característica prototípica que possibilita o seu reconhecimento
imediato” (Holanda, 2017, p. 67).
Portanto, todos os referidos elementos presentes no gênero
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discursivo capa de revista nos interessam no momento da análise
das capas produzidas pela Vogue Brasil, que seguem uma estrutura
composta por elementos que se repetem a cada edição da revista de
moda, além de outros elementos que são modicados em edições
especiais.
Esses elementos semióticos (logotipo, título, subtítulo, imagens,
entre outros) possibilitam a leitura dos signos presentes nas capas
em sua relação íntima com a história, conforme discutimos em nossas
análises.
3. METODOLOGIA
Para realizar a análise semiótica das capas recorreu-se aos
suportes digitais online. A partir das fontes encontradas, selecionamos
capas para análise e realizamos uma leitura semiótica, levando em
consideração os seus elementos constitutivos, a saber: marca/
logotipo, título, subtítulo e imagens.
Realizamos uma leitura dos signos presentes nas capas, e
cruzamos nossas análises com informações históricas que constituem
o seu contexto de produção, uma vez que, conforme destaca Santaella,
é necessário descrever sua relação com o que “está fora da própria
mensagem” (Santaella, 2010, p. 48), momento em que “o real salta
para fora dessas imagens e assalta a sensibilidade do espectador”.
Vale salientar que, mensalmente, a revista Vogue Brasil lança
novas edições, físicas e digitais. Para cada edição mensal, são lançadas
capas distintas para a versão física e digital. Há casos em que são
lançadas mais de uma capa para um determinado mês. Um exemplo
dessas ocorrências pode ser ilustrado com os lançamentos do mês
de fevereiro de 2021, onde foram produzidas 3 capas distintas para
a versão física da Vogue Brasil. Além dessas, para a versão digital de
fevereiro de 2021, foi lançada uma capa especial, com a participação
da cantora Gal Costa. Ou seja, em um mesmo mês, a Vogue Brasil
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produziu 4 capas.
Diante disso, optamos por reunir as capas lançadas durante 2020
e, dentro desse conjunto de materialidades, selecionamos aquelas
que dialogam com a problemática da pandemia da Covid-19 de forma
mais direta, nomeadamente, as capas produzidas e lançadas durante
os 06 primeiros meses de 2020.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Um contexto global: a pandemia nas capas da Vogue
Portugal, Itália e Arábia
Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo
coronavírus era uma Emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional (ESPII) – o mais alto nível de alerta da Organização,
conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional.
Nesse contexto, várias revistas de moda de todo o mundo
publicaram edições alusivas à pandemia, como a Marie Claire,
Harper’s Bazaar e Elle, por exemplo. No que diz respeito à revista
Vogue, edições estabelecidas em diferentes países ao redor do mundo
trouxeram a pandemia à pauta.
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Figura 1. Vogue Portugal – Abril/2020
Fonte: Vogue Portugal, 2020.
A Vogue Portugal, por exemplo, mostrou em uma de suas capas,
publicada em abril de 2020, um casal simulando um beijo e usando
máscaras de proteção no rosto, com os dizeres “Freedom On Hold
Covid-19: Fear Will Not Stop Us” (em português, “Liberdade em
Pausa – Covid-19: O Medo Não Irá Nos Parar”), alusivos ao momento
de isolamento social, necessário naquele contexto de altos índices de
infectados e mortos em todo o mundo.
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Figura 2. Vogue Itália – Abril/2020.
Fonte: Vogue Italia, 2020.
A Vogue Itália, uma das publicações mais respeitadas da moda no
mundo, produziu uma capa totalmente em branco – a primeira edição
sem um ensaio fotográco em mais de cem anos mantendo apenas
elementos semióticos recorrentes e tradicionais, como o nome da
revista no topo (o icônico logotipo da Vogue) e o mês daquela edição
(abril de 2020).
No que se refere às cores como elementos semióticos, Gonzales
(2003) explica que seus signicados em um texto publicitário “são
denidos pelas relações entre as mensagens verbais e não-verbais
nele presentes”, isto é, “é preciso analisar as cores dentro do
contexto do anúncio, pois são as mensagens linguísticas que denem
o signicado de determinada cor, no texto” (Gonzales, 2003, p. 20).
Nessa perspectiva, Dondis (2007, p. 64) destaca que as cores
estão impregnadas de informação, sendo uma das experiências
visuais que os seres humanos têm em comum. São, portanto,
elementos importantes para os comunicadores visuais, capazes de
produzir muitos signicados, em contextos os mais variados.
Essa mudança drástica, ou seja, uma capa atípica publicada
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pela Vogue Itália, sem fotograas e totalmente branca, evidencia
que a mensagem produzida pela edição italiana da revista deveria
ser lida no sentido de compreendermos que, em abril de 2020, era
momento de aludir à pandemia, mesmo sendo essa uma questão de
saúde pública, e não necessariamente de moda (mesmo sabendo de
suas implicações para a indústria).
É evidente que os elementos semióticos presentes e ausentes
nessa capa (o logotipo, a data, as cores, a ausência de imagens)
apontam para a ideia de que a indústria da moda, no presente, não
pode mais ignorar questões de ordem social, como uma pandemia.
Note-se que a revista operou uma mudança radical da ordem
do discurso que produzia mensalmente, há décadas, para aludir a
uma questão mundial de saúde pública. Se antes era comum que as
revistas de moda se mantivessem neutras em relação a questões de
outras esferas, no mundo contemporâneo, é cada vez mais comum
perceber as revistas de moda (assim como as marcas de moda) se
posicionando em relação a questões que atravessam a esfera da
moda internacional.
Figura 3. Vogue Arabia – Abril/2020.
Fonte: Vogue Arabia, 2020.
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A Vogue Arabia trouxe a supermodelo Iman Abdulmajid na
edição de abril de 2020, usando uma máscara, produzindo uma
mensagem visual sobre a importância de seu uso no combate à crise
pandêmica, semelhante ao que fez a Vogue Portugal.
Os elementos semióticos presentes nessa capa (sobretudo,
a máscara e o próprio nome da supermodelo em destaque, como
título) são signicantes, pois evidenciam que até mesmo a renomada
modelo africana, uma das mais famosas personalidades da indústria
da moda, está usando e chamando a atenção da população para a
importância de um acessório de proteção em termos de saúde e não
apenas como um item fashion.
4.1 Análise de capas da revista Vogue Brasil em 2020
As 07 primeiras edições de 2020 tratam-se, notadamente, de
capas que foram produzidas no irradiar do ano pandêmico, em um
contexto de incertezas sobre o que acontecia no mundo naquele
momento.
No Brasil, o primeiro caso conrmado da doença ocorreu em
26 de fevereiro de 2020, pouco tempo antes do início do lockdown
(quarentena ou isolamento social). As primeiras mortes registradas
no país aconteceram em março do mesmo ano.
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Figura 4. Vogue Brasil –
Janeiro/2020.
Fonte: Vogue Brasil, 2020.
A capa de janeiro de 2020 traz a imagem da atriz brasileira Ísis
Valverde, abraçada a um coqueiro, vestindo um body com estampas
de animal print, que mimetizam a pele de uma zebra.
A atriz Ísis Valverde estampou a capa de janeiro de 2020, com
ensaio exclusivo realizado em Itacaré, na Bahia. Ela posou para as
lentes de Mariana Maltoni, com edição de moda de Pedro Sales e beleza
de Krisna Carvalho, em um dia ensolarado na região paradisíaca.
Na referida capa, na parte inferior, observamos o seguinte
enunciado: “Leveza de ser: otimismo, criatividade, respeito,
diversidade e sustentabilidade são os VALORES VOGUE em 2020 e
nossa missão nesta nova década”.
O enunciado remete aos pretensos valores da Vogue Brasil para
o ano de 2020, que produzem sentidos de positividade e otimismo, e
traz a imagem de Ísis Valverde em uma paisagem natural, tropical,
que reforçam a ideia de leveza do ser (os coqueiros, a praia, o céu
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azul), tendo em vista que a imagem da praia remete ao lazer, à fuga
da cidade, aos momentos de relaxamento e paz, de conexão do ser
humano com a natureza.
Na capa lançada em fevereiro do mesmo ano, podemos observar
3 mulheres abraçadas, olhando diretamente para a câmera, como
pode ser observado nas imagens.
Figura 5. Vogue Brasil –
Fevereiro/2020.
Fonte: Vogue Brasil, 2020.
Traz o enunciado “Conexão do bem: como usar o poder das
redes sociais para praticar upcycling e beneciar projetos sociais”,
rearmando os sentidos de positividade do mês anterior, uma vez que
a Vogue Brasil estaria apostando no upcycling, isto é, no processo de
uso de produtos, resíduos e peças aparentemente inúteis na criação
de novos produtos, atribuindo-lhes uma função diferente da qual o
produto ou partes dele foram inicialmente projetados.
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Figura 6. Vogue Brasil – Março/2020.
Fonte: Vogue Brasil, 2020.
A supermodelo sul-sudanesa Alek Wek é da edição de março
da Vogue Brasil. Na capa, podemos observar a modelo, uma mulher
negra, no centro da revista, posando sobre um fundo branco. No canto
esquerdo inferior da capa, há a presença do seguinte enunciado:
“NOVO GLAM - A volta do gypsy chic à moda + a febre dos cristais
nos olhos, unhas e cabelos: este inverno promete”.
A capa dessa edição enuncia a volta da moda gypsy, uma
tendência inspirada na moda dos ciganos de 1930 a 1970, que
surgiu da forma elaborada como esses povos nômades se vestiam.
A presença de uma mulher negra na capa da edição, usando um
look que traz a icônica estampa conhecida como paisley, um design
clássico que surgiu por volta do século XVIII, além de acessórios,
pulseiras e braceletes, produzem sentidos sobre a chamada moda
étnica, estética que traz elementos fortes de um estilo tradicional de
diferentes povos e culturas.
Como se pode observar, a capa não possui relação direta
com a pandemia que, no mês de março de 2020, foi declarada
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ocialmente pela OMS, gerando sentimentos de estranhamento,
medo, preocupação, incerteza e pânico em todo o mundo.
Fonte: Vogue Brasil, 2020.
Na edição 500, lançada em abril de 2020, a Vogue Brasil
publicou duas capas. Dessa vez, com a presença da cantora brasileira
Ivete Sangalo, personalidade conhecida na cena da música nacional,
especialmente, ligada ao período carnavalesco, cujo auge acontece
nos primeiros meses do ano, em meados de fevereiro.
Na primeira capa, a cantora ocupa o centro, com o busto
coberto de lantejoulas, inclusive, o próprio rosto. Na segunda capa,
o look usado por Ivete Sangalo é totalmente diferente: a cantora usa
luvas, braceletes, um laço vermelho no pescoço em formato de rosa,
maquiagem sutil e batom vermelho.
As capas apresentam elementos semióticos esperados: o
logotipo da Vogue Brasil, a edição e o mês. Em ambas as capas, há
a presença do seguinte enunciado, que se repete: “Ivete por Xuxa
+ os novos caminhos da moda em tempos de coronavírus”. Trata-
Figura 7. Vogue Brasil – Abril/2020.
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se de uma menção direta à problemática da pandemia, porém, de
uma forma muito discreta. O tamanho da fonte utilizada é pequeno,
em relação a outras informações da capa. O nome “Ivete” destaca-
se, sendo as outras informações escritas com uma fonte em menor
tamanho.
As fotograas da cantora brasileira, ainda que sigam uma
perspectiva de ensaio para revista de moda, não apresentam relação
direta com a pandemia. São imagens que seguem a estética clássica
e tradicional dos ensaios fotográcos para revistas de moda: a
presença de uma personalidade famosa (geralmente, mulher), o
uso de looks fashionistas (normalmente, assinados por designers
renomados), posando para as lentes de fotógrafos de moda, que
trabalham a corporeidade das modelos a partir de poses e perspectivas
performáticas.
Notamos que, nessa edição, é a primeira vez que a Vogue Brasil
faz referência direta à pandemia de forma textual, em suas capas.
Porém, como destacado anteriormente, a abordagem é muito sutil.
Caso não seja realizada uma leitura atenta da capa, é possível que os
leitores não percebam a presença da problemática da pandemia na
referida capa, uma vez que outros elementos semióticos (textuais e
imagéticos) chamam mais atenção do que a frase “os novos caminhos
da moda em tempos de coronavírus”, por exemplo.
Além disso, o enunciado aponta para a preocupação da Vogue
Brasil com as implicações do vírus para a indústria da moda, e não
necessariamente realiza algum tipo de recomendação ou alerta para
os seus leitores, como o fez a Vogue Arábia, imageticamente, ao exibir
uma imagem da supermodelo Iman usando uma máscara de proteção
comum, encontrada em farmácias e hospitais de todo o mundo, não
como acessório fashion usado pela modelo, mas como um item de
suma importância no sentido de proteção contra o vírus, que poderia
(e deveria) ser usado por todas as pessoas, independentemente de
sua posição social ou prossional.
No mês de abril, “o número de mortes no país superou o da
China, que registrou 4.632 fatalidades pela Covid-19. A quantidade
de infectados também alcançou números maiores do que do país
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asiático, que teve 83,9 mil casos” (Portal G1, 2020).Figura 8. Vogue
Brasil – Maio/2020.
Figura 8. Vogue Brasil – Maio/2020.
Fonte: Vogue Brasil, 2020.
Para a capa de maio de 2020, a Vogue Brasil lançou uma
edição com a imagem da übermodel Gisele Bündchen, fotografada
por Luigi & Iango, em preto e branco. No canto superior direito,
lemos o enunciado: “45 Anos – Gisele Bündchen por Luigi &
Iango”. No centro, na parte inferior, o enunciado diz: “Novo
Normal simplicar a vida e se concentrar no essencial são os
caminhos para ter um futuro mais ético e saudável”.
A presença de Gisele Bündchen na capa da Vogue Brasil
não é novidade. Mas, em relação ao contexto histórico, os
sentidos produzidos pelo enunciado se conectam à pandemia ao
considerar o cenário do país como sendo um “novo normal”, e
que seria necessário, daquele momento em diante, “simplicar
a vida e se concentrar no essencial”.
Em um contexto de “novo normal”, a Vogue parece não ter
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
seguido essa perspectiva, visto ter mantido capas que pareciam
tangenciar a pandemia; quando era esperado que a revista se
posicionasse explicitamente sobre a questão, como o fez outras
edições dela em outros países.
Ainda que, nessa capa, não tenha sido acusada,
explicitamente, a sua relação com a pandemia da Covid-19,
textualmente, como na edição de abril, o enunciado “novo
normal” estabelece essa relação de sentido, sendo replicado em
outras revistas e jornais no Brasil. Inúmeros outros veículos de
comunicação trataram o período pandêmico como sendo um
“novo normal”, um conceito muito debatido durante a pandemia.
Uma rápida pesquisa em mecanismos de busca como o Google
apresenta incontáveis matérias jornalísticas e artigos que
tratam dessa problemática, com este elemento semiótico sendo
repetido em diversos lugares.
Vale lembrar que a capa de maio de 2020 gerou uma
série de críticas à revista Vogue, na internet. Em uma matéria
publicada no portal Metrópoles, em 2020, que trata da polêmica
em torno desta edição da revista, é enfatizado que “a escolha
da Vogue Brasil em trazer Gisele Bündchen na capa da edição de
maio, acompanhada da frase ‘o novo normal’, pareceu insensível
e repercutiu de forma negativa” (METRÓPOLES, 2020).
É necessário mencionar que, em 31 de maio de 2020,
o Portal G1 publicou uma notícia cujo título dizia: “Casos de
coronavírus e número de mortes no Brasil em 31 de maio - As
secretarias estaduais de Saúde conrmam no país 514.992 casos
do novo coronavírus (Sars-CoV-2), com 29.341 mortes. Brasil
passou a França em número de óbitos”. Logo, o que podemos
observar, nesse momento, é uma abordagem ainda sutil da
Vogue Brasil em tratar da problemática da pandemia, no Brasil.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê 279
Figura 8. Vogue Brasil – Junho/2020.
No mês seguinte, após a polêmica capa lançada em maio de
2020, que gerou muitos debates e críticas pelo público consumidor
de moda no Brasil, a capa lançada pela versão brasileira da Vogue,
em junho de 2020, mudou radicalmente a conguração e a estética
que a revista seguia nos últimos anos. Foi lançada uma capa com um
fundo totalmente branco, na qual lemos o seg
uinte enunciado, escrito em letras maiúsculas, com destaque
em negrito, posicionado no centro da capa: “MODA. Sobre a referida
palavra, há a presença da imagem de um curativo adesivo (no Brasil,
popularmente referido como band-aid).
Em uma primeira leitura, podemos supor que a moda estaria,
ela mesma, ferida. Os sentidos produzidos pela presença da palavra
MODA na capa da Vogue Brasil, sobre a qual há um curativo, são
indicativos de que há uma ferida, isto é, há um dano, um machucado,
um ferimento que precisa ser tratado, ainda que o curativo apenas
proteja esse ferimento, sendo um paliativo.
A ausência de outros elementos na capa da revista, como
fotograas de supermodelos ou celebridades, como é recorrente,
também rearma a mensagem de que, naquele momento, o objetivo
Fonte: Vogue Brasil, 2020.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
da Vogue Brasil seria o de modicar radicalmente a capa da revista
para se posicionar em relação à pandemia da Covid-19, ainda que
não tenha mencionado a palavra “pandemia”, explicitamente, na
capa desta edição. A ausência de cores, a prevalência do branco,
inclusive, remete à edição da Vogue Itália, que chamou a atenção do
mundo da moda, por mudar radicalmente a estética da revista.
O que nos permite realizar essa leitura são as informações
externas, contextuais e históricas, em circulação no Brasil e no
mundo. Como exemplo, podemos citar uma matéria publicada pela
Vogue Brasil, no mesmo mês, cujo título questiona: “Como cam, na
prática, os desles de moda em 2020? Com o surto do coronavírus,
o calendário da moda foi descentralizado”. Note-se que a palavra
presente na capa, sobre a qual há um curativo, poderia ser outra,
como, por exemplo, “BRASIL, onde se produziriam outros sentidos,
mas a palavra que gura na capa de junho é a palavra “MODA.
Em linhas gerais, percebemos que a relação Vogue Brasil e
Covid-19 vai se esmaecendo ao longo do ano de 2020, tendo a revista
optado por tratar de outras temáticas nos últimos meses de 2020,
que não se relacionam com a pandemia de forma direta.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia da Covid-19 impactou o mundo, nocivamente, de
distintas formas. Os efeitos negativos para a vida humana e para
as relações sociais, políticas, econômicas, industriais, entre outras
esferas, são difíceis de mensurar, em totalidade. Ao longo dos anos,
os veículos de comunicação, como jornais, revistas, programas de TV
e, de modo geral, a internet, tiveram um papel signicativo, dentre
outras formas, no sentido de disseminar informações no seio da
sociedade, em um contexto de isolamento social e incertezas sobre
o presente e o futuro.
No caso das revistas de moda (das quais são exemplos
a Harper’s Bazaar, Marie Claire, Elle entre outras), muitas se
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê 281
posicionaram efetivamente em relação à crise pandêmica de forma
direta, produzindo conteúdos sobre essa problemática e, muitas
vezes, recongurando as formas de se produzir conteúdo de moda,
como as tradicionais capas de revista, que são lançadas mensalmente.
Não apenas no sentido de referenciar um problema de saúde pública
mundial, mas, sobretudo, de incentivar as pessoas a se protegerem
do vírus, usando máscara, por exemplo.
Ao longo do ano de 2020, a Vogue Brasil também produziu
capas de revista com referências à Covid-19 e ao contexto histórico
do Brasil nos anos de pandemia, trazendo elementos e referências
diretas à pandemia, ainda que somente nas capas de abril, maio
e junho de 2020, conforme mostramos nas análises. Em outras
capas, a relação estabelecida com a pandemia aconteceu de forma
indireta, cujos sentidos puderam ser relacionados a partir do contexto
de produção das capas, que nos permitiram gestos de leitura no
caminho da relação entre as capas lançadas e a crise pandêmica que
se instalou no mundo; e, de modo especial, no Brasil.
No geral, o que ca evidente é que a Vogue, em sua edição
brasileira, se posicionou de forma sutil em suas capas, se comparado
com outras capas da Vogue ao redor do mundo, fazendo referência
à pandemia de uma forma muito discreta, como a capa de maio
de 2020, com Gisele Bündchen e o “novo normal”; ou aquela onde
vemos um curativo sobre a palavra “MODA, capa de junho de 2020,
elementos semióticos que apontam para os impactos negativos da
pandemia para a indústria da moda.
Como vimos, outras edições da revista Vogue ao redor do
mundo se posicionaram mais enfática e efetivamente em relação à
pandemia, como a Vogue Arabia, que trouxe em uma de suas edições
a supermodelo Iman usando uma máscara de proteção facial, não
apenas fazendo referência ao vírus como sendo um “novo normal”,
ou aos impactos da crise pandêmica para a indústria da moda, mas
sim incentivando as pessoas do mundo inteiro a usarem a máscara
para se proteger do vírus, de rápido contágio e fácil propagação.
Note-se que a Vogue Arábia não rompeu com a tradição de trazer
uma celebridade para gurar em suas capas, mas, dessa vez, o fez
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
de uma forma comprometida com o combate à pandemia.
Mesmo que os índices de mortalidade continuassem crescendo
no país ao longo dos anos de 2020 e 2021, a Vogue Brasil não produziu
outras capas que enunciassem, diretamente, a crise pandêmica
que apenas foi declarada encerrada em 2023. A revista lançou, nos
meses seguintes, capas com signos que remetiam a outras temáticas
e caminhavam em sentidos outros, não mais em relação à pandemia
ou à Covid-19.
Entendemos que, geralmente, uma revista de moda lança
novas edições com ensaios de renomados fotógrafos e a participação
de modelos, celebridades e pessoas inuentes de todo o mundo. O
que destacamos nesse trabalho é a produção semiótica de sentidos
sobre a pandemia no espaço de dizibilidades das revistas de moda,
em especial, em suas capas. Neste caminho, o arcabouço teórico
e metodológico da Semiótica nos permitiu ler os signos presentes
nas capas e estabelecer relações de sentido entre os elementos
semióticos e a exterioridade, isto é, o contexto histórico de produção
das capas da revista Vogue Brasil.
As teorias da Semiótica, apresentadas nos trabalhos de Lúcia
Santaella, nos revelam os princípios da semiótica, bem como sua
aplicação prática, tendo por objetivo contribuir para que ela seja
utilizada como arcabouço para a investigação do mais amplo espectro
de objetos, como na área da moda, por exemplo.
Nossas análises nos permitem, portanto, pensar e problematizar
o papel de um importante veículo de informação, no âmbito da
moda, e o seu papel e importância em contextos remotos, como uma
pandemia.
Ainda que, essencialmente, as revistas de moda não tratem,
recorrentemente, de questões de ordem social, política ou de
saúde pública em suas capas (sendo essa abordagem mais comum
em revistas de outros segmentos), as referências à pandemia da
Covid-19 nas capas da revista Vogue, em suas edições internacionais
(em especial, a Vogue Brasil), abrem espaço para discussão sobre
o papel da indústria da moda, sua atuação social, seus interesses
contemporâneos e poder de inuência, no presente.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê 283
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E-ISSN 1982-615x
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 257-309, jul/dez. 2024
Dossiê - A revolução da cultura digital no jornalismo de
moda: futuros possíveis
V.17, N.43 — 2024
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1982615x171432024257
Fashion and Semiotics: an analysis of
Vogue Brasil magazine covers in times of
pandemic
Marcelino Gomes dos Santos
Master, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte / marcelinogomes_@
outlook.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8864-5126 // http://lattes.cnpq.br/3365036460718914
Durval Muniz de Albuquerque Júnior
PhD, Universidade Federal do Rio Grande do Norte / durvalaljr@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4153-9240 // http://lattes.cnpq.br/7585947992338412
Juan dos Santos Silva
Master, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ juanfflorencio@gmail.com
Orcid: http://orcid.org/0000-0002-9075-3071 // http://lattes.cnpq.br/6766208302114505
Poincyana Sonaly Bessa from Holland
Master, Universidade Federal do Rio Grande do Norte / poincyanabessa@gmail.com
Orcid :https://orcid.org/0009-0003-5115-6734 // http://lattes.cnpq.br/6608911419730120
Submitted:16/01/2024 // Accepted: 05/10/2024
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê 285
Fashion and Semiotics: an analysis of Vogue
Brasil magazine covers in times of pandemic
ABSTRACT
This article deals with a semiotic analysis of the covers of Vogue Brasil
magazine, launched in the rst year of the Covid-19 pandemic. The aim
of this path is to analyze the meanings produced by the covers of the
aforementioned fashion magazine in 2020, a time frame in which the
world witnessed the most harmful eects of the pandemic. To carry out
the semiotic analysis of the covers, online digital media was used. Based
on the sources found, a semiotic analysis of the covers was carried out,
establishing relationships between the meanings produced by them and
their connection with the “spirit of the times”, that is, with the historical
context in which they were produced. As a theoretical foundation, semiotic
analyzes are supported by the studies of Lúcia Santaella (1983; 2010)
on Semiotics; in studies by Joly (2012) and Kossoy (2019) on image and
production of meaning, in addition to other research that took magazine
covers as objects of analysis, such as the work of Holanda (2017). The
research results point to a discreet and subtle stance taken by Vogue Brasil
when dealing with the Covid-19 pandemic, by mobilizing semiotic elements
on its covers that make direct reference to this global public health issue,
even though the focus of the magazine is not issues of this nature.
Keywords: Fashion; Semiotics; Vogue Brazil.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Moda e Semiótica: uma análise de capas da
revista Vogue Brasil em tempos de pandemia
RESUMO
Este artigo trata de uma análise semiótica das capas da revista Vogue Brasil,
lançadas no primeiro ano da pandemia da Covid-19. Objetiva-se, neste
caminho, analisar os sentidos produzidos pelas capas da referida revista de
moda em 2020, recorte temporal em que o mundo testemunhou os efeitos
mais nocivos da pandemia. Para realizar a análise semiótica das capas
recorreu-se aos suportes digitais online. A partir das fontes encontradas,
procedeu-se com uma análise semiótica das capas, estabelecendo relações
entre os sentidos produzidos por elas e sua ligação com o “espírito dos
tempos”, isto é, com o contexto histórico em que foram produzidas. Como
fundamentação teórica, as análises semióticas respaldam-se nos estudos de
Lúcia Santaella (1983; 2010) sobre Semiótica; em estudos de Joly (2012)
e Kossoy (2019) sobre imagem e produção de sentidos, além de outras
pesquisas que tomaram as capas de revistas como objetos de análise,
como o trabalho de Holanda (2017). Os resultados da pesquisa apontam
para uma postura discreta e sutil da Vogue Brasil ao tratar da pandemia
da Covid-19, ao mobilizar elementos semióticos em suas capas que fazem
referência direta a essa questão de saúde pública mundial, ainda que o foco
da referida revista não seja assuntos dessa natureza.
Palavras-chave: Moda; Semiótica; Vogue Brasil.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê 287
Moda y Semiótica: un análisis de portadas de
la revista Vogue Brasil en tiempos de pandemia
RESUMEN
Este artículo aborda un análisis semiótico de las portadas de la revista
Vogue Brasil, lanzada en el primer año de la pandemia de Covid-19. El
objetivo de este camino es analizar los signicados que produjeron las
portadas de la citada revista de moda en 2020, un período en el que el
mundo fue testigo de los efectos más nocivos de la pandemia. Para realizar
el análisis semiótico de las portadas se utilizaron medios digitales online.
A partir de las fuentes encontradas se realizó un análisis semiótico de las
portadas, estableciendo relaciones entre los signicados producidos por
las mismas y su conexión con el “espíritu de la época”, es decir, con el
contexto histórico en el que fueron producidas. Como fundamento teórico,
los análisis semióticos se sustentan en los estudios de Lúcia Santaella
(1983; 2010) sobre Semiótica; en estudios de Joly (2012) y Kossoy (2019)
sobre imagen y producción de signicado, además de otras investigaciones
que tomaron como objeto de análisis portadas de revistas, como el trabajo
de Holanda (2017). Los resultados de la investigación apuntan a una
postura discreta y sutil adoptada por Vogue Brasil frente a la pandemia
de Covid-19, al movilizar en sus portadas elementos semióticos que hacen
referencia directa a este problema de salud pública global, aunque el foco
de esa revista no sea ser asuntos de esta naturaleza.
Palabras-clave: Moda; Semiótica; Vogue Brasil.
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1. INTRODUCTION
Between the end of 2019 and, more signicantly, throughout
2020 to the present, the SARS-CoV-2 pandemic triggered thousands
of deaths around the world; above all, due to the symptoms of the
disease caused by the aforementioned virus, Covid-19, and the lack
of a vaccine to combat it at the beginning of the pandemic period -
and which would be developed later.
In addition to the major impacts caused in areas important to
human life, such as Public Health, Education, Work, among others,
the pandemic brought negative implications with regard to activities
undertaken by industries from dierent segments, which had their
dynamics of modied organization and production, in order to adapt
to the new conditions imposed by the emergence of the new virus.
In this context, the Fashion Industry, like many other spheres
that make up our society, suered signicant impacts on its production
dynamics, due to the consequences triggered by the pandemic. Even
so, the media specializing in fashion continued to produce advertising
campaigns, magazine covers, fashion shows, and fashion collections,
even if in dierent ways than what was done before the pandemic
period.
An example of an activity developed in this sphere that did not
stop during the pandemic was the discursive production of fashion
magazines, which continued to generate content (especially digital)
in a period of social isolation and diculties in carrying out in-
person work, due to the risks of contagion with the virus that causes
Covid-19. Every month, fashion magazines publish new editions,
uninterruptedly, such as the renowned Vogue, Elle, L'Ociel and
Harper's Bazaar, for example.
In general, in society, media outlets played an important role
in conveying information about the pandemic, in addition to their
relevance in terms of social communication, production of knowledge
and communication of messages to citizens around the world.
In the spirit of discussing fashion discourses and the production
of meanings in pandemic times, this article deals with a semiotic
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê 289
analysis of Vogue Brasil magazine covers launched during the rst
year of the Covid-19 pandemic, with a view to examining the meanings
produced by the covers about the pandemic, whose beginning was
decreed by the World Health Organization WHO, ocially, on March
11, 2020, with its end decreed by the same global health agency only
on May 5, 2023.
In this way, the choice of the time frame was made intentionally,
since this article also deals with the dialogue between a prestigious
fashion information vehicle and society at a critical moment, such as
the rst years of the Covid pandemic. 19, which came to recongure
the dynamics of doing and talking about fashion in the present time.
Given the impossibility of analyzing in this article all the
covers produced by Vogue Brasil during the pandemic, we selected 7
covers, launched between January and June 2020, which make direct
reference to the Covid-19 pandemic, to analyze and discuss in light
of the assumptions Semiotics theorists.
2. SEMIOTICS, SIGNS AND MEANINGS
In the sense of analyzing the covers of Vogue Brasil magazine,
we start from the understanding that “text, in the semiotic tradition,
is not limited to the linguistic conguration, articulated by natural
language” (Machado, 2010, p. 05); that is, from a semiotic perspective,
texts are considered plural, such as gestures, sounds, images, colors,
textures, among others.
Therefore, magazine covers present themselves as materialities
that allow us gestures of reading and semiotic interpretation, since
they are made up of verbal and non-verbal texts, permeated with
signs. The covers of fashion magazines present linguistic and image
elements that, together, produce meanings that are disseminated in
society. Regarding this aspect, Lucia Santaella explains that:
When we say language, we mean an
incredibly intricate range of social forms of
communication and meaning that includes
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
articulated verbal language, but also absorbs
the language of deaf-mutes, the codied
system of fashion, cuisine and so many
others. In short: all systems of production of
meaning to which the development of means
of reproducing language today provides
enormous diusion (Santaella, 1983, p. 02).
We consider that there are several languages and they all
produce meanings, with the signied and the signier being “in
Saussurian terminology, the components of the sign” (Barthes, 1999,
p. 39). In the world of fashion, meanings are also linked to history
and culture, and cannot be dissociated from them to make sense. As
Santaella (2010, p. 226) explains, messages are signs; Therefore,
there is an indissoluble relationship between communication and
semiotics.
We can understand that the signs present on the covers of Vogue
Brasil magazine constitute messages that are communicated to the
public who have access to these magazines, who read the verbal and
non-verbal elements present on their covers. As Dimbleby (1990, p.
90) highlights, our reading, that is, “our judgment is based on these
signs and on our ability to perceive them and form a judgment about
them [...] based on our knowledge and previous experience".
Each month, a new edition ofmagazineVogue Brasil is launched.
Regarding the presence of images on the covers of fashion magazines,
Joly (2012, p. 48) explains that they constitute “a specic and
heterogeneous language” and that this language “is distinguished
from the real world which, through signs particular aspects of it,
proposes a chosen and necessarily oriented representation”. Still on
the aspect of the image as a producer of meanings, Joly highlights
that:
Any image is a representation [...] if these
representations are understood by people
other than those who make them, it is
because there is a minimum of sociocultural
convention between them, in other words,
they owe a good part of their meaning to
their aspect of symbol, according to Peirce's
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denition. Semiotic theory allows us to
capture not only the complexity, but also the
strength of communication through images
(Joly, 2012, p. 40).
Therefore, our analyzes and discussions are supported by the
premises of Semiotics, since it “aims to examine the modes of
constitution of each and every phenomenon as a phenomenon of
production of meaning and meaning” (Santaella, 1983, p. 19 ).
Furthermore, we consider history as an important element in the
process of meaning, since, “without knowing the history of a system
of signs and the sociocultural context in which it is located, one
cannot detect the marks that the context leaves on the message ”
(Santaella, 2010, p. 06).
It is important to highlight that magazine covers constitute
a discursive genre, composed of very particular and characteristic
signicant elements, whose constituent elements must be taken
into consideration when analyzing them. Regarding this aspect, as
Holanda explains to us:
From the Bakhtinian perspective, all utterances
have relatively stable forms, so that the
discursive genre has three fundamental
elements, namely: thematic content, style and
compositional construction. These elements
place genders in each social sphere. Given
this reality, we consider the magazine cover
as a genre, as it lists characteristics that are
typical of it (Holanda, 2017, p. 62).
The author highlights elements that are important in the
constitution of magazine covers as discursive genres, one of the most
important being the title, “known in the journalistic environment as
a headline” (Holanda, 2017, p. 63). Furthermore, the researcher
draws our attention to the subtitle, “whose function is to propagate
information and complete the title’s project of saying”. (Holland, 2017,
p. 64). Another extremely important constituent element would be
the image, very common in the magazine cover discursive genre.
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According to the researcher:
It is an illustration that makes up the visual
construction, whether as a function of an
individual expression by the author. whether
from a commercial group. Without a doubt, it
is an element that propagates meaning and
guides its meaning, because when articulated
with the headline, it has a polysemic nature
compared to the pre-established image on the
cover. This is only possible from the moment
the photograph undergoes technical/creative
treatment, depending on a certain purpose/
intentionality (Holanda, 2017, p. 64).
Regarding the presence of images on magazine covers
such as Vogue Brasil, it is important to highlight that their
readingneeds to be related to the historical context, since, as
Kossoy (2009, p. 21) points out, “whatever the content of the
images, we must always consider them as historical sources of
multidisciplinary scope”.
In addition to the elements mentioned above, the process
of creating the cover brings another fundamental element,
“because without it, the creation of a product and/or service, in
this case, the company’s brand, would be unfeasible” (Holanda,
2017, p. 65) . In the case of the magazine under analysis, it is the
Vogue brand, whose covers present “a prototypical characteristic
that allows for immediate recognition” (Holanda, 2017, p. 67).
Therefore, all the aforementioned elements present in the
magazine cover discursive genre interest us when analyzing
the covers produced by Vogue Brasil, which follow a structure
composed of elements that are repeated in each edition of the
fashion magazine, in addition to other elements that are modied
into special editions.
These semiotic elements (logo, title, subtitle, images,
among others) make it possible to read the signs present on the
covers in their intimate relationship with the story, as discussed
in our analyses.
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3. METHODOLOGY
To carry out the semiotic analysis of the covers, online digital
media was used.From the sources found, we selected covers for
analysis and carried out a semiotic reading, taking into account their
constituent elements, namely: brand/logo, title, subtitle and images.
We carried out a reading of the signs present on the covers, and
crossed our analyzes with historical information that constitutes their
production context, since, as highlighted by Santaella, is required
describe its relationship with what “is outside the message itself
(Santaella, 2010, p. 48), a moment in which “the real jumps out of
these images and assaults the viewer’s sensitivity”.
It is worth noting that, every month, Vogue Brasil magazine
launches new editions, physical and digital. For each monthly edition,
dierent covers are launched for the physical and digital versions.
There are cases where more than one cover is released for a given
month. An example of these occurrences can be illustrated with the
launches of February 2021, where 3 dierent covers were produced
for the physical version of Vogue Brasil. In addition to these, for the
digital version of February 2021, a special cover was launched, with
the participation of singer Gal Costa. In other words, in the same
month, Vogue Brasil produced 4 covers.
Given this, we chose to bring together the covers launched
during 2020 and, within this set of materialities, we selected those
that dialogue with the issue of the Covid-19 pandemic in a more
direct way, namely, the covers produced and launched during the
rst 6 months of 2020.
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4. RESULTS AND DISCUSSION
4.1 A global context: the pandemic on the covers of Vogue
Portugal, Italy and Arabia
On January 30, 2020, the WHO declared that the outbreak of
the new coronavirus was a Public Health Emergency of International
Concern (PHEIC) – the Organization's highest alert level, as provided
for in the International Health Regulations.
In this context, several fashion magazines from around
the world published editions alluding to the pandemic, such as
Marie Claire, Harper's Bazaar and Elle, for example. As far as
Vogue magazine is concerned, editions established in dierent
countries around the worldbrought the pandemic to the agenda.
Figure 1. Vogue Portugal – April/2020.
Source: Vogue Portugal, 2020.
Vogue Portugal, for example, showed on one of its covers,
published in April 2020, a couple simulating a kiss and wearing
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protective masks on their faces, with the words “Freedom On Hold –
Covid-19: Fear Will Not Stop Us ” (in Portuguese, “Freedom on Pause
– Covid-19: Fear Won’t Stop Us”), alluding to the moment of social
isolation, necessary in that context of high rates of infections and
deaths around the world.
Figure 2. Vogue Italy – April/2020.
Source: Vogue Italia, 2020.
Vogue Italia, one of the most respected fashion publications
in the world, produced a completely blank cover the rst edition
without a photo shoot in over a hundred years – keeping only recurring
and traditional semiotic elements, such as the name of the magazine
at the top ( the iconic Vogue logo) and the month of that issue (April
2020).
With regard to colors as semiotic elements, Gonzales(2003)
explains that their meanings in an advertising text “are dened by the
relationships between the verbal and non-verbal messages present
in it”, that is, “it is necessary to analyze the colors within the context
of the advertisement, as it is the linguistic messages that dene the
meaning of a certain color, in the text” (Gonzales, 2003, p. 20).
From this perspective, Dondis (2007, p. 64) highlights that colors
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are imbued with information, being one of the visual experiences
that human beings have in common. They are, therefore, important
elements for visual communicators, capable of producing many
meanings, in the most varied contexts.
This drastic change, that is, an atypical cover published by
Vogue Italia, without photographs and completely white, shows that
the message produced by the Italian edition of the magazine should
be read in the sense of understanding that, in April 2020, it was time
to allude to pandemic, even though this is a public health issue, and
not necessarily a fashion issue (even though we know its implications
for the industry).
It is evident that the semiotic elements present and absent
on this cover (the logo, the date, the colors, the absence of images)
point to the idea that the fashion industry, at present, can no longer
ignore social issues, such as a pandemic.
It should be noted that the magazine made a radical change
in the order of discourse it produced monthly, for decades, to allude
to a global public health issue. If before it was common for fashion
magazines to remain neutral in relation to issues from other spheres,
in the contemporary world, it is increasingly common to see fashion
magazines (as well as fashion brands) taking a position in relation to
issues that cross the sphere of international fashion.
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Figure 3. Vogue Arabia – April/2020.
Source: Vogue Arabia, 2020.
Vogue Arabia featured supermodel Iman Abdulmajid in the April
2020 edition, wearing a mask, producing a visual message about the
importance of its use in combating the pandemic crisis, similar to
what Vogue Portugal did.
The semiotic elements present on this cover (above all, the
mask and the name of the supermodel highlighted, as title) are
signicant, as they show that even the renowned African model, one
of the most famous personalities in the fashion industry, is using and
calling the population's attention to the importance of a protective
accessory in terms of health and not just as a fashion item.
4.1 Analysis of Vogue Brasil magazine covers in 2020
At 07 The rst editions of 2020 are, notably, covers that were
produced at the start of the pandemic year, in a context of uncertainty
about what was happening in the world at that time.NBrazil, the rst
conrmed caseof the disease occurred on February 26, 2020, shortly
before the start of lockdown (quarantine or social isolation). The rst
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deaths recorded in the country occurred in March of the same year.
Figure 4. Vogue Brazil –
January/2020.
Source: Vogue Brazil, 2020.
The January 2020 cover features the image of Brazilian actress
Ísis Valverde, hugging a coconut tree, wearing a bodysuit with animal
prints, which mimic the skin of a zebra. Actress Ísis Valverde graced
the January 2020 cover, with an exclusive shoot carried out in Itacaré,
Bahia. She posed for the lens of Mariana Maltoni, with fashion editing
by Pedro Sales and beauty by Krisna Carvalho, on a sunny day in the
paradisiacal region.
On the aforementioned cover, at the bottom, we see the
following statement: “Lightness of being: optimism, creativity,
respect, diversity and sustainability are the VOGUE VALUES in 2020
and our mission in this new decade”.
The statement refers to the alleged values of Vogue Brasil for
the year 2020, which produce senses of positivity and optimism, and
brings the image of Ísis Valverde in a natural, tropical landscape,
which reinforces the idea of lightness of being (the coconut trees, the
beach, the blue sky), bearing in mind that the image of the beach
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refers to leisure, escaping from the city, moments of relaxation and
peace, of human connection with nature.
On the cover released in February of the same year, we can see
3 women hugging each other, looking directly at the camera, as can
be seen in the images.
Figure 5. Vogue Brazil – February/2020.
Source: Vogue Brasil, 2020.
It brings the statement “Connection of good: how to use the
power of social networks to practice upcycling and benet social
projects”, rearming the meanings of positivity from the previous
month, since Vogue Brasil would be betting on upcycling, that is, in
the process of use of apparently useless products, waste and parts in
the creation of new products, giving them a function dierent from
that for which the product or parts of it were initially designed.
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Figure 6. Vogue Brazil – March/2020.
Source: Vogue Brasil, 2020.
South Sudanese supermodel Alek Wek is featured in the March
issue of Vogue Brasil. On the cover, we can see the model, a black
woman, in the center of the magazine, posing on a white background.
In the lower left corner of the cover, there is the presence of the
following statement: “NEW GLAM - The return of gypsy chic to
fashion + the fever of crystals in the eyes, nails and hair: this winter
promises”.
The cover of this edition highlights the return of gypsy fashion,
a trend inspired by gypsy fashion from 1930 to 1970, which emerged
from the elaborate way these nomadic people dressed.
The presence of a black woman on the cover of the issue,
wearing a look that features the iconic print known as paisley, a classic
design that emerged around the 18th century, as well as accessories,
bracelets and bracelets, produce meanings about the so-called ethnic
fashion, aesthetic that brings strong elements of a traditional style
from dierent peoples and cultures.
As can be seen, the cover has no direct relationship with the
pandemic that, in March 2020, was ocially declared by the WHO,
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generating feelings of estrangement, fear, worry, uncertainty and
panic around the world.
Source: Vogue Brasil, 2020.
In issue 500, launched in April 2020, Vogue Brasil published
two covers. This time, with the presence of Brazilian singer Ivete
Sangalo, a well-known personality on the national music scene,
especially linked to the carnival period, whose peak takes place in
the rst months of the year, in mid-February.
On the rst cover, the singer occupies the center, with her bust
covered in sequins, including her own face. On the second cover,
the look worn by Ivete Sangalo is totally dierent: the singer wears
gloves, bracelets, a red bow around her neck in the shape of a rose,
subtle makeup and red lipstick.
The covers feature expected semiotic elements: the Vogue
Brasil logo, the edition and the month. On both covers, there is the
presence of the following statement, which is repeated: “Ivete by
Xuxa + new fashion paths in times of coronavirus”. This is a direct
mention of the pandemic issues, however, in a very discreet way. The
Figure 7. Vogue Brazil – April/2020.
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font size used is small in relation to other information on the cover.
The name “Ivete” stands out, with the other information written in a
smaller font size.
The Brazilian singer's photographs, even though they follow
the perspective of a shoot for a fashion magazine, do not have a
direct relationship with the pandemic. These are images that follow
the classic and traditional aesthetics of photo shoots for fashion
magazines: the presence of a famous personality (usually a woman),
the use of fashionist looks (usually signed by renowned designers),
posing for the lenses of photographers. fashion, which work on the
corporeality of models from poses and performative perspectives.
We note that, in this edition, it is the rst time that Vogue
Brasil makes direct reference to the pandemic in textual form, on
its covers. However, as highlighted previously, the approach is very
subtle. If a careful reading of the cover is not carried out, it is possible
that readers will not notice the presence of the pandemic issue on
that cover, since other semiotic elements (textual and imagery) draw
more attention than the phrase “the new paths of fashion in times of
coronavirus”, for example.
Furthermore, the statement points to Vogue Brasil's concern
with the implications of the virus for the fashion industry, and does
not necessarily make any type of recommendation or alert to its
readers, as Vogue Arabia did, image-wise, by displaying a image
of supermodel Iman wearing a common protective mask, found in
pharmacies and hospitals around the world, not as a fashion accessory
used by the model, but as an item of utmost importance in terms of
protection against the virus, which could (and should) be used by all
people, regardless of their social or professional position.
In April, “the number of deaths in the country surpassed that
of China, which recorded 4,632 fatalities from Covid-19. The number
of infected people also reached higher numbers than in the Asian
country, which had 83,900 cases”(G1 Portal,2020).
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Figure 8. Vogue Brazil – May/2020.
For the May 2020 cover, Vogue Brasil launched an edition with
the image of übermodel Gisele Bündchen, photographed by Luigi
& Iango, in black and white. In the top right corner, we read the
statement: “45 Years – Gisele Bündchen by Luigi & Iango”. In the
center, at the bottom, the statement says: “New Normal – simplifying
life and focusing on the essentials are the ways to have a more ethical
and healthy future”.
Gisele Bündchen's presence on the cover of Vogue Brasil is
nothing new. However, in relation to the historical context, the
meanings produced by the statement are connected to the pandemic
when considering the country's scenario as being a “new normal”,
and that it would be necessary, from that moment on, “to simplify life
and focus on the essentials ”.
In a context of “new normal”, Vogue seems not to have followed
this perspective, as it maintained covers that seemed to be related
to the pandemic; when it was expected that the magazine would
take an explicit stance on the issue, as other editions did in other
countries.
Source: Vogue Brasil, 2020.
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ModaPalavra e-periódico / Dossiê
Even though, on this cover, its relationship with the Covid-19
pandemic was not explicitly accused, textually, as in the April
edition, the statement “new normal” establishes this relationship of
meaning, being replicated in other magazines and newspapers in
Brazil. Numerous other media outlets treated the pandemic period
as a “new normal”, a concept that was much debated during the
pandemic. A quick search on search engines like Google presents
countless journalistic articles and articles that deal with this issue,
with this semiotic element being repeated in several places.
It is worth remembering that the May 2020 cover generated a
series of criticisms of Vogue magazine on the internet. In an article
published on the Metrópoles portal, in 2020, which deals with the
controversy surrounding this edition of the magazine, it is emphasized
that “Vogue Brasil's choice to feature Gisele Bündchen on the cover
of the May edition, accompanied by the phrase 'the new normal',
seemed insensitive and had negative repercussions” (METRÓPOLES,
2020).
It is necessary to mention that, on May 31, 2020, Portal G1
published a news item whose title read: “Coronavirus cases and
number of deaths in Brazil on May 31 - The state health departments
conrm 514,992 cases of the new coronavirus (Sars-CoV) in the
country -2), with 29,341 deaths. Brazil surpassed France in number
of deaths.” Therefore, what we can observe, at this moment, is a still
subtle approach by Vogue Brasil in dealing with the pandemic issues
in Brazil.
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Figure 8. Vogue Brazil – June/2020.
Source: Vogue Brasil, 2020.
The following month, after the controversial cover launched
in May 2020, which generated much debate and criticism among
the fashion-consuming public in Brazil, the cover launched by the
Brazilian version of Vogue, in June 2020, radically changed the
conguration and aesthetics that the magazine followed in recent
years. A cover was launched with a completely white background,
on which we read the following statement, written in capital letters,
highlighted in bold, positioned in the center of the cover: “FASHION”.
On the aforementioned word, there is the presence of the image of
an adhesive bandage (in Brazil, popularly referred to as band-aid).
At rst reading, we can assume that fashion itself would
be injured. The meanings produced by the presence of the word
FASHION on the cover of Vogue Brasil, on which there is a bandage,
are indicative that there is a wound, that is, there is damage, a
bruise, a wound that needs to be treated, even if the bandage just
protect that wound by being a palliative.
The absence of other elements on the magazine's cover, such
as photographs of supermodels or celebrities, as is recurrent, also
rearms the message that, at that moment, Vogue Brasil's objective
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would be to radically modify the magazine's cover to position itself
in relation to to the Covid-19 pandemic, even though the word
“pandemic” was not explicitly mentioned on the coverof this edition.
The absence of colors, the prevalence of white, even refers to the
edition of Vogue Italy, which caught the attention of the fashion
world, for radically changing the magazine's aesthetics.
What allows us to carry out this reading is the external,
contextual and historical information in circulation in Brazil and
around the world. As an example, we can cite an article published by
Vogue Brasil, in the same month, whose title asks: “What do fashion
shows look like in practice in 2020? With the coronavirus outbreak,
the fashion calendar has been decentralized.” note that the word on
the cover, over which there is a bandage, could be another, like, for
example, “BRAZIL, where other meanings would be produced, but
the word that appears on the June cover is the word “FASHION”.
In general terms, we noticed that the relationship between
Vogue Brasil and Covid-19 faded throughout 2020, with the magazine
choosing to deal with other themes in the last months of 2020, which
are not directly related to the pandemic.
5. FINAL CONSIDERATIONS
The Covid-19 pandemic has impacted the world, harmfully, in
dierent ways. The negative eects on human life and social, political,
economic, industrial relations, among other spheres, are dicult to
measure in full. Over the years, communication vehicles, such as
newspapers, magazines, TV programs and, in general, the internet,
have played a signicant role, among other ways, in disseminating
information within society, in a context of social isolation and
uncertainty about the present and the future.
In the case of fashion magazines (examples of which include
Harper's Bazaar, Marie Claire, Elle, among others), many have
eectively positioned themselves in relation to the pandemic crisis
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in a direct way, producing content about this issue and, often,
reconguring the ways of to produce fashion content, such as
traditional magazine covers, which are released monthly. Not only in
the sense of referring to a global public health problem, but, above
all, to encourage people to protect themselves from the virus, by
wearing a mask, for example.
Throughout 2020, Vogue Brasil also produced magazine covers
with references to Covid-19 and the historical context of Brazil during
the pandemic years, bringing elements and direct references to the
pandemic, although only on the covers of April, May and June 2020, as
shown in the analyses. On other covers, the relationship established
with the pandemic happened indirectly, whose meanings could be
related from the context of production of the covers, which allowed
us reading gestures along the way of the relationship between the
covers released and the pandemic crisis that took hold. in the world;
and, especially, in Brazil.
Overall, what is evident is that Vogue, in its Brazilian edition,
positioned itself in a subtle way on its covers, compared to other
Vogue covers around the world, making reference to the pandemic in
a very discreet way, like the May 2020 cover, with Gisele Bündchen
and the “new normal”; or the one where we see a bandage over the
word “FASHION”, June 2020 cover, semiotic elements that point to
the negative impacts of the pandemic on the fashion industry.
As we have seen, other editions of Vogue magazine around the
world took a more emphatic and eective position in relation to the
pandemic, such as Vogue Arabia, which featured supermodel Iman
in one of its editions wearing a face protection mask, not just making
reference to the virus as being a “new normal”, or the impacts of
the pandemic crisis on the fashion industry, but rather encouraging
people around the world to wear a mask to protect themselves from
the virus, which is quickly contagious and easily spread. It should be
noted that Vogue Arabia did not break with the tradition of bringing
a celebrity to appear on its covers, but this time, it did so in a way
committed to combating the pandemic.
Even though mortality rates continued to rise in the country
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throughout 2020 and 2021, Vogue Brasil did not produce other covers
that directly stated the pandemic crisis that was only declared over in
2023. In the following months, the magazine launched, covers with
signs that referred to other themes and moved in dierent directions,
no longer in relation to the pandemic or Covid-19.
We understand that, generally, a fashion magazine launches new
editions with shoots by renowned photographers and the participation
of models, celebrities and inuential people from around the world.
What we highlight in this work it is the semiotic production of
meanings about the pandemic in the space of sayings of fashion
magazines, especially on their covers. Along this path, the theoretical
and methodological framework of Semiotics allowed us to read the
signs present on the covers and establish relationships of meaning
between semiotic elements and exteriority, that is, the historical
context of production of the covers of Vogue Brasil magazine.
The theories of Semiotics, presented in the works of Lúcia
Santaella, reveal to us the principles of semiotics, as well as its
practical application, with the aim of contributing to it being used as
a framework for the investigation of the widest spectrum of objects,
such as in the area of fashion, for example.
Our analyzes therefore allow us to think about and problematize
the role of an important vehicle of information, in the context of
fashion, and its role and importance in remote contexts, such as a
pandemic.
Even though, essentially, fashion magazines do not recurrently
deal with social, political or public health issues on their covers (this
approach being more common in magazines from other segments),
references to the Covid-19 pandemic in The covers of Vogue magazine,
in its international editions (especially Vogue Brazil), open space for
discussion about the role of the fashion industry, its social activities,
its contemporary interests and power of inuence in the present.
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