
ModaPalavra, Florianópolis, V. 16, N. 38, p. , jan./jun. 2023
20
ModaPalavra e-periódico / Dossiê Artes, Moda e Cultura Visual
EUA, na década de 1840 (VOS, 2013). A partir dos anos 1950, com o
trabalho de Drucker (1954), marketing e publicidade se consolidam
de forma marcante como instrumento de aumento de vendas e
disseminação de um modo de vida predominantemente ligado ao
chamado american way of life (KRUGLER, 2000). Associada aos
meios de comunicação de massa também dominantes no século
(como cinema, rádio e televisão), a publicidade ajudou a moldar um
estilo de vida que, a partir de uma percepção estadunidense, torna-
se dominante em todo hemisfério ocidental e, mais tarde, por todo
o mundo (YOUNG, 2005). Nesta situação, as formas de expressão
dos papéis sociais atribuídos a cada gênero reetem não somente
a evolução da sociedade, mas também, e principalmente, a visão
da classe, dominante, no período (SCANLON; SCANLON, 2000). É
razoável observar que, desde a revolução industrial, a publicidade
representa e se utiliza de uma visão burguesa da sociedade, com
papéis denidos e aparente ausência de conitos em uma situação
de “consumo, logo existo” (BAUDRILLARD, 1996; KOTLER, 2015).
A ideia de peças grácas impressas (como cartazes) para
anúncios não é nova. Já em 1609 era possível encontrar cartazes
ingleses promovendo a migração para a América (O’BARR, 2010).
Entretanto, somente a partir da revolução industrial é que as formas
de divulgação de produtos e serviços tornam-se sistematizadas e
têm sua importância ampliada, com a crescente valorização de
artistas para sua concepção e busca de resultados mais ecazes e
esteticamente sosticados. São bastante conhecidos os cartazes e
trabalhos grácos da art noveau realizados na virada do século XIX
para o século XX. Imagens femininas são apresentadas de forma
idílica e extremamente elegante em trabalhos de Chéret, Mucha,
Tiariet ou Moser. Esta representação é muitas vezes dissociada de
uma vinculação a situações reais da vida cotidiana, mesmo em
anúncios como o célebre pôster de uma bicicleta criado por Tiariet,
onde se “esconde literalmente a bicicleta para se concentrar na
graciosidade feminina em movimento” (HARDY, 1986, p. 122).
É interessante observar tal “graciosidade” presente no trabalho
gráco de Hassall.
No Brasil, a aplicação de recursos grácos em geral, e em
publicidade de forma particular, tem suas origens no século XIX.
14-64