É possível ensinar gênero na escola? Análise de experiências de formação em gênero, sexualidade e diversidades em Santa Catarina

Autores

  • Tânia Welter UFSC
  • Miriam Pillar Grossi UFSC

Resumo

Este trabalho reflete sobre desafios da sensibilização pedagógica aos temas de gênero e sexualidade a partir de diferentes experiências de formação de professoras/es e estudantes de diferentes níveis de ensino (pré-escola, fundamental, médio e universitário) realizadas nos cursos de aperfeiçoamento e especialização “Gênero e Diversidade na Escola” (GDE/SECADI), no “Projeto Papo Sério” (NIGS/PROEXT), em cursos vinculados ao Programa Pró-Equidade de Gênero e no Programa Iniciação à Docência em Ciências Sociais (PIBID/CAPES) desenvolvidos entre 2009 e 2016, sob nossa coordenação, na  Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Sabemos que escolas e universidades são espaços contraditórios.  Nelas se reproduzem hierarquias e assimetrias, promovem-se violências ou compactua-se com elas, silencia-se e se insiste em modelos normativos. Todavia, é também nesses espaços que tem se produzido um importante movimento de transformação social, marcado pela busca crescente de formação de professores/as e estudantes nas temáticas de gênero e sexualidade. Assim, um dos principais desafios da formação em gênero e sexualidade é sensibilizar as pessoas a uma perspectiva crítica sobre as relações sociais naturalizadas pela dominação, exclusão e discriminação. Essa sensibilização se dá, via de regra, pela “descoberta” das pessoas em formação de situações de seus cotidianos e de relações pessoais marcadas por violências das mais diferentes ordens: dupla ou tripla jornada de trabalho, relações conjugais e familiares hierárquicas, sexismo, misoginia, capacitismo, racismo, homo-lesbo-transfobia. Mais do que categorias teóricas, gênero e sexualidade, quando abordados de forma interseccional, dizem respeito a experiências, práticas e subjetividades de "sujeitos sociais" realizadas em relações coletivas. Refletiremos, a partir de exemplos concretos, sobre nossa experiência de formação de professoras/es e estudantes nesse campo, mostrando as potencialidades dessa formação para a transformação das relações sociais marcadas por diferentes violências. 

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Biografia do Autor

Tânia Welter, UFSC

Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina com estágio na Universidade Nova de Lisboa (UNL, Portugal), Mestre em Antropologia Social (UFSC), Especialista em Educação Sexual (UDESC) e Licenciada em Ciências Sociais (UFSC). Realizou estágio pós doutoral em Ciências Humanas e em Antropologia Social na Universidade Federal de Santa Catarina e atuou como pesquisadora convidada no Lateinamerika Institut (LAI) da Freie Universität Berlin, Alemanha. Líder do Grupo de Pesquisa PEST / UDESC, Diretora do Instituto Egon Schaden (IES), Associada à Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Pesquisadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) e do Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Educação, Antropologia, História da Antropologia, Metodologia de Ensino em Ciências Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: Antropologia, História, educação, gênero, sexualidade, políticas públicas e religiosidades.

Miriam Pillar Grossi, UFSC

Miriam Pillar Grossi é doutora em Anthropologie Sociale et Culturelle - Universite de Paris V (1988), pós-doutorado no Laboratoire d´Anthropologie Sociale do Collège de France (1996/1998), na University of California-Berkeley e EHESS (2009/2010). Professora Associada do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina desde 1989, atua nos Programas de Pós-graduação em Antropologia Social e Interdisciplinar em Ciências Humanas e no curso de graduação em Ciências Sociais da UFSC. Foi representante da Área de Antropologia e da Grande área de Humanas no CTC da CAPES (triênio 2001/2004), Presidente da Associação Brasileira de Antropologia (gestão 2004/2006) e editora da Revista Estudos Feministas (1999/2001). Professora visitante nas Universidades de Brasilia (1995), Universidad de Chile (2003), EHESS- França (2008) e ISCTE - Portugal (2009). Desenvolve pesquisas sobre Teoria Antropologica, História das mulheres no campo antropológico, Antropologia Francesa contemporânea e Metodologias qualitativas de pesquisa. Coordena o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) onde são desenvolvidas pesquisas no campo das teorias queer e feminista sobre os temas de violências contra mulheres e lesbo-trans-homofobia; identidades, parentalidades e conjugalidads LGBTTT; arte homoerótica; amor; gênero e sexualidade na escola; religiões e sexualidades;politicas públicas e moviimentos feministas e LGBTTT.

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Publicado

2018-02-20

Como Citar

WELTER, Tânia; GROSSI, Miriam Pillar. É possível ensinar gênero na escola? Análise de experiências de formação em gênero, sexualidade e diversidades em Santa Catarina. Revista Linhas, Florianópolis, v. 19, n. 39, p. 123–145, 2018. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1984723819392018123. Acesso em: 25 dez. 2024.