Entre saias e navalhas: reflexões possíveis sobre roupa, memória e axé a partir de uma epistemologia das macumbas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/25944630722023e3561

Palavras-chave:

memória, indumentária de umbanda, epistemologia das macumbas

Resumo

O presente trabalho busca apresentar algumas reflexões possíveis para que pensemos a indumentária de terreiro, principalmente de umbanda, suscitadas na autora no início de seu desenvolvimento de pesquisa no Mestrado em História Social. Para isso, esta pesquisa, de cunho bibliográfico, parte do pressuposto de que reflexões que transgridam a colonialidade do poder e do saber (QUIJANO, 2005) são necessárias para pensar modos de vestir de populações historicamente subalternizadas, como no caso das comunidades e religiosidades de matrizes africanas, e, assim, relacionar roupa, memória, corpo (CALANCA, 2008; BONADIO, 2015; STALLYBRASS, 2008). Utiliza-se como direcionamento, portanto, a epistemologia das macumbas pensada por Simas e Rufino (2018). O texto, por fim, apresenta o Acervo Nosso Sagrado (Museu da República/RJ), composto por objetos sagrados de terreiros apreendidos pela polícia no fim do Brasil Império e prosseguindo durante a República, como um possível caminho para pensarmos a indumentária de terreiro enquanto objetos de memórias das experiências afrodiaspóricas no Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isis Saraiva Leão Medina, Federal University of Rio de Janeiro

Mestranda em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS/UFRJ). Graduada em Design-Moda pela Universidade Federal do Ceará (UFC). isismedina@ufrj.br; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7135698264537222; Orcid: https://orcid.org/0009-0008-5762-2085.

Referências

ANDRADE, Rita Morais de. O vestuário como assunto: um ensaio. In: ANDRADE, R. M.; CABRAL, A. M.; CALAÇA, I. M. G. (Org.). Dossiê: O vestuário como assunto: perspectivas de pesquisa a partir de artefatos e imagens. Goiânia: Cegraf UFG, 2021.

BIDIMA, Jean-Godefroy. De la traversée: raconter des expériences, partager le sens. Rue Descartes, n.36, p. 7-17, 2002/2. Tradução para uso didático por Gabriel Silveira de Andrade Antunes.

BONADIO, Maria Cláudia. O corpo vestido. In: MARQUETTI, Flávia Regina; FUNARI, Pedro Paulo A. (Orgs.). Sobre a pele. Imagens e metamorfoses do corpo. São Paulo: Intermeios; Fapesp, Campinas: Unicamp, 2015. p. 179-206.

BORBA, Pedro. Para uma teoria crítica do eurocentrismo: história, colonialismo e o resto do mundo. Revista Estudos Políticos, v. 11, n. 21, p. 51–70, 2020.

CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: Ed. SENAC, 2008.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo: Veneta, 2020.

CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.

CIDREIRA, Renata Pitombo (Org.). As Vestes da Boa Morte. Cruz das Almas: Editora da UFRB, 2015.

COSTA, Carla. et al. A moda e a decolonialidade: encruzilhadas no sul global. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, v. 6, n. 2, p. 01–12, 2022.

GILROY, Paul. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2012.

HADDOCK-LOBO, Rafael. Filosofia a golpes de navalha. In: SIMAS, Luiz Antonio. RUFINO, Luiz. HADDOCK-LOBO, Rafael. Arruaças: uma filosofia popular brasileira. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

LIMA, Monica. História, patrimônio e memória sensível: o Cais do Valongo no Rio de Janeiro. Outros Tempos, vol. 15, n. 26, p. 98–111, 2018.

LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

LODY, Raul. Moda e história: as indumentárias das mulheres de fé. São Paulo: Senac, 2015.

MAIA, Alliny. Notas sobre História da Moda e da Indumentária no Brasil e possíveis aproximações com perspectivas decoloniais. Revista Dobras, n. 34, p. 202–224, dez. 2022.

MILLER, Daniel. Trecos, Troços e Coisas: Estudos antropológicos sobre a Cultura Material. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

MEDINA, Isis Saraiva Leão. “Sou da linha de Umbanda”: a simbologia presente na indumentária de Preto Velho e Exu no ritual de Umbanda. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Instituto de Cultura e Arte, Curso de Design de Moda, Fortaleza, 2020.

MONTEIRO, Francisco César Manhães; VERSIANI, Maria Helena; CHAGAS, Mario de Souza. A chegada e chegadas do nosso sagrado à república. Museologia & Interdisciplinaridade, v. 11, n. 22, 2022.

NGUYEN, Viet Thanh. Just memory: war and the ethics of remembrance. American Library History, v. 25, n. 1, p. 144, 2013.

PERALTA, Elsa; GANITO, Tânia. Memória e Violência. In Graebin et all. (Org.), Memória Social: questões teóricas e metodológicas. Unilasalle, 2013.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. LANDER, Edgardo (Org). Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

ROSSOTTI, Beatrice. O poder vestir-se: Vestes e adornos das mulheres negras em fotografias do Rio de Janeiro (1850-1888). Anais da XII Jornada de Estudos Históricos professor Manuel Salgado PPGHIS/UFRJ. Vol. 3. Rio de Janeiro, 2017.

RUFINO, Luiz. Exu e a Pedagogia das Encruzilhadas. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, 2017.

SANT’ANNA, Mara Rúbia. Sociabilidades coloniais: entre o ver e o ser visto. 1. ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.

SANTOS, Helena Heloísa de Oliveira. Uma análise teórico-política decolonial dobre o conceito de moda e seus usos. Modapalavra e-periódico, v. 13, n. 28, p. 164–190, 2020.

SANTOS, Luís Carlos Ferreira dos. Breves comentários sobre o pensamento de Jean-Godefroy Bidima. Revista Nós: Cultura, Estética e Linguagens, v.6, n. 2, 2021.

SCHWARCS, L. M. e REIS, L. V. de S. Negras imagens: ensaios sobre cultura e escravidão no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Estação Ciência, 1996.

SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Pretópolis, RJ: Vozes, 2017.

SIMAS, Luiz Antônio. O corpo encantado das ruas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

SIMAS, Luiz Antônio; RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula, 2018.

STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

VILLAÇA, Nízia. A edição do corpo: tecnociência, artes e moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2011.

Downloads

Publicado

2023-06-30

Como Citar

MEDINA, Isis Saraiva Leão. Entre saias e navalhas: reflexões possíveis sobre roupa, memória e axé a partir de uma epistemologia das macumbas. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, Florianópolis, v. 7, n. 2, p. 1–20, 2023. DOI: 10.5965/25944630722023e3561. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/ensinarmode/article/view/23561. Acesso em: 13 nov. 2024.