O reencantamento do olhar
DOI:
https://doi.org/10.5965/1808312906082011243Palavras-chave:
arte, construção poética, devirResumo
Este artigo trata da relação do olhar com a contrução poética, o olhar como um dispositivo para a percepção; inspirando formas e consequentemente, desenhos. O objetivo no campo das Artes Visuais é reencantar o olhar para a beleza cotidiana e efêmera, restaurar a subjetividade, a percepção e os sentidos para com os objetos cotidianos, que tornam-se invisíveis por essa proximidade, fazendo com que não conseguimos percebê-los mais. Despertar a imaginação através do devir, provocado pela longa observação de um objeto ou documentos de trabalho (como disparadores de ideias e imagens mentais que se formam espontaneamente em nós), encontra um referencial no Trattado della Pittura de Leonardo Da Vinci e nos métodos de Max Ernest. Este modo de observar permite ver além do que normalmente se percebe, como se olhássemos pela primeira vez, com o estranhamento de um viajante ou a curiosidade de uma criança. Revela lugares, desperta rememorações, percepções, o desejo de intervir, novos processos de criação como desenhar diretamente junto às manchas das fachadas em ruínas. O reencantamento seria uma tentativa de resgate da sensibilidade do olhar, mas também de restauração da subjetividade, do imaginário, aberto à percepção, ao devir; pode estar presente tanto na criação quanto na recepção da arte.
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