O
imperialismo da moda europeia
The imperialism of the
european fashion
Ana Luiza Nascimento
Peres
Tecnóloga
em Design de Moda pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) –
analunperes@gmail.com – http://orcid.org/0000-0003-4509-8630
Marcio Roberto
Ghizzo
Doutor
em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Professor da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – marcioghizzo@gmail.com – http://orcid.org/0000-0002-0580-2358
Resumo
Os estudos
de moda têm-se desenvolvido de forma mais intensa desde o último quarto do
século passado e, principalmente, de modo interdisciplinar. Assim, analisá-la à
luz da historicidade é uma possibilidade de compreensão de aspectos de seu
desenvolvimento. O presente trabalho visa uma breve abordagem teórica
relacionada à consolidação do imperialismo da moda europeia, algumas
características de sua configuração no cenário atual e de sua influência sobre
o modo de vestir do mundo todo. As principais capitais da moda possuem sua
gênese firmada na história daquele continente e, na contemporaneidade, ainda
exercem grande controle sobre o que é disseminado mundo afora. De uma forma
geral, impõe-se imperativamente, manifestando conceitos e particularidades que
a caracterizam
de forma elegante e se torna objeto de consumo.
Palavras-chave:
Moda. Internacionalização. Moda e globalização.
Abstract
Fashion studies have been developed more intensely
since the last quarter of the last century, mainly in an interdisciplinary way.
Therefore, analyzing it comprehending historicity is a possibility of
understanding its development. The present paper aims at a brief theoretical
approach related to the consolidation of European’s fashion imperialism, as
also some characteristics of its configuration in the current context and its
influence on the way of dressing of the whole world. The main fashion capitals
have their genesis established in the history of that continent and, in the
contemporaneity, still maintain remarkable control over what is spread worldwide. In a general way, it imposes itself
imperatively by manifesting concepts and particularities that characterize it
as elegant and becoming an object of consumption.
Keywords: Fashion. Internationalization. Fashion and globalization.
Recebido em: 04/12/2017
Aceito em: 21/05/2019
A moda é um fenômeno que,
indubitavelmente, tange as sociedades capitalistas. Fenômeno este tão complexo
que se manifesta em diversas esferas que envolvem o indivíduo contemporâneo. O
presente artigo é fruto de um Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Apucarana, defendido em
2016, e visa a análise da configuração da moda a partir da origem de sua
centralização durante o reinado de Luís XIV, princípio da afirmação da Europa
enquanto império, e o modo como esta influencia a moda mundial. A temática é
explorada a fim de expor os aspectos que caracterizam a moda europeia como
‘elegante’, além de seu imperialismo global.
Para tanto, é necessário,
primeiramente, contextualizar a moda no âmbito europeu, a fim da melhor compreensão
de seu arranjo atual, das capitais de moda e da conseguinte disseminação de
tendências mundo afora. Num segundo momento, considera-se a trama social,
econômica e histórica da Europa, identificando particularidades de seu estilo
contemporâneo que legitima seus conceitos e características, aludindo a
elegância ao velho continente. Por fim, apresenta-se um breve panorama de
aspectos que a globalização trouxe para a dinâmica das capitais da moda.
Afinal, principalmente a partir do novo século, outras grandes cidades têm
encontrado destaque no contexto da moda mundial sendo consideradas novas
capitais da moda, embora a hegemonia daquele continente continue preponderante,
principalmente no que tange à Paris.
Optou-se por desenvolver essa pesquisa
por meio de estudos bibliográficos, tratando-se, portanto, de uma investigação
de cunho teórico. Assim, no intuito de atingir o objetivo proposto, entende-se
ser imprescindível contextualizar a origem da centralização da moda na Europa,
bem como compreender a concentração das capitais da moda naquele continente.
Afinal, por que a Europa é o continente, tradicionalmente, apresentado como
responsável pelo lançamento das mais importantes coleções de moda? Há de se
considerar, neste contexto, toda conjuntura que a faz berço da produção de moda
e, na atualidade, mesmo com a ascensão de novos centros, a principal sede dos
maiores palcos de lançamentos do mundo contemporâneo.
A gênese
da centralização da moda na Europa muito se relaciona ao princípio da
convergência caracterizada pela existência de tendências, segundo Godart
(2010). O autor menciona que, para Erner (2005), o conceito de tendência
encontra-se nas focalizações de desejos. Entende-se, portanto, que as pessoas
comungam um comportamento no qual as preferências caminham por uma linha-guia
comum.
No domínio da moda
indumentária, o princípio da convergência é assegurado por um mecanismo de
centralização que permite aos profissionais canalizar as evoluções que eles têm
dificuldade de controlar. Isso significa que, se os estilos e designs criados e
produzidos pelas casas de moda têm múltiplas origens, eles são selecionados e
produzidos por um número reduzido tanto de empresas quanto de locais
geográficos (GODART, 2010, p. 38).
Tal
mecanismo originou-se no século XVII, durante o reinado de Luís XIV– o Rei Sol
(1643-1715) – iniciado no decurso da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648).
Segundo Braga (2007), durante esse período nenhuma corte era capaz de ditar
modos e modas, pois não havia homogeneidade nas vestimentas da Europa, as quais
se diversificavam de acordo com a origem de suas populações.
Nas
palavras de Palomino (2003), as capitais da moda localizadas no continente
europeu, (Paris, Milão e Londres) formam, juntamente com Nova York, o chamado
Planeta Fashion. Contudo, a mesma
autora ratifica que, mesmo com a participação da capital norte americana, a
hegemonia continua localizada no velho continente. Outros autores, como Godart
(2010), Mendes e La Haye (2009) e Jacomet (2015), enfatizam que esta hegemonia
encontra, na contemporaneidade, concorrência de novas capitais da moda inclusive
em outros continentes, como América e Ásia, as quais emergiram da própria
Europa durante a globalização. Contudo, salienta-se o foco desse trabalho no
continente europeu, por este motivo o privilegia na discussão.
Essa
centralização do Planeta Fashion na
Europa antecedeu a moda tal como apresenta-se na atualidade, com gênese na
França como resultado da sua consolidação enquanto potência continental e pela
dupla afirmação, de Versalhes e Paris, como centros políticos, culturais e
econômicos franceses, ainda no século XVII.
Após a
Guerra dos Trinta Anos, a França tornou-se a primeira potência da Europa, onde
Luís XIV centralizava o poder estatal. Essa centralização não se limitou apenas
ao Estado, mas foi adiante: “A ‘monarquia absoluta’ de Luís XIV gera uma
centralização sem precedentes nas tendências indumentárias europeias” (GODART,
2010, p. 39). O autor assinala que o objetivo de tudo isso ultrapassava apenas
desviar a atenção dos nobres, uma vez que, até então, as influências derivavam
de diferentes polos, situados em países como Espanha e Países Baixos. O intuito
era, também, estabelecer o poder da França e de seu Estado: “A partir de 1660,
a corte de Versalhes começou, de fato, a se impor para o restante da Europa com
os novos padrões sociais, criando boas maneiras, etiquetas, modos e,
principalmente, moda” (BRAGA, 2007, p. 49).
Assim,
no século XVIII, a rainha Maria Antonieta (1755-1793) permitiu o
desenvolvimento da moda emergida, até então, por meio de fatores externos ao
próprio ambiente, fossem eles imposições ou escolhas das classes mais
abastadas. Nesse período, a moda veio a tornar-se autônoma:
[...] a moda aparece antes de tudo como o
agente por excelência da espiral individualista e da consolidação das
sociedades liberais. E é na roupa, em especial, que os homens assumem e dão
visibilidade à sua individualidade e sociabilidade perante o grupo em que se
inserem (LIPOVETSKY, 1989, p. 13).
A centralização teve por objetivo concentrar a produção de têxteis na França e, com efeito, propiciar aos
alfaiates e modistas, a dominação por completo dos concorrentes europeus. Em suma, a centralização da moda, proposta
por Luís XIV, permitiu seu desenvolvimento em um ambiente específico que a
controlava e a encaminhava consoante ao mais conveniente para o Estado.
Como consequência deste processo, foi na França
que, em meados do século XIX, surgiu a alta-costura, tendo como protagonista
Charles Worth, a qual criava roupas para novos-ricos e pequenos-burgueses.
Assim, “sua origem, claro, é Paris... Nascia o conceito de alta-costura (haute
couture), e o estilista tinha agora um status de criador supremo,
diferentemente das costureiras e alfaiates” (PALOMINO, 2003, p. 12).
Atualmente, essa centralização assume novas formas
adequadas ao contexto que envolve a moda e ao cenário de mudança muito mais
rápida e constante. Porém, ainda sustentando o objetivo de focalizar evoluções
e a hegemonia do velho continente. Desta maneira, “a centralização da moda é assegurada pelas casas de moda, que criam os
estilos e designs que são vistos nos desfiles das principais cidades do mundo”
(GODART, 2010, p. 41).
Essa
centralização proporciona à Europa manter hegemonia no lançamento de
tendências, disseminadas pelas casas de modas localizadas, principalmente, nas
tradicionais capitais da moda. Na mesma
linha de raciocínio, Breward (2003) destaca que o número limitado de capitais
da moda, mesmo crescente, continua referindo-se a Nova York, Londres, Milão e
Paris, conforme também defendido por Palomino (2003) e exposto anteriormente,
sendo a última considerada o maior polo de criação fashion mundial. Em contrapartida, a partir do século XXI, novas
capitais da moda surgiram, tais quais Los Angeles (Estados Unidos), São Paulo
(Brasil), Tóquio (Japão) e Antuérpia (Bélgica), entre outras (GODART, 2010).
Nesse
sentido, tratando-se do maior polo de criação fashion mundial, importa relativizar que “Paris impôs-se muito cedo
devido ao fato, por um lado, da dominação política da França na Europa no
século XVIII e, por outro, pela centralização de diferentes tipos de poder no
âmago da aglomeração parisiense” (GODART, 2010, p. 57).
Ratificando
este processo, Lipovetsky (1989) sinaliza, em vários momentos, a Europa como um
continente em destaque ao se tratar de moda, haja vista que desde o início do
segundo milênio encontrou posição de destaque no que tange à fabricação e uso
de indumentárias.
De
acordo com Palomino (2003), Londres se estabeleceu, tal qual Paris, como uma
capital de moda quando ainda havia uma relativa divisão de trabalho entre estas
duas capitais (século XIX), onde a primeira influenciava principalmente a moda
feminina e a segunda a masculina, além da juventude e culturas de rua. Assim,
para as duas outras capitais da moda, Milão e Nova York, a concretização deste
título culminou em um período mais tardio, portanto, de menor expressão.
No que
condiz à Nova York, ao fim da Segunda Guerra mundial, encontrou relevância pelo
prêt-à-porter e o sportswear. Nas palavras de Braga (2007,
p. 86), “a indústria do prêt-à-porter tornou-se
cada vez mais significativa, especialmente por influência norte-americana, e o sportswear se popularizava cada vez
mais”.
Quanto à
Milão, sua história é mais recente, e
Antes
da Segunda Guerra Mundial, também a Itália fazia o jogo da cópia dos franceses.
O país dirigiu seu foco para o mercado americano no final dos anos 40, apoiado
por uma mão-de-obra superqualificada e uma aristocracia ambiciosa, pronta para
reerguer-se das agruras da guerra. Giovanni Battista Giorgini fez o primeiro
desfile para compradores e imprensa internacionais em Florença, em 1951, e esse
é considerado um marco na moderna moda italiana. A relevância da Itália foi
reforçada nos anos 50, como estilos de vida; ao longo dos 60 e 70, apoiou-se
também numa manufatura excelente e na qualidade de seus materiais – bem como em
seu design (PALOMINO, 2003, p. 25).
Portanto,
foi no fim da década de 1970 que Milão emergiu como uma capital da moda devido
ao status que possuía como centro industrial italiano.
Estabelecidas
como capitais, essas quatro cidades asseguram suas hegemonias até a atualidade,
favorecidas pelos valores de tradição e história agregados ao longo dos anos,
mesmo com o surgimento de novos polos. Valores sustentados em uma conjuntura
geográfica de ordem imperial, a qual diz respeito à três das capitais. Ao passo
que Paris, Milão e Londres situam-se na Europa, uma assimilação de poder
voltado à estas cidades, culmina na formação de um continente na qualidade de
império no âmbito da moda.
É
em razão de nossa disposição para admirar, e consequentemente imitar, os ricos
e os notáveis que lhes é possível estabelecer, ou conduzir, o que chamamos de
moda. A roupa que vestem é a roupa em moda; a linguagem que usam em sua
conversa é o estilo em moda; o porte e as maneiras que exibem são o
comportamento em moda (SMITH, 1759, p. 64).
Assim,
percebe-se que o prestígio da moda europeia possui também caráter histórico.
Visto os aspectos que se impõem na contemporaneidade, efetivam-se as
influências europeias de design sobre outros lugares e criadores fora desse
continente.
Ademais,
é válido ressaltar que esse imperialismo contemporâneo da moda europeia se
transpõe também à diversos designers não europeus e advindos de outras cidades
que tendem a se firmar como novas capitais da moda. Esses, lá se estabeleceram
e fizeram fama. Neste caso, tem-se como exemplo os afamados criadores
japoneses Kenzo, Rei Kawakubo, Issey Miyake e Yohji Yamamoto que, segundo Braga
(2007), chegaram em Paris em 1980.
Uma composição de aspectos, aliada
ao contexto histórico de consolidação europeia enquanto império de moda,
auxilia no entendimento das razões pelas quais a Europa conquistou, e persiste
atestando, sua posição de relevância no mundo da moda. Lipovetsky (1989)
defende que há uma nova relação com a herança, uma valorização inédita do
passado histórico: o desejo pós-moderno de reconciliar criação e permanência,
moda e intemporalidade.
O “poder histórico”, associado ao
velho continente, é reafirmado quando analisados os dois maiores conglomerados
de moda e luxo e suas origens. São eles:
Kering, antiga Pinault Printemps Redoute (PPR) e Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH), ambos originários da
França, onde as marcas de moda fundidas pelo mesmo grupo são, em sua maioria,
de origem europeia. Para expor esse cenário de fusão, cita-se marcas como:
Gucci, Bottega Veneta, Saint Laurent, e Balenciaga, membros Kering; e Louis
Vuitton, Loewe, Berluti, Fendi, Céline, Christian Dior e Givenchy, membros
LVMH. Algumas mais recentes e outras centenárias carregam tradição no mercado,
e atestam que para além de estarem impondo-se a longo prazo, ainda são elevadas
a patamares de idolatria e tidas como referências mundiais.
[...] veem-se aprovados os “sem idade”, a
herança, as grandes marcas históricas. [...] A época deu meia-volta: eis-nos
tomados pelas paixões ao patrimonial e ao que não está sujeito a sair de moda,
por toda parte são celebradas as tradições, a continuidade, os “lugares de
memória” (LIPOVETSKY, 1989, p. 17).
Portanto,
designers notáveis, de renome e com estimada tradição e princípios
característicos das grandes casas da Europa são, como nunca, absorvidos por
outras marcas ao redor do mundo, e passam a disseminar variáveis de determinada
moda aos consumidores, ainda que estes estejam longe do epicentro da sua
gênese. Associa-se este fato ao que Svendsen (2010, p. 44) cita em sua obra:
Spencer
encontra as origens da moda em emblemas e outras coisas que simbolizam status,
e salienta que essas características distintivas tendem a se espalhar, sendo
adotadas por mais pessoas que aquelas que, estritamente falando, têm direito a
elas.
Ou seja, as tendências emergidas a partir do
continente europeu não se restringem mais àquele espaço, mas tangem o mundo em
totalidade, com particularidades configuradas com o ‘cenário imperial’
retratado. Além disso, é comum designers de capitais da moda de outros
continentes ou países recorrerem às capitais europeias, principalmente Paris,
para arguirem o reconhecimento esperado por suas criações, como mencionado
anteriormente.
Similar
à centralização das tendências indumentárias europeias, ocorrida na França no
século XVII, séculos depois, o velho continente continua a impactar na
configuração da disseminação de tendências de moda. Nesse caso, importa
considerar que, “usualmente, designa-se sob o nome de tendência qualquer
fenômeno de polarização pelo qual um mesmo objeto – no sentido mais amplo da
palavra – seduz simultaneamente um grande número de pessoas” (ERNER, 2005, p.
104).
Segundo
Braga (2007), a década de 1970 configurou-se num novo cenário no qual criou-se
na França um comitê de estilo cuja finalidade era direcionar as propostas de
moda. “Foi assim criada, em meados dos anos 1970, uma feira de moda têxtil a
ser exibida em Paris com o nome de Première
Vision (Primeira Visão), na qual as indústrias têxteis exporiam seus
lançamentos” (BRAGA, 2007, p. 92). Atualmente, a feira de lançamentos ainda
existe e está presente também em outros polos do mundo, tais como Nova York e
Istambul, apresentando as referências direcionadoras de moda.
Outra
via difusora também iniciada na França e condutora da moda naquele período, e
até hoje, são os chamados bureaux de
style. Segundo Rech (2002), são cadernos de tendências que oferecem
conteúdo a fim de melhor atender o mercado, os quais apresentam diretrizes que
refletem seus anseios:
Cor,
tecidos planos e de malharia, aviamentos e formas, componentes essenciais da
moda e principais veículos das modificações, impostas semestralmente, são
providos em cadernos específicos, a cada patamar industrial, em datas
rigorosas, para garantir uma ação coordenada de todos, com o objetivo de
atender, sempre melhor, os desejos dos consumidores (RECH, 2002, p. 39).
Atualmente,
o mercado conta com ferramentas de pesquisa desse gênero como o pioneiro
Promostyl (1966) e Peclers (1970) (apud
Tungate, 2005) ambos de origem francesa, e sites de pesquisa de tendências como
o Worth Global Style Network (WGSN).
Ademais,
coligindo grandes casas de moda, a Europa é tradicionalmente um notório berço
disseminador de tendências. Muitas destas traduzidas em produtos nas fashion weeks e projetadas amplamente por
meio de veículos de comunicação, culminados nos outros continentes. Rech e
Perito (2009) expõem que uma tendência surge na moda quando uma pessoa
capacitada a cria e a impulsiona. No que diz respeito a esta criação, as
autoras afirmam que o sociólogo Erner (2005) enuncia, como habilitados, os
estilistas e alguns atores e cantores, por exemplo.
Devido
ao poder de influência de que gozam esses personagens, é justificado que se
presenteie ou empreste a eles os artigos que as marcas pretendem promover.
Quando uma celebridade é vista portando esse artigo uma epidemia começa, a
mídia de moda divulga e milhares de pessoas imitam (RECH; PERITO, 2009, p. 5).
O
enquadramento atual da mídia, em um contexto de extrema velocidade na
veiculação de conteúdo, configura um comportamento de difusão de moda mais
volátil e hipermidiático, seduzindo os indivíduos ao seu universo de
efemeridade.
Ao
antigo universo em surdina sucedem a hipermidiatização das grandes casas, a
“estrelização” dos chefs cozinheiros
e dos grandes designers, a proliferação das obras sobre os criadores, os
produtos finos e a história dos mais “belos objetos” (LIPOVETSKY, 1989, p. 16).
Associado à dispersão de moda para o mundo a
partir de uma centralização inicial, podem ser veiculadas particularidades que
dizem sobre a sua gênese. A caracterização da moda de uma região sob o aspecto
de outra externa é articulada tanto pela mídia como pela história, atingindo
uma dimensão espaço-temporal.
Quando o vestuário de determinado país é
caracterizado, a sua assimilação é comumente referenciada ao estilo
prevalecente, e este “(...) é um conjunto de influências diversas relativamente
estáveis” (GODART, 2010, p. 72), ou seja, um conjunto de pormenores do
vestuário que coadjuvam na aparência geral. Nas palavras de Kalil (2008, p.
13), “o estilo entra e se impõe. Faz suas escolhas, elege alguns itens,
dispensa outros. Seleciona, separa, organiza, até ficar com o que combina com
seus traços”.
Para o
presente trabalho é relevante considerar que a caracterização da moda europeia
abrange a identificação de especificidades no âmbito dos países das capitas de
moda, com enfoque na principal, Paris.
Portanto, para caracterizar o estilo europeu, é apropriado delinear o
que Inès de La Fressange (2011), ícone da elegância na França, expõe em “A
Parisiense”, sua obra sobre como vestir-se à maneira dessa cidade, conhecida
como notória e influenciadora de moda.
Figura
01 - Itens clássicos de vestuário: trench
coat e jeans
Fonte: La Fressange (2011,
p. 27).
Por meio dessas peças de roupas, La Fressange (2011) orienta como
sofisticar o básico, surpreender com combinações incomuns, e como ser
sutilmente sensual, algumas características de comportamento da moda
parisiense. Também o faz com relação à contrastes entre peças de origem prestigiosa combinadas
ao street culture, assim como joias
em conjunto com bijuterias e o uso de clássicos. Porém, em arranjos que
assegurem um visual não convencional, conforme mostra a Figura 2, são outros
itens levantados e que aludem à mulher da capital francesa.
Figura 02 - Combinação de camiseta, blazer e bijuteria
Fonte: La Fressange (2011,
p. 49).
Quando
analisados os apontamentos da autora, logo é possível relacioná-los ao fator
herança. Segundo Duarte (2012), no século XX, quando Paris era chamada de
“capital do mundo”, Chanel, célebre estilista, já propunha alguns dos arranjos
mencionados por Inès de La Fressange. Na época, Chanel foi pioneira em propor a
mistura de joias com fantasias. Nas palavras de Duarte (2012, p. 202), “passava
a mensagem que a maneira de combinar os elementos e não o valor dos mesmos era
o fundamental para uma pessoa mostrar que tinha estilo”.
A
estilista também combinava pesos e texturas inusitados, como o jérsei e a seda.
“A socialite Suzanne Orlandi foi a
primeira mulher a usar um original de Chanel – um vestido de veludo preto com
uma gola de pétalas brancas” (KARBO, 2010, p. 66), uma referência para a moda
“pois marcou a criação do “eterno pretinho básico”, que até os dias de hoje faz
parte do guarda roupa da maioria das mulheres” (DUARTE, 2012, p. 198).
No que
tange a caracterização das roupas por meio de cores e tecidos, a moda inglesa
assegura posição de relevância. Segundo Lurie (1997), no século XIX a roupa da
mulher revelava cores, muitos adereços e uma profusão de panos e ornamentos
combinados. Entretanto, a autora relata que, ao longo dos últimos cinquenta
anos, os trajes descontraídos e os de trabalho das mulheres passaram a obedecer
ao referido “princípio da camuflagem”. Muito influenciada pela arquitetura e
pelo clima de Londres, as roupas urbanas “são, na maioria das vezes, em cores
que ecoam as nuanças da pedra, cimento, fuligem, céus nublados e calçadas
úmidas: preto, branco, azul-marinho e as tonalidades escuras de cinza” (LURIE,
1997, p. 115).
Figura
03 - Variante do “pretinho básico”
Fonte: La Fressange (2011,
p. 33).
A autora
segue descrevendo o traje inglês, e expõe que os tons baixos e sombrios são
coloridos por meio de detalhes: uma gravata para os homens, por exemplo, ou uma
única peça estampada como realce na composição do coordenado. Na esfera dos
tecidos, os “lisos, sem adornos, são os preferidos; se há algum padrão, este
tende a ser retangular. As listras estreitas são especialmente populares”
(LURIE, 1997, p. 116). De acordo com a autora, o vestuário inglês acaba por
fundir a figura humana à paisagem urbana, suas formas e padrões.
Acerca
da moda italiana, é destacado o caráter da alta qualidade.
Características
típicas da moda italiana pós-guerra originaram-se das relações entre o design
de roupas de luxo e a indústria da confecção. O prêt-à-porter italiano
representou a industrialização das roupas, mas com conteúdo altamente criativo
e simbólico (CRANE; MORA, 2008, p. 160).
Segundo
as autoras supracitadas, a modernização da indústria italiana possibilitou um prêt-à-porter com muito estilo e a
preços razoáveis, em que os designers criaram
uma estética muito influenciada pelo gênero das roupas masculinas.
Figura 04 - Padrão listrado do vestido consoante ao cenário urbano
Fonte: Lee Oliveira (2016).
Crane e
Mora (2008, p. 162) ponderam que a descentralização da produção de moda
italiana, baseada na subcontratação, possibilita às grandes empresas atender às
constantes mudanças de tendências ocorridas no mercado internacional com
produtos de alta qualidade:
[...]
essa extrema fragmentação contribui para o alto nível de criatividade do
sistema italiano de moda, uma vez que, nessas pequenas empresas locais,
produtoras de materiais e outros produtos, trabalham artesãos muito criativos e
trabalhadores altamente qualificados.
Em
síntese, a moda italiana é configurada em um cenário no qual prevalece a
valorização do trabalho de artesãos com ênfase na alta qualidade, exclusividade,
originalidade e aspectos de bens culturais geradores de caráter simbólico aos
consumidores. Nas palavras de Crane e Mora (2008, p. 168), “todos os agentes
(do designer ao consumidor) compartilham uma forte apreciação por
elegância, luxo e pelos aspectos estéticos das peças de roupas”.
Figura 05 - Detalhes de um
look da marca italiana Fendi
Fonte: FFW (2015).
A partir
das perspectivas evidenciadas, é incontestável o fato de que “a moda ganhou
algumas identidades com relação aos países de sua origem” (BRAGA, 2007, p. 87).
O estilo da maneira de vestir de cada país assume caracterizações por meio dos
pormenores que o integram e que acabam por defini-lo. Dessa maneira, conclui-se
que, para caracterizar o estilo europeu em um âmbito geral, implica admitir a
ele atributos como a valorização de peças clássicas de vestuário, a combinação
ousada e não óbvia de elementos, a sofisticação, as cores sóbrias, os padrões
geométricos, a primazia estética, a criatividade, a perícia profissional, a
alta qualidade e o uso de materiais que garantem um vestuário de excelência. Esses
pormenores juntos possibilitam à moda europeia ostentar o título a ela
atribuído: moda elegante de um continente imperialista.
Na contemporaneidade, principalmente com o advento da globalização, a
dinâmica das capitais da moda tem se mostrado um processo que ganha relativa
intensidade. Afinal, “o desenvolvimento e a difusão, desde 1960, das novas
tecnologias de comunicação ampliam ainda mais as noções de tempo-espaço social
[...] e uma maior percepção de simultaneidade de ter a experiência de novos lugares
e novas sensações” (DULCI, 2015, p. 84).
No mesmo sentido, Jacomet (2016, n.p.) atesta que “esta mundialização da
indústria da moda dá lugar à uma concorrência global intensa”, de modo a
aparecerecem novos concorrentes na Ásia e na Turquia, além de outras na própria
Europa e até mesmo nas Américas, merecedoras de atenção.
Assim, no que tange à moda, entende-se que embora permaneça a hegemonia
do continente europeu, não se deve negligenciar a eclosão de novos polos
produtores e, consequentemente, novas capitais de moda, mesmo, por hora, de
menor magnitude.
Godart (2010) destina um capítulo de seu livro para tratar das capitais
da moda europeias e, neste, um subcapítulo destinado à Paris e as novas
capitais emergentes. Porém, o autor enfatiza a hegemonia do velho continente ainda
assegurada, pois até mesmo os calendários fashion
mundiais são organizados de forma a permitir, aos maiores nomes da moda,
participarem dos grandes eventos nas quatro principais capitais da moda
mundial, das quais três são europeias. Porém, não há a mesma consideração com a
organização de eventos nas demais cidades mundiais emergentes, onde acontecem
eventos de menor expressividade.
Para Godart (2010), assim como Mendes e La Haye (2009) e Jacomet (2016),
Paris ainda detêm o título de capital da moda mundial. A cidade foi o berço da
moda contemporânea e, embora haja uma concorrência cada vez mais acirrada entre
metrópoles mundiais para atrair mentes criativas, Paris ainda o realiza de
forma espontânea e natural.
Contudo, reconhece-se que Paris, a exemplo das demais capitais
enfatizadas neste trabalho, deve com o tempo ceder espaço para as concorrentes.
Nesse sentido, para Steele (2005, p. 56) “Paris não é mais ‘a’ capital da moda,
mas uma das capitais da moda, um primus
inter pares (primeiro entre iguais), que deve se conciliar com influências
vindas do mundo inteiro, não somente de Nova York, Londres ou Milão, mas também
de Tóquio ou Antuérpia”.
Nessa conjuntura, torna-se primaz reconhecer o papel das novas capitais
da moda em termos mundiais. Afinal, com a globalização, não se deve tratar de
uma capital da moda, mas de várias cidades que exercem influência na moda
global. No entanto, ainda existe uma importante hierarquia entre estas cidades.
De forma geral, Paris continua detendo o título sob o ponto de vista
financeiro e midiático, principalmente quanto à alta costura. No que diz
respeito ao poder das marcas, essa hegemonia tem-se, com os anos, mostrado
menos evidente, e marcas francesas como Louis Vuitton e Chanel, sempre muito
poderosas, tem encontrado certa concorrência, como as italianas Gucci e Prada,
ou as americanas Calvin Klein e Ralph Lauren. Quanto a criatividade e novos
talentos, para Godart (2010, p. 57), Londres e Nova York estão no escopo, “ela [Paris]
perdeu sua coroa de capital única, mas permanece na frente do pelotão”.
Os autores supracitados compreendem que há uma complexidade sobre as
capitais da moda. De forma geral, há concordância que Paris e Londres são as
principais capitais da moda e que, principalmente a primeira, detém a hegemonia
nos campos político, histórico, artístico e econômico. Mas esta centralidade
não é mais plena.
Ressalta-se nestes primeiros anos de século XXI, que várias cidades
abrigaram influentes semanas da moda, como Los Angeles e São Paulo. Outros
países, como Nova Zelândia e Irã também tem encontrado relativo e crescente
destaque neste tipo de evento. Outros polos com ênfase na formação de novos
talentos tem sido Tóquio, no Japão e Antuérpia, na Bélgica (Mendes; La Haye, 2009).
Porém, essas cidades, assim como outros polos mencionados, têm dificuldades
para manter seus criadores de moda em suas origens. Estes, sempre que podem,
migram para, principalmente, Paris, onde buscam seus reconhecimentos
profissionais.
Além dos polos citados, Copenhague, Estocolmo, Berlim, Miami entre
outros, também apresentam relativa importância estilista; enquanto Barcelona,
Madri, Moscou, Bombaim, Hong Kong e Xangai exercem maior importância de
mercado, permanecendo aquém nos quesitos midiáticos, criativos e simbólicos.
Essa dinâmica das capitais da moda e novos polos da moda é complexa e
foge do escopo deste trabalho, o qual objetiva tratar do imperialismo da moda
europeia, algumas de suas características e a consequente influência exercida
na moda mundo afora. Porém, entende-se a pertinência e magnitude desta
discussão.
Assim, reitera-se que estes novos polos são “uma fonte de crescimento
para as empresas europeias no momento em que o consumo de mercados domésticos
diminui” (JACOMET, 2016, s.p.). Porém, embora as estruturas e dimensões das
capitais da moda possuem diferentes níveis de ação social, ainda é limitado o
número de capitais da moda que atraem o essencial midiático e definem a moda.
Em nível local, afirma Godart (2010), realmente há outros e novos
protagonistas de destaque, com influência exercida na interação local-global,
mas que ainda não conseguem a mesma magnitude como as quatro capitais à frente
dessa corrida pelo poder.
Os novos protagonistas, embora ainda modestos já preocupam e ameaçam
aqueles que estão no escopo, principalmente os países asiáticos, como China e
Índia que tem aumentado seu poder. Contudo, por hora, “Paris, Milão, Nova York
e Londres continuam a ser as principais capitais de moda do mundo, para as
quais os estilistas continuam a migrar para fazer nome” (MENDES; LA HAYE, 2009,
p. 280).
A moda
enquanto fenômeno social é fator notável. A maneira como manifesta-se e envolve
o indivíduo contemporâneo é diferente em cada sociedade. Porém, com um
importante aspecto em comum: influências externas.
A
temática exposta nesse artigo visou tratar algumas particularidades da moda
europeia que repercutem no mundo todo e, consequentemente, no Brasil. Polo da
maior concentração de capitais de moda, inclusive aquelas fora do escopo da
hierarquia global, o imperialismo estabelecido pelo continente europeu advém de
contextos políticos, históricos, tramas sociais e econômicas que o fazem berço
da produção fashion, bem como
epicentro da disseminação de tendências pelo mundo. Favorecida pelos valores
sustentados em tradição e história, a Europa afirma posição de prestígio quanto
à caracterização de moda elegante.
Com
gênese no século XVII, esse imperialismo permanece nos dias atuais e a
hegemonia do velho continente se faz presente na indumentária utilizada mundo
afora. Além disso, o gosto pelos produtos de estética europeia perdurará
enquanto este continente continuar a afirmar-se como um império de moda.
Contudo,
na contemporaneidade, principalmente após o advento da globalização, a
hegemonia da moda europeia encontrou algumas ameaças, principalmente de outras
cidades europeias e asiáticas. Portanto, a dinâmica das capitais da moda merece
atenção e, numa dimensão espaço-tempo, pode haver alterações no cenário
mundial. Contudo, por hora, as tradicionais capitais europeias continuam à
frente desta corrida com tendência a se tornar cada vez mais acirrada.
Dessa
forma, entende-se que o estudo realizado permitiu verificar e entender esta
influência da moda europeia sob o mundo todo, desde sua gênese até a atualidade,
pautada na criação de roupas que possuem na elegância a sua grande
peculiaridade. Também proporcionou discutir, embora de forma breve, a dinâmica
das capitais da moda que tende, com o passar do tempo e com as transformações
pertinentes à globalização, trazer novidades acerca desta competitividade entre
cidades.
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