Educação
inclusiva e formação continuada de professores de Artes Visuais no Município de
Cabedelo, Paraíba
Inclusive
education and continued training of teachers of Visual Arts in county of
Cabedelo, Paraíba
Robson Xavier da
Costa
Doutor
em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
– robsonxavierufpb@gmail.com – http://orcid.org/0000-0003-3012-3741
Marinês Salviano Alves
Mestra
em Artes Visuais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – marines-alves@hotmail.com
– http://orcid.org/0000-0001-7168-3273
Resumo
O estudo surgiu da necessidade de identificar o papel da Diretoria de Educação Inclusiva (DEI), da Secretaria de Educação do
Município de Cabedelo (SEMC), Paraíba, na formação continuada do professor de
Artes Visuais. Objetiva investigar se a formação continuada oferecida, no ano
de 2015, pela DEI e pela SEMC para os professores de Artes Visuais, abordou
temas sobre Educação Inclusiva, aplicados ao Ensino da Arte. Esta pesquisa foi
realizada na DEI/SEMC; na Coordenação de Artes; na EMEF Elizabeth
Ferreira da Silva e na EMEF Vereador Pedro
Américo, as quais possuem Salas de Recursos
Multifuncionais (SRM). Os dados foram obtidos por
meio da observação direta, aplicação de questionários semiestruturados com os
gestores e professores das instituições selecionadas e análise documental. O
marco teórico envolve saberes do campo do Ensino da Arte, da formação do
professor de Artes Visuais e da Educação Inclusiva. Os resultados obtidos
destacaram que os professores de Artes Visuais pesquisados, começaram a
se envolver com os conteúdos relativos à Inclusão Escolar por meio das ações
promovidas pela DEI/SEMC.
Palavras-chave: Artes Visuais.
Educação Inclusiva.
Escola Pública.
Abstract
This study arose from the need to identify the role of the Board of
Inclusive Education (DEI), from the Department of Education county of Cabedelo
(SEMC), Paraíba, in the professor´s continued formation of Visual Arts. Aims to
investigate whether the continuing education offered by SEMC/DEI for the Visual
Arts teachers in 2015 addressed themes on Inclusive Education, applied to Art
Teaching. This research was carried out at DEI/SEMC; in the Arts Coordination;
EMEF Elizabeth Ferreira da Silva and EMEF Vereador Pedro Américo, who have
Multifunctional Resource Rooms (SRM). Data were obtained through direct
observation, application of semistructured questionnaires with the managers and
teachers of the selected institutions and documentary analysis. The theoretical
framework involves knowledge of the field of Art Teaching, teacher training in
Visual Arts and Inclusive Education. The results showed that the teachers of
Visual Arts researched, began to get involved with the contents related to
School Inclusion through the actions promoted by the DEI/SEMC.
Keywords: Visual Arts. Inclusive Education. Public Schools.
Recebido em: 01/04/2018
Aceito em: 17/10/2018
A inclusão educacional representa um avanço no
processo da educação escolar e diz respeito à aplicação da legislação vigente
no Brasil e no mundo. As escolas inclusivas trabalham em busca da
democratização do ensino, permitindo que os sistemas educacionais favoreçam a
inclusão dos estudantes, sem distinção ou exclusão decorrente de alguma
deficiência.
Dessa
maneira, o Ensino das Artes, bem como as demais disciplinas curriculares,
precisa de professores com capacidade pedagógica e metodológica para inserir os
estudantes com deficiência no cotidiano escolar. Assim, buscamos refletir sobre
a ampliação da participação do professor de Artes Visuais na Educação Inclusiva
nas escolas que recebem estudantes com deficiências no Município de Cabedelo,
Estado da Paraíba (PB).
Cabe destacar que a Educação Inclusiva representa uma orientação
dominante da Declaração de Salamanca (1994, n. p.), que a definiu como
"para todos e para cada um" e, também, responde à Lei Brasileira da
Inclusão da Pessoa com Deficiência, por meio da Lei n° 13.146, publicada em 06
de julho de 2018.
Esse estudo foi realizado no município de Cabedelo,
na região metropolitana da João Pessoa, a capital paraibana. O Sistema
Municipal de Educação do Município de Cabedelo, durante a pesquisa de campo,
era composto por 36 instituições, são elas: Diretoria de Educação Inclusiva
(DEI); 22 escolas ofertando as modalidades de
Educação Infantil, Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), das quais oito
escolas possuíam Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) em suas dependências
físicas, estas salas estavam subordinadas à DEI; Associação
Frei Gregório, onde atualmente funciona uma escola de Educação Infantil;
um centro de Inclusão Escolar; nove Creches; um Centro de Artes e a Coordenação
de Artes.
Por outro lado, a amostra desse estudo de caso foi
composta por quatro instituições: a DEI, a Coordenação de Artes do Município e duas
escolas municipais com SRM. Os instrumentos de construção dos dados foram
observação direta e aplicação de questionários com a Coordenadora de Artes; a
Diretora da DEI; dois gestores e dois professores de Artes Visuais das duas
escolas participantes, totalizando seis sujeitos participantes.
A sede da DEI está localizada na Rua Siqueira
Campos, s/n, no bairro de Camalaú, Cabedelo - PB. Sua estrutura física engloba
o Centro de Atendimento de Educação Especial (CAEE) Rafael Henrick França dos
Santos, que desenvolve trabalho de apoio às escolas, em relação às demandas dos
estudantes com deficiências. A Coordenação de Artes, da Secretaria de Educação
do Município de Cabedelo (SEMC), não tem uma sede fixa, pois, nos últimos anos
ocupou 03 espaços distintos, funcionando provisoriamente na Escola Municipal
Damásio França de Macedo.
Este estudo buscou responder à seguinte questão de
pesquisa: a formação continuada dos professores de artes, oferecida anualmente
pela DEI e pela SEMC, aborda a aplicação de práticas pedagógicas inclusivas nas
escolas da SEMC? Assim, objetivou verificar se os professores de Artes Visuais
que participaram de capacitações disponibilizadas pela SEMC/DEI, desenvolvem
práticas pedagógicas inclusivas nas escolas da SEMC.
Utilizamos os seguintes instrumentos para coleta de
dados: observação direta e aplicação de questionários semiestruturados. Foram
quatro questionários realizados: o primeiro composto por oito questões abertas
respondidas pelos gestores das duas escolas municipais; o segundo com dez
questões abertas aplicado com os professores de Artes Visuais das duas escolas
participantes; o terceiro com nove questões abertas aplicado com a DEI e o
quarto com seis questões abertas aplicado com a Coordenação de Artes de
Cabedelo, PB.
A inclusão foi abordada na Constituição
Brasileira de 1988, no capítulo III, da Educação, da Cultura e do Desporto, no
seu artigo 205, ao prescrever que “a educação é direito de todos e dever do
Estado e da Família” (BRASIL, 1988). No artigo 208, torna-se ainda mais
específico: “[...] o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de: [...] atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988).
No Brasil, ocorreram várias mudanças na
nomenclatura de “pessoas excepcionais” para “pessoas com necessidades
educacionais especiais”, em 1986, por meio da Portaria CENESP/MEC, n° 69. O
termo “pessoas com necessidades educativas especiais começou a ser utilizado no
final dos anos 1960, mas não foi capaz de modificar a concepção dominante”
(CARDOSO, 2003, p. 19), atualmente o termo utilizado é Pessoa com Deficiência
(PcD).
A Declaração de Salamanca, estabelecida em 10
de junho de 1994, na Espanha, foi definida em uma assembleia com os delegados
da Conferência Mundial de Educação. Estavam representados 92 países e 25
organizações internacionais com o patrocínio do governo espanhol e da
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, 1998).
No encontro foi selado o compromisso com a Educação
para Todos e elaborada a declaração conhecida por meio das metas de ação,
objetivando efetivar na sociedade a Educação Inclusiva nos países
participantes, incluindo o Brasil.
No Brasil, em 1996, foi promulgada a Lei de
Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN) que enfatiza a educação
inclusiva, no Capítulo V, no artigo 59: “[...] Os sistemas de ensino
assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos,
técnicas, recursos educativos e organização específica para atender às suas
necessidades” (BRASIL, 1996).
O tema inclusão é controverso sendo um processo que
levará muito tempo, mas começou a fazer parte de discussões a partir da
Declaração de Jomtiem e culminando na Declaração de Salamanca, onde o Brasil
participou e assinou a Declaração, surgindo assim dentro da LDB nº 9.394/96,
vagas nas escolas regulares para PNEE. A Lei logicamente está aí para ser
cumprida, mas o maior questionamento sobre isso é se realmente PPNE estão sendo
incluídas verdadeiramente ou somente estão sendo colocadas "de corpo
presente"? (SATO; CARDOSO; TOLOCKA, 2002, p. 21).
A concepção de Educação Inclusiva tornou-se
uma política educacional nacional, objetivando inserir as PcD nas salas de
aulas das escolas do Ensino Fundamental. Atualmente, no Brasil, inúmeras
medidas legislativas atestam o direito de os alunos frequentarem as escolas
regulares e o ensino formal, sem distinção ou exclusão (COSTA, 2010).
Faz-se necessário refletir sobre as demandas
da inclusão dos estudantes com deficiências nas aulas de Artes Visuais. O
contato do professor dessa disciplina com o cotidiano escolar dos estudantes
com deficiências permite que ele perceba a necessidade de utilizar novos
recursos no campo da motricidade, linguagem, mobilidade e produção artística,
criando uma interlocução entre os campos da Educação Inclusiva e do Ensino de
Artes Visuais.
Mantoan (2001) afirma que o processo inclusivo
antecipa o uso de técnicas de ensino para atender a singularidade de cada
estudante. É importante que o estudante compreenda quais são suas
potencialidades e que o ensino se volte para um contexto que envolva desafios e
possibilidades pedagógicas.
A cidade de Cabedelo, localizada no litoral
paraibano, disponibiliza tanto para estudantes como para educadores, por meio
da SEMC, o suporte da DEI, que dispõe do CAEE Rafael Henrick França dos Santos,
desenvolvendo um trabalho de apoio às escolas, em relação às demandas dos
estudantes com deficiências.
Algumas Escolas Municipais do Ensino
Fundamental (EMEF) possuem uma SRM, que são subordinadas à DEI e definidas por
meio da regulamentação do Ministério da Educação (MEC), com base no Decreto n°
7611/2011, que dispõe sobre as SRM, ao regulamentar que “são ambientes dotados
de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta
do atendimento educacional especializado" (BRASIL, 2011) e, assegurar que
as Secretarias Municipais de Educação devem suprir as respectivas
especificidades pedagógicas dos estudantes com deficiências regularmente
matriculados no ensino formal.
Os estudantes matriculados em escolas sem a
SRM podem ser atendidos em outra escola que possua esse recurso didático
inclusivo. O município de Cabedelo possui 22 EMEF registradas na SEMC (PARAÍBA,
2015), cuja relação está distribuída de acordo com o Quadro 01:
Quadro 01 - Relação das EMEF de Cabedelo
|
EMEF |
DEFICIÊNCIA |
QUANTIDADE |
1 |
Hildebrando
da Silva |
Intelectual |
2 |
2 |
Plácido
de Almeida |
Intelectual |
6 |
Autismo |
1 |
||
Visual |
1 |
||
3 |
Vereador
Pedro Américo |
Intelectual |
7 |
Auditiva |
2 |
||
Física |
1 |
||
TDAH |
2 |
||
4 |
Maria
José de Miranda Burity |
Intelectual |
3 |
Síndrome de
Down |
1 |
||
Física |
1 |
||
Autismo |
1 |
||
5 |
Adjuto
Carlos de Morais |
Intelectual |
4 |
Autismo |
3 |
||
Síndrome
de Down |
2 |
||
Hidrocefalia |
1 |
||
6 |
Edézio
Rezende Pereira |
Intelectual |
2 |
Autismo |
2 |
||
7 |
Agripino
José de Morais |
Intelectual |
8 |
Autismo |
1 |
||
Esquizofrenia |
2 |
||
8 |
João
Roberto Borges de Souza |
Intelectual |
8 |
Autismo |
4 |
||
Síndrome
de Down |
1 |
||
Auditiva |
1 |
||
Física |
1 |
||
9 |
Paulino
Siqueira |
Intelectual |
10 |
Autismo |
7 |
||
Auditiva |
4 |
||
Síndrome
de Down |
1 |
||
Dislexia |
1 |
||
Esquizofrenia |
1 |
||
Hidrocefalia |
1 |
||
TDAH |
1 |
||
Visual |
1 |
||
Mielomeningocele |
1 |
||
10 |
Rosa
Figueiredo de Lima |
Intelectual |
2 |
11 |
Maria
Pessoa Cavalcante |
- |
- |
12 |
Antônio
Viana da Silva |
Intelectual |
5 |
Autismo |
2 |
||
TDAH |
1 |
||
13 |
Damásio
França de Macedo |
Intelectual |
2 |
TDAH |
2 |
||
14 |
Major
Adolfo Pereira Maia |
Intelectual |
6 |
15 |
Maria das
Graças Carlos Rezende |
- |
- |
16 |
Elizabeth
Ferreira da Silva |
Intelectual |
4 |
17 |
Centro
Integrado Imaculada Conceição |
Intelectual |
1 |
Auditiva |
2 |
||
18 |
Silvana
Oliveira Pontes |
Intelectual |
2 |
19 |
Maria
José Veríssimo de Andrade |
Intelectual |
9 |
Síndrome
de Down |
2 |
||
20 |
Marizelda
Lira da Silva |
Intelectual |
3 |
21 |
Altimar
de Alencar Pimentel |
Intelectual |
6 |
Autismo |
5 |
||
Dislexia |
1 |
||
TDAH |
2 |
||
Dificuldade
na fala |
1 |
||
22 |
Edlene de
Oliveira Barbosa |
Intelectual |
2 |
Física |
2 |
Fonte: adaptado de Alves (2016).
De
acordo com o Quadro 01, foi identificado no ano de 2015 a existência de 158
crianças e adolescentes com deficiências, regularmente matriculadas nas 22
unidades de ensino. Os dados evidenciam a incidência de 12 tipos de
deficiências identificados no alunado, cuja maioria é diagnosticada com déficit
intelectual, ou seja, 92 alunos e, por sua vez, foram constatados a existência
de 26 estudantes diagnosticados com autismo.
Entre
as 22 escolas de Ensino Fundamental de Cabedelo, apenas três não tinham
estudantes com deficiências regularmente matriculados, nas outras 19
instituições foram registradas estudantes com deficiências (Quadro 01). Ou
seja, verificou-se que nove escolas têm estudantes com Deficiência Auditiva,
com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) foram observados
alunos matriculados em oito escolas. Enquanto que sete escolas tinham alunos
com Síndrome de Down, apenas cinco instituições com alunos com Deficiência
Física.
Por
outro lado, dentre os alunos matriculados nas 22 escolas do Ensino Fundamental
de Cabedelo, três estudantes foram diagnosticadas com Esquizofrenia, também foi
constatado dois estudantes matriculados com Deficiência Visual, Hidrocefalia e
Dislexia; e um estudante com Mielomeningocele e Dificuldade na Fala.
Nem
todas as escolas de Ensino Fundamental da SEMC disponibilizavam cuidadores ou
intérpretes aos estudantes com deficiências, e nem todos os estudantes recebiam
atendimento externo. A EMEF Altimar Pimentel possuía, em 2015, sete estudantes
acompanhados em sala de aula por cuidadores/intérpretes. Vale ressaltar que as
22 EMEF recebem o apoio da equipe da DEI para desenvolver seus trabalhos
pedagógicos, educativos e inclusivos, dividindo-as em grupos.
A
equipe da DEI que atendia as escolas do município paraibano de Cabedelo era
composta por uma equipe multiprofissional (Quadro 02), contando com: pedagogos,
psicólogos, psicopedagogos, arte/educadores, fonoaudiólogos e assistentes
sociais. Esses profissionais deslocavam-se até as escolas e faziam reuniões com
gestores, supervisores e professores para explanarem as vivências cotidianas,
no intuito de colaborar com encaminhamentos para atender a demanda dos
professores em relação aos estudantes com deficiências. Para uma melhor
visualização, a disponibilidade da equipe técnica da DEI encontra-se
distribuída no Quadro 02.
Quadro 02 - Histórico quantitativo Equipe
técnica da DEI de Cabedelo
Profissional/Ano |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
Arte
/educador |
1 |
2 |
2 |
3 |
3 |
3 |
3 |
2 |
Assistente
Social |
0 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
Coordenador
|
2 |
1 |
1 |
2 |
1 |
1 |
1 |
1 |
Cuidador |
0 |
0 |
0 |
0 |
1 |
8 |
15 |
23 |
Fonoaudiólogo |
2 |
3 |
4 |
4 |
3 |
3 |
3 |
3 |
Intérprete
de LIBRAS |
2 |
3 |
9 |
9 |
10 |
11 |
12 |
14 |
Instrutores |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
1 |
1 |
1 |
Pedagogo |
4 |
7 |
7 |
7 |
8 |
8 |
8 |
11 |
Professores
de SRM |
0 |
0 |
1 |
5 |
6 |
7 |
9 |
12 |
Professores
de LIBRAS |
0 |
0 |
1 |
1 |
2 |
2 |
2 |
2 |
Psicólogo |
0 |
1 |
1 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
Psicólogo
em SRM |
0 |
0 |
0 |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
Secretária |
1 |
0 |
0 |
1 |
1 |
1 |
0 |
1 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: adaptado de Paraíba (2015).
De
acordo com o Quadro 02, identificamos que ao longo dos anos a DEI aumentou o
número de profissionais da sua equipe técnica, expandindo a sua diversidade. No
ano de 2005, a equipe era formada por apenas 13 profissionais, em 2012 o número
da equipe foi ampliado para 76. No ano de 2005, a DEI não possuía assistente
social, cuidador, instrutor, professor de libras e psicólogo nas SRMs.
As
SRMs vinculadas à DEI e estruturadas nas EMEF de Cabedelo foram implantadas no
intuito de "(...) de promover as condições de acesso, participação e
aprendizagem dos estudantes, público alvo da educação especial no ensino
regular (BRASIL, 2012, p. 3).
Em
conformidade com a Resolução CNE/CEB n° 4/2009, que "institui diretrizes
operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica,
modalidade educação especial" (BRASIL, 2009), a SEMC divulgou o mapeamento
das EMEF que possuem a SRM para atender aos estudantes com deficiências,
público alvo do AEE. A distribuição das SRMs pode ser visualizada no Quadro 03.
Quadro 03 - Quantitativo dos estudantes
atendidos nas SRM de Cabedelo
|
ESCOLA MUNICIPAL |
ALUNO |
DEFICIÊNCIA |
1 |
Paulino Siqueira |
5 |
Intelectual (2) |
Autismo |
|||
Física |
|||
Surdez |
|||
2 |
Hildebrando das Silva |
- |
- |
3 |
Edézio Rezende |
9 |
Autismo (2) |
Intelectual (6) |
|||
Física, Intelectual e Motora |
|||
4 |
Pedro Américo |
- |
- |
5 |
Maria José Veríssimo Andrade |
10 |
Intelectual (10) |
6 |
Adjuto Carlos de Morais |
6 |
Intelectual (2) |
Autismo (4) |
|||
7 |
João Roberto Borges de Souza |
14 |
Intelectual (10) |
Autismo (2) |
|||
Surdez |
|||
Física |
|||
8 |
Elizabeth Ferreira da Silva |
- |
- |
Fonte: adaptado de Alves (2016).
De
acordo com o Quadro 03, apenas oito escolas da SEMC contavam com SRM para
atender aos estudantes com deficiências/dificuldades de aprendizagem,
regularmente matriculados na SEMC. Mas, vale destacar que a Educação Infantil
no município também recebe estudantes com deficiências.
De
acordo com o Quadro 04, a Educação Infantil de Cabedelo atendeu um total de 18
crianças com deficiências em oito unidades educacionais no ano de 2015. Porém,
nenhuma dessas crianças foi acompanhada por cuidadores ou intérpretes, nem
recebeu algum tipo de atendimento externo especializado.
Na
concepção da Educação Inclusiva, o processo educacional é compreendido como um
todo, pressupondo a implementação de políticas públicas estruturantes no
sistema de ensino. Segundo Costa (2010), por vezes supera os modelos de
integração em classes especiais e, além de cumprir sua função social, o sistema
educacional deve construir uma proposta pedagógica que valorize a diversidade,
ofertando a escolarização em classes comuns do ensino regular e o atendimento
às necessidades educacionais específicas dos seus educandos.
Quadro 04 -
Quantitativo dos estudantes com deficiências na Educação Infantil de Cabedelo
PB
|
INSTITUIÇÃO |
QUANTIDADE |
DEFICIÊNCIA |
1 |
Creche Alexia Luana |
2 |
Auditiva (1); Física (1) |
2 |
Creche Santa Catarina |
2 |
Atraso no DNPM e Física |
3 |
Creche Pequena Princesa |
1 |
Autismo |
4 |
Creche Josefa de Medeiros Regis |
1 |
Síndrome de Asperger |
5 |
CIE |
1 |
Atraso DNPM e Intelectual |
6 |
Creche Silvana de Oliveira |
2 |
Intelectual (2) |
7 |
Associação Frei Gregório |
6 |
Autismo (3) |
Intelectual |
|||
DMU, Autismo e Física |
|||
DNPM e Física |
|||
8 |
Creche Tarik Anthony Mais Azevedo |
3 |
Paralisia Cerebral (3) |
Fonte: adaptado de Alves (2016).
Essa
concepção pode ser verificada nas Diretrizes Nacionais da Educação Básica,
estabelecidas pela Resolução CNE/CEB n° 4/2010, segundo disposto no seu
Parágrafo 1° do artigo 29:
§ 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no atendimento
educacional especializado (AEE), complementar ou suplementar à escolarização
ofertado em sala de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede
pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos (BRASIL, 2012).
Os sistemas de ensino devem matricular
além dos estudantes com deficiências, aqueles que apresentam transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns
do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE). O objetivo
deste atendimento é identificar habilidades e necessidades dos estudantes,
organizar recursos de acessibilidade e realizar atividades pedagógicas
específicas que promovam seu acesso ao currículo.
A DEI de
Cabedelo objetiva acompanhar os estudantes com deficiências matriculados na
rede municipal de ensino, por meio das SRMs. A interação entre a DEI e os
professores e/ou pela direção das escolas tem como foco o comportamento dos
alunos em sala de aula, a partir de então, começam as avaliações individuais.
As avaliações ocorrem durante o período em que os estudantes estão na escola e
são feitos em comum acordo com professores, com a autorização dos pais ou
responsáveis, geralmente, agendadas previamente, para que o professor tenha
tempo para planejar a aula de modo que o estudante não se prejudique por estar
fora de sala.
Após a avaliação, os profissionais da equipe se
reúnem para encaminhar quais serão os atendimentos especializados que o
estudante necessitaria. Verificamos que a equipe conta com o apoio da SEMC,
para os encaminhamentos externos – disponibilização de transporte para o
estudante ir acompanhado pelo responsável para consultas médicas, bem como,
possibilita que as assistentes sociais se locomovam para marcar consultas. Às
vezes, os deslocamentos são para João Pessoa, de acordo com as necessidades
cotidianas, ou seja, não se restringindo só ao âmbito de Cabedelo.
Segundo
a coordenadora da equipe, a pedagoga Socorro Feitosa, entrevistada
no dia 26 de novembro de 2015, os estudantes com deficiências encaminhados ao
DEI são acompanhados pela assistente social da equipe, e toda a documentação
sobre o estudante, desde encaminhamento pelo professor até a identificação da
sua dificuldade fica arquivada na sede da DEI. Os profissionais que fazem as avaliações escrevem
relatórios e cada estudante tem uma pasta que é disponibilizada para futuras
consultas. Segundo relatos da coordenadora do DEI, vários estudantes
conseguiram laudo médico para diagnosticar deficiências que as famílias, por
motivos variados, não haviam identificado, possibilitando acessar o Benefício
de Prestação Continuada (BPC), melhorando sua qualidade de vida e,
consequentemente, refletindo diretamente no rendimento escolar.
Além
do suporte para os estudantes, a equipe procura dar apoio aos professores
durante dois meses, com troca de experiências, no mesmo período em que a escola
está sendo atendida pela equipe da DEI através de dois encontros anuais de
formação realizados no auditório localizado na SEMC. No primeiro encontro
anual, a “sensibilização” é trabalhada por meio de questões de cunho
psicológico, com a participação de todo o corpo docente e servidores das
escolas. O segundo encontro aborda propostas de ensino-aprendizagem para PcD.
Apesar do pouco tempo, apenas dois encontros anuais, segundo a Coordenadora da
DEI, os professores tiram dúvidas e recebem sugestões de atividades e práticas
que podem favorecer o cotidiano nas escolas.
Ademais da formação específica, verificamos que
vários profissionais da DEI, a exemplo da coordenadora, possuem formação
especializada em inclusão social. A equipe conta com alguns especialistas em
AEE, estes trabalham no atendimento nas SRMs, nas escolas. De acordo com os
dados levantados a partir da aplicação dos questionários semiestruturados nesta
pesquisa, a equipe tem passado por reformulações ao longo dos anos. Cada
coordenador imprimiu algo novo ao trabalho, cuja atual coordenação atua ao
longo de uma década.
Portanto, na análise dos relatos por meio dos
questionários respondidos e dos documentos analisados, a DEI mantém uma
coerência no trabalho desenvolvido e na observância dos seus objetivos, tais
como:
- Minimizar as desigualdades existentes
entre os alunos e promover a Inclusão Educacional de forma abrangente, ou seja,
aceitar o aluno como ele é, respeitando suas peculiaridades e estimulando suas
potencialidades;
- Identificar alunos com necessidades
educacionais especiais, para em seguida, prestar atendimentos internos (acompanhados pela equipe multiprofissional do
projeto) e externos (instituições especializadas parceiras) de forma que
minimizem os danos causados por determinadas dificuldades e/ou deficiências;
- Assegurar a permanência do aluno na escola,
prestando um serviço de qualidade, livre de qualquer tipo de exclusão;
- Promover formações e sensibilizações para os
profissionais das escolas atendidas, na área de educação especial/inclusiva (ARRUDA,
2012, p. 18).
Destacamos as mudanças que ocorreram nos últimos
anos na estrutura física da DEI, uma vez que depois de funcionar por vários
anos dentro da SEMC, atualmente possui sede própria, o que possibilitou o
atendimento aos estudantes com deficiências, que antes contavam apenas com
avaliação e encaminhamento. Durante o período da pesquisa o atendimento pela
equipe da DEI era realizado no horário oposto ao que o estudante estava
matriculado na escola regular, agendado previamente e abrangendo as entrevistas
da equipe com os familiares.
A
família é outro ponto observado durante todo o processo. A equipe marcava
horário para entrevistas individuais com familiares ou responsáveis pelas
crianças encaminhadas, realizadas pelo psicólogo da equipe, acompanhado por
outro profissional. As entrevistas objetivavam colher dados para conhecer o histórico
de vida do estudante com deficiências. Em um segundo momento, dependendo da
avaliação, a equipe procurava orientar a família, de modo a ajudar na educação
dos estudantes.
Também
foi realizada pela DEI na escola uma reunião de pais no intuito de abordar
temas relevantes, tais como: direitos e benefícios da criança com deficiências;
a importância dos cuidados básicos; acompanhamento da vida escolar, entre
outros. Nesse momento pedagógico com os pais, a equipe da DEI ficava à
disposição para atender situações emergenciais ou esclarecer dúvidas. Por
vezes, crianças vítimas de violência ou envolvidas em situações de risco
suscitam a necessidade de uma intervenção imediata. Nesses casos, alguns
membros da equipe fazem uma reunião para identificar o problema e decidem em
conjunto as medidas a serem adotadas em cada situação específica.
Os resultados obtidos nessa pesquisa possibilitaram
identificar, por meio da observação da prática docente no Ensino Fundamental do
município de Cabedelo e da tabulação dos dados disponibilizados, as ações
implementadas pela SEMC, por meio da DEI e da Coordenação Municipal de Arte,
objetivando promover a inclusão educacional no município.
Na segunda fase da pesquisa, final de 2015 e início
de 2016, realizamos entrevistas semiestruturadas com os professores de Artes
Visuais das EMEF Elizabeth Ferreira da Silva (Escola A) e EMEF Vereador Pedro
Américo (Escola B), evidenciando suas práticas pedagógicas inclusivas em sala
de aula, no intuito de entender como a Educação Inclusiva tem se efetivado nas
práticas docentes desses profissionais da Educação.
Os dados foram coletados por meio da realização de
entrevistas, observação de aulas, acompanhamento de planejamentos e dos
encontros realizados com a DEI. As descrições das duas escolas pesquisadas de
Cabedelo estão dispostas no Quadro 05.
Quadro 05 - Panorama geral das escolas
pesquisadas no Município de Cabedelo PB
EMEF |
TURNOS |
NÍVEIS |
ALUNOS |
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA |
PROFESSORES |
FUNCIONÁRIOS |
Elizabeth Ferreira da Silva |
Manhã, Tarde e Noite |
Fundamental, EJA |
650 |
5 |
34 |
30 |
Vereador Pedro Américo |
Manhã, Tarde e Noite |
Fundamental, EJA |
630 |
10 |
45 |
19 |
Total |
1280 |
15 |
79 |
49 |
Fonte: adaptado de Alves (2016).
De
acordo com o Quadro 05, entre os 1280 estudantes das duas escolas, 15 possuem
algum tipo de deficiência. Foram entrevistados dois, dos 79 professores das
escolas, docentes de Artes Visuais do Ensino Fundamental, um de cada escola,
denominados nessa pesquisa de Professor A e Professor B. Segundo informações
obtidas em entrevista realizada no dia 09 de dezembro de 2015, com a
Fonoaudióloga da equipe, os profissionais se reuniram semanalmente para
discutir e planejar suas ações. Durante os meses de fevereiro e dezembro os
respectivos profissionais permaneceram atuando na sede da DEI para planejar e
avaliar o trabalho desenvolvido.
Vale salientar que, em prol do atendimento integral
da população de Cabedelo, a DEI trabalha em parceria com outros órgãos
públicos, tais como: Secretaria de Ação Social, que
viabiliza cestas básicas, óculos, moradia entre outros; Secretaria de Saúde de
Cabedelo – Policlínica, Programa de Saúde da Família (PSF) e, atendimento
médico em João Pessoa, no Hospital Universitário Lauro Wanderley, Hospital
Estadual Edson Ramalho, Hospital Arlinda Marques; Fundação Centro Integrado de
Apoio ao Portador de Deficiência – reabilitação de estudantes com deficiências;
Centro Universitário de João Pessoa - psicoterapias; Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS), Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil (PETI), Programa de Atenção Integral à Família (PAIF),
Projeto Sentinela e Conselhos Tutelares - proteção à criança e adolescente;
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – Aquisição de Benefício de
Prestação Continuada para alunos com deficiência que tem direito ao benefício.
A SEMC, com suas 22 instituições
escolares, que além do Ensino Fundamental disponibilizam o Ensino Infantil e a
Educação de Jovens e Adultos (EJA), cujo processo de Educação Inclusiva
municipal, também, disponibiliza uma Associação conhecida por Frei Gregório,
onde funciona uma escola de Ensino Infantil; um Centro de Inclusão Escolar; nove
Creches e um Centro de Artes.
O Quadro 06 evidencia que em 2015 a
SEMC contava com 55 professores de Artes, 32 atuando nas Escolas Municipais,
sendo um professor na Associação Frei Gregório e outro na equipe de Inclusão
Escolar, bem como quatro professores nas Creches e 17 no Centro de Artes. Se
destaca que entre os 55 profissionais, 21 são habilitados em Artes Visuais (representando
aproximadamente 38% da amostra) – 16 professores em Música, 12 em Teatro e três
em Dança.
Em 2015, o Centro de Artes de
Cabedelo tinha na equipe 17 professores, 11,7% habilitados em Artes Visuais e
53% habilitados na área de Música. A maioria dos professores efetivos de Artes
da SEMC são vinculados às Escolas Municipais e ao Centro de Artes.
Quadro 06 - Quantitativos da SEMC.
INST. EDUC. |
QNT |
ENSINO |
TURNO |
PROF. ARTES |
HABILIDADE |
QNT |
Escolas Municipais |
22 |
Infantil; Fundamental I e II; EJA |
Manhã; Tarde; Noite |
32 |
Música |
6 |
Teatro |
9 |
|||||
Visuais |
17 |
|||||
Associação |
1 |
Infantil |
Manhã; Tarde |
1 |
Música |
1 |
Inclusão Escolar |
1 |
- |
Manhã; Tarde |
1 |
Teatro |
1 |
Creche |
9 |
Infantil |
Manhã; Tarde |
4 |
Dança |
1 |
Teatro |
1 |
|||||
Visuais |
2 |
|||||
Centro de Artes |
1 |
- |
Manhã, Tarde |
17 |
Dança |
2 |
Visuais |
2 |
|||||
Teatro |
4 |
|||||
Música |
9 |
Fonte: adaptado de Alves (2016).
A Coordenação do Centro de Artes
do Município de Cabedelo, anualmente, ministra capacitação e formação
continuada, para os professores efetivos e contratados. A coordenação também
faz visitas periódicas nas instituições com o objetivo de acompanhar o trabalho
dos professores, o rendimento dos estudantes com deficiências, por meio das
notas e frequências, além dos registros diários. Segundo a Coordenação do
Centro de Artes da SEMC a formação continuada:
É ministrada pelos próprios
professores da rede com cerca de 80% prática e 20% teórica. Este ano de 2015
essa formação quase não aconteceu devido o Centro de Artes (local dessa
Formação) sofrer mudança de local de funcionamento e pelo local instalado não
oferecer espaço (FEITOSA, 2015).
Identificamos que os profissionais que atuam nas
SRMs recebem formação continuada para educação inclusiva, "os demais
profissionais não recebem nenhum tipo de apoio ou qualquer outra assistência
pela equipe de inclusão, mesmo tendo em suas salas, alunos que necessitem de
cuidados especiais" (FEITOSA, 2015).
Por outro lado, os dois professores de Artes
Visuais pesquisados, ao serem questionados se conheciam a DEI do município de
Cabedelo, responderam:
Professor B "- Sim, já atuei por cinco anos
com o grupo, observando que fazem um trabalho diferencial para o
município" (PROFESSOR B, 2016);
Professor A "- Já ouvi falar, mas não
conheço" (PROFESSOR A, 2016).
Ao serem questionados se participaram de alguma
formação continuada que abordava a educação inclusiva, oferecida pela SEMC
relataram que:
Professor A "- houve um curso de LIBRAS que
participei" (PROFESSOR A, 2016);
Professor B "- sim, há formações e acompanhamentos"
(PROFESSOR B, 2016).
De acordo com os relatos da Coordenadora do Centro
de Arte, as políticas de inclusão escolar determinam que:
As instituições devem estar preparadas para incluir
a todos, independentemente do tipo de deficiência que o aluno possui, deve
oferecer também sala de recurso e sala de interatividade, professores
qualificados e cuidadores que venham acompanhar e trabalhar no desenvolvimento
da criança (FEITOSA, 2015).
Porém, ela destaca que "até o presente momento
não recebi nenhum tipo de formação oferecida pelo setor de Inclusão Escolar do
nosso município" (FEITOSA, 2015), evidenciando que a maioria dos
professores de Artes da SEMC tem estudantes com deficiências em suas salas
regulares. E, segundo Feitosa (2015), “em nossas escolas já é realidade a
presença de um grande número de alunos com tipos de deficiências e graus
diversificados".
Nessa perspectiva, percebe-se que a maioria dos
professores de Artes de Cabedelo, leciona para estudantes com deficiências em
salas regulares, representando um desafio para legitimar, de fato, a Educação
Inclusiva na educação básica da rede pública municipal.
O ensino
de Artes Visuais no contexto da inclusão social pode ser um caminho para
proporcionar a inclusão e a democratização do acesso à educação, evitando
qualquer tipo de segregação. A passagem da teoria à prática da educação
inclusiva no Ensino Fundamental apresenta-se como um desafio para encontrar um
caminho para a construção de um espaço escolar que receba a todos, sem
distinção, aceitando as diferenças.
As
escolas municipais de Cabedelo são assistidas por uma equipe multidisciplinar
de inclusão social a DEI, cuja SEMC disponibiliza cursos de formação continuada
aos professores, alguns deles abordam temas sobre a inclusão dos estudantes com
deficiências, porém, nem todos os professores entrevistados nesta pesquisa
conhecem a DEI.
A DEI do Município de Cabedelo investe na formação
continuada em prol da Educação Inclusiva, pois a ausência de informação sobre
essa área pode dificultar o trabalho do professor com estudantes com
deficiências em sala regular.
Ao final deste estudo concluímos que quando os
professores de Artes, do Ensino Fundamental, não se sentem capacitados para
receberem os estudantes com deficiências e/ou síndromes nas salas regulares, da
educação formal, podem comprometer a eficácia do processo ensino-aprendizagem e
contribuir para a evasão escolar. O ambiente escolar inclusivo possibilita
oportunidades e desafios para novas aprendizagens, não apenas para os
estudantes, mas também, para os professores que também precisam de formação
continuada, para desenvolverem suas habilidades e competências.
Por
sua vez, o professor da SRM favorece a aprendizagem inclusiva e propicia aos
estudantes recursos que os auxiliarão nas disciplinas curriculares,
representando um importante aliado dos demais professores, por ter recebido qualificação
específica para exercer esta função dentro da escola e ter especial atenção com
os recursos educacionais inclusivos. Nessa perspectiva, a inclusão educacional
ainda esbarra nos desafios que permeiam a escola regular ao tentar inserir, de
fato, os estudantes com deficiências no processo de ensino-aprendizagem da
básica nacional. Pois, percebemos que tanto as escolas quanto os educadores têm
como referências um currículo que, muitas vezes, não favorece a diversidade.
ALVES, Marines Salviano. O ensino de arte e a educação inclusiva: um estudo de caso com os
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