Imprensa negra e combate ao racismo (Florianópolis, 1914-1925)

Autores

  • Karla Leandro Rascke UNIFESSPA

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180310252018038

Resumo

O presente texto desenvolve análise crítica a respeito da produção e difusão da chamada imprensa negra em Florianópolis nas décadas seguintes à Abolição. Essa ferramenta de comunicação e divulgação compunha estratégia de mobilização de diferentes intelectuais de origem africana preocupados com o combate ao racismo, dimensionando o acesso à educação como meio de ascensão social e instrumento capaz de transformar as desigualdades raciais da sociedade da época. Com base em periódicos da imprensa local e regional, em Estatutos e Atas de associações, mapeamos movimentos de diferentes atores sociais na capital catarinense, em busca de espaços de escolarização, de sociabilidades, de inserção política e cultural. Ancorados em teóricos do campo da cultura da memória e da imprensa, organizamos nossa análise a partir das perspectivas de Taylor (2013), Connerton (1999) e Cruz e Peixoto (2007). Tais teóricos permitem um olhar a respeito das fontes utilizadas, produto de fazeres de intelectuais, “homens de cor letrados”, entre 1914 e 1925, sinalizando formas de mobilização e organização no intento de apontar problemas sociais e os impactos do racismo.

 

Palavras-chave: História. Imprensa Negra. Florianópolis. Pós-Abolição.

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Biografia do Autor

Karla Leandro Rascke, UNIFESSPA

Professora Adjunta da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, campus Marabá. Doutora em História pela PUC-SP.

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Publicado

2018-11-24

Como Citar

RASCKE, Karla Leandro. Imprensa negra e combate ao racismo (Florianópolis, 1914-1925). Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 25, p. 38–65, 2018. DOI: 10.5965/2175180310252018038. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180310252018038. Acesso em: 29 mar. 2024.